O Campeonato das Casas

67 6 0
                                    

Haviam olhos sobre ela. Logo acima. Tristes e cansados, olhos de sua segunda cor preferida. Eram âmbar, mas não vermelhos, cor de mel, clarinho e derretido. Os olhos que a vigiavam enquanto crescia.

Ela piscou. Os olhos eram acompanhados por um nariz reto e fino, uma pele cor de capuccino.

Piscou novamente. Lábios finos se abriram, revelando caninos proeminentes adoráveis.

Era Remus. Estava com olheiras fundas sobre os olhos, as bochechas puxadas para dentro ressaltando as maçãs do rosto, cicatrizes profundas em sua pele, mal cicatrizadas.

– Remus!

Sophie pulou sentada, ou tentou. A mão ossuda de Remus a empurrou de volta antes que pudesse se erguer dez centímetros. Ele mesmo se inclinou sobre ela e a abraçou.

A bruxinha tentou erguer os braços para abraçá-lo de volta. Mas duas coisas a impediram. Primeiro, ataduras firmes que cobriam todo o seu braço, impossibilitando dobrar o cotovelo ou o pulso. Segundo, uma dor ardente que a fez gemer.

Remus se afastou, preocupado que a tivesse machucado. Sophie analisou o rosto dele.

– Remus...

– Acalme-se, florzinha, sou só eu. – Sussurrou ele, apoiando o cotovelo na cama para fazer carinho em seu cabelo. – Já está tudo bem, nós três estamos seguros.

– Onde está o Harry? – Ela respirou fundo, engolindo o ar secamente. – Cadê o Harry?

– Eu não acabei de dizer a você que ele está bem? – Respondeu Remus, afastando o corpo para mostrar a cama de Harry, ao lado da de Sophie.

Ela olhou para o irmão, um pouco machucado, deitado no leito branco e então para o lugar em volta. Era a Ala Hospitalar. O teto alto abobadado, as paredes brancas, as vigas de mármore, os leitos de ferro e biombos de papel pardo. A Ala Hospitalar de Hogwarts.

Sophie piscou.

– Ele está bem?

– Vocês dois estão.

Ela assentiu e olhou em volta outra vez, para as ataduras em seus braços, então os pacotes ao seu redor. Caixas bem embrulhadas, e um pouco esfarrapadas. Pacotes de doces, ursos de pelúcia dançantes, e aos pés da cama...

– Padfoot, Lyria!

Ao serem convocados, os dois bichinhos ergueram as cabeças. Lyria estavam empoleirada no ferro aos pés de Sophie, mas Padfoot encolhia-se como uma bolinha nem tão pequena de pêlos negros entre as pernas da dona. Ele tentou avançar sobre ela, mas Lyria cobriu sua passagem com uma asa longa, impedindo-o de machucar sem querer a dona.

Foi quando ela notou, ao pé de Harry, a bola de pêlos laranja e a grande coruja branca.

Sophie tentou rir daquilo, mas sua garganta doía. Remus lhe ofereceu um copo de água com canudinho.

– E como você está? – Perguntou ela, bebendo devagar.

– Vivo, inteiro, um pouco mais magro do que deveria. Nada demais. Como você se sente?

Sophie precisou de um momento para identificar o sentimento. Não foi fácil, então tentou com a dor.

– Ardendo. – Respondeu, fazendo uma careta de desconforto. – O que aconteceu?

– Você escapou de mim enquanto eu colocava música para Fofo dormir.

Sophie virou a cabeça o mais rápido que o torcicolo deixou. Dumbledore entrava pela porta da enfermaria, as mãos cruzadas na frente do corpo, os passos calmos.

Irmãos Potter _ A História de Harry e SophieOnde histórias criam vida. Descubra agora