Canção de Ninar

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Durante a premiação, Sophie se manteve sorridente no Átrio do Ministério da Magia, em completo silêncio enquanto os fotógrafos se matavam para tentar chamar sua atenção. A Ministra Bagnold, uma mulher alta de cabelos tão loiros que brilhavam e olhos tão claros que pareciam transparentes, falou e falou.

Aquela mulher adorava se ouvir falar. E Sophie não podia sequer revirar os olhos, ou seria a única foto em todos os jornais. Sua atenção, portanto, estava focada no auror designado para ficar ao seu lado, Kingsley Shacklebolt.

O auror Shacklebolt já era um velho conhecido de Sophie e Remus, de extrema confiança dos dois. Ele geralmente era o responsável por entrevistar Sophie, quando Remus era intimado a comparecer e levá-la ao Ministério para que revissem as condições dela morando com ele.

Isso acontecia em média uma ou duas vezes por ano, Kingsley levava ela ao Beco Diagonal por uma das lareiras, compravam sorvete na Florean Fortescue e ela lhe contava o que costumavam fazer quando chegava perto da lua cheia, com quem passava a noite ou quem cuidava dela logo depois.

As respostas eram respectivamente: maratona de séries e dever de casa, geralmente com os Diggory, a babá trouxa Sra. Brian, que de quebra lhe ensinava uma outra língua sempre que ficavam sozinhas juntas.

Naquele ano, a pequena reunião não fora necessária nenhuma vez, já que ela passara o ano inteiro em Hogwarts e o natal não batera com o plenilúnio. Então aquela era a primeira vez que via Kingsley desde o início das férias do ano anterior.

Ele era um bruxo particularmente alto, e, quando não estava sorrindo amavelmente, podia ter um rosto bastante assustador. Era careca, de sobrancelhas grossas e proeminentes, a pele tão escura quanto possível e olhos pequenos. Com os anos, Sophie aprendera a confiar nele, e não temê-lo.

Quando percebeu que Bagnold calara a boca e olhava para ela, Sophie deu um passo à frente, para que a Ministra colocasse a medalha de faixa roxa em seu pescoço.

– É uma honra condecorá-la, Srta. Potter. – Com um sorriso aberto de dentes longos a bruxa pegou a mão de Sophie e olhou para os fotógrafos.

Sophie jamais pensaria que Bagnold era uma má pessoa, pelo contrário. Era uma ótima Ministra, e uma mulher bastante carismática por fora das câmeras. Mas, como qualquer governante, era cega pela fama, o que fazia pelo mundo bruxo nos últimos anos de seu mandato era, obviamente, pela popularidade, e isso já era tão óbvio a todos que Sophie duvidava que ela se mantivesse por mais um mandato.

Na verdade, a bruxinha não tinha certeza se preferia a caridade forçada de Bagnold, ou o sorriso de papai noel altinho de Cornélio Fudge, seu principal concorrente nas próximas eleições. Os dois seriam uma perdição.

– Quer dizer algumas palavras, querida? – Perguntou Millicent, gentil.

Sophie hesitou, mas assentiu, a Ministra colocou a própria varinha no pescoço da jovem e se prostrou atrás dela, uma mão em seu ombro de forma forçadamente íntima e protetora. Quando falou, a voz dela saiu magicamente ampliada pela varinha.

– Há alguns anos, meus pais receberam Ordens de Merlim Primeira Classe, se forem olhar nos jornais de novembro de oitenta e um vão encontrar. Eu tinha três anos e recebi eles sozinha porque os dois morreram apenas para impedir que Voldemort matasse a mim e meu irmão.

Ela esperou que o choque geral passasse e depois esperou que os jornalistas apaziguassem as perguntas e flashes cegantes novamente.

– Eu nunca mais olhei para aquelas medalhas de ouro ou faixas verdes. Não eram... Não são motivo de orgulho para mim. Meus pais estão mortos, foram assassinados, e não importa a mínima que tipo de prêmios receberam depois que foram enterrados. Mas essa medalha...

Irmãos Potter _ A História de Harry e SophieOnde histórias criam vida. Descubra agora