Qudribol

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Novembro chegou com rajadas de vento frio batendo com força contra as paredes de pedra do castelo. As serras e montanhas em torno da escola tornaram-se cinzas e cobertas de neve, e o lago negro parecia brilhar como metal ao sol fraco.

Toda manhã o chão dos corredores e gramado se cobria de geada, e Hagrid era visto das janelas das torres descongelando vassouras no campo de quadribol e limpando as paredes de vidro das estufas; sempre enrolado em um casacão de pele de toupeira, com luvas de coelho enormes e botas de castor maiores ainda – em geral acompanhado por Canino e Borf, em quem ele colocara cachecóis de lã e prendera boinas peludas marrons que se destacavam.

Começara a temporada de quadribol na escola, e naquele sábado Sophie e Harry jogariam a primeira partida do ano: Gryffindor contra Slytherin. Se Gryffindor ganhasse, subiria para o segundo lugar no campeonato das Casas, só atrás de Ravenclaw. Por culpa de Oliver, quase ninguém vira Harry jogar, ele decidira que o garoto era sua arma secreta, que desestabilizaria o time de Slytherin pela surpresa.

Ainda assim, de alguma forma a notícia vazara e agora todos sabiam que Harry jogava no time, e Harry não sabia o que era pior; as pessoas dizendo que ele seria brilhante, ou que iriam ficar correndo embaixo dele com um colchão.

Era uma sorte agora Harry ter Hermione como amiga; ele não tinha ideia do que teria feito dos deveres de casa se ela não fosse uma das pessoas mais inteligentes que ele conhecera. Ela o ajudava com os deveres, explicava grande parte do que ele não entendia e, mesmo quando nem ela mesma conseguia acompanhar, eles ainda tinham Sophie para salva-los.

Enquanto isso, Oliver chamava-os para treinos de última hora, o que não ajudava em nada. No frio que fazia, seus cabelos ficavam duros e bagunçados como palha, seus narizes congelavam e seus dedos ameaçavam cair dentro das luvas. Mas uma coisa boa saiu disto: Sophie e Angelina Jonhson começaram a fazer noites para hidratar os cabelos todas as sextas feiras e, após a primeira vez, Oliver nunca mais ousara interrompê-las.

Naquela última sexta, elas fizeram isso e convidaram Cassandra Fudge também. Sophie arrastara Harry para as escadas, mas antes que pudessem subir, Hermione apareceu, carregada de livros, os cabelos bastos amarrados de qualquer forma para cima.

– Quer vir, Mione? – Chamou ele, indicando os produtos de cabelo que Mavros trouxera para elas naquela manhã. – Sophie tem a mão leve, você vai ver.

Ela olhou para as três garotas e hesitou bastante.

– Não... hum... Não costumo fazer programas de garotas.

Harry riu.

– Eu também não. Vem?

Sophie estendeu a mão para ela e Hermione aceitou, deixando os livros sobre a mesinha e acompanhando eles para cima. Elas interditaram o banheiro do quarto de Harry, um de cada vez, molharam os cabelos e passaram o creme, as meninas conversando entre si – novamente sobre o último encontro de Sophie com Cedric – enquanto Hermione mostrava à Harry um livro da biblioteca chamado Quadribol Através dos Séculos.

– Olha só. – Chamou ele, lendo uma das páginas, a cabeça coberta por uma touca e começando a pinicar, gotas de água escorrendo por sua nuca para a toalha que Sophie jogara em seus ombros. – Existem setecentas maneiras de cometer faltas no quadribol, e todas aconteceram durante a Copa Mundial de mil quatrocentos e setenta e sete.

– Melhor tomar cuidado, Harry, olha aqui: os apanhadores em geral são jogadores menores, mais velozes e os principais alvos dos batedores. Acidentes graves costumam acontecer com vocês.

Ela deu um olhar assustado e em seguida Sophie tirou o livro deles.

– Não se preocupe, Harry, as pessoas raramente morrem do quadribol, e ninguém nunca morreu em uma partida de escola.

Irmãos Potter _ A História de Harry e SophieOnde histórias criam vida. Descubra agora