O Espelho de Ojesed

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Eles não foram longe, mais ou menos no terceiro ou quarto andar, um grito agudo cortou o silêncio e Sophie pegou o braço de Harry, sussurrando apressadamente "Nox" para apagar a varinha. Antes que o garoto pudesse fazer alguma pergunta, Sophie cobriu sua boca com a mão e um segundo depois, duas figuras surgiram na esquina do corredor.

– O senhor me pediu para me reportar ao senhor caso alguém estivesse por aí de noite. – Arfou Filch, os olhos arregalados para a figura ao lado, segurando a varinha acesa, Snape. – Alguém estava na Seção Reservada.

Sophie perdeu o sangue no rosto e sentiu Harry parar de respirar ao seu lado.

– A Seção Reservada? Bom, ele não deve ter ido longe. Vamos.

Eles não podiam vê-los, é claro, mas Sophie começou a recuar. Invisibilidade não é a mesma coisa de intangibilidade, e o corredor era estreito o bastante para eles se esbarrarem. Harry, notando isso também, puxou-a para uma porta entreaberta à esquerda. Era sua única esperança.

Eles esgueiraram-se por ela, prendendo a respiração e, para seu alívio, Filch e Snape passaram direto, sem nem parar. Sophie apoiou-se na parede, respirando fundo e tentando acalmar o coração, ouviu os passos dos dois perdendo-se à distância.

– Foi por pouco. – Suspirou Harry.

– De fato. – Ela concordou. – Onde estamos?

Era uma sala de aula fechada, do tipo que um dia abrigara alguma matéria que a grade atual considerava desnecessária. Vultos de gaiolas, mesas e cadeiras amontoavam as paredes, precariamente equilibradas, mas magicamente suspensas. E bem no lugar da mesa do professor, sobre um pequeno tablado, um objeto lindo e antigo, aparentemente posto ali apenas para ser retirado do caminho.

Era um espelho de moldura entalhada de ouro, brilhando à luz pálida da lua que entrava pelas altas janelas, aprumado sobre dois pés em garras. Harry, ainda segurando o braço da irmã, aproximou-se e Sophie pôde ver, entalhado no alto a inscrição: Oãça rocu esme ojesed osamo tso rueso ortso moãn.i

Ela não tinha nenhuma ideia de que língua era aquela, mas parou ao lado do irmão para mirar o espelho – ver-se invisível era uma ideia bastante interessante.

Os dois engoliram ar e forçaram-se a não gritar. Sophie virou-se, não havia ninguém atrás deles. O coração de Harry estava tão disparado que ela podia ouvi-lo martelando as costelas. Não havia apenas eles dois, mas uma verdadeira multidão atrás deles.

Visíveis mesmo com a capa, eram rodeados de rostos desconhecidos pelo choque, que não se espelhavam na realidade. Sophie se afastou e olhou atrás da moldura. Era fino demais para conter alguém lá dentro, ainda mais tanta gente, e a sala estava completamente vazia.

Harry espiou por cima do ombro – mas continuava a não haver ninguém mais. Ou será que eram todos invisíveis também? Será que estava de fato em um aposento cheio de gente invisível e o truque desse espelho é que ele refletia tudo, invisível ou não?

– Que merda é essa? – Ele sussurrou, enrugando a testa para o espelho.

Uma mulher parada logo atrás de sua imagem sorria e lhe acenava. Sophie esticou a mão e sentiu o ar atrás dela. Se ela estivesse realmente ali, ela a tocaria, pois suas imagens estavam muito próximas, mas a bruxa pegou apenas ar – ela e os outros só existiam no espelho.

Era uma mulher extremamente bonita, de cabelos longos vermelhos e olhos perfeitamente verdes e finos – exatamente como os do bruxo ao lado de Sophie. Ela tinha um rosto longo e fino, a pele clara e manchada de sardinhas avermelhadas. A mulher estava chorando, sorrindo, mas chorando.

Irmãos Potter _ A História de Harry e SophieOnde histórias criam vida. Descubra agora