O Fim das Provas

72 10 0
                                    

Por muito tempo no futuro, Sophie se perguntaria quem era. Se o que estava fazendo era certo, se podia fazer o que escolheu fazer. No futuro, ela se pegaria querendo voltar ao terceiro ano, à tarde que ficou estudando com Neville para ajuda-lo nas matérias, às conversas sem sentido com Angelina e Cassandra, às tardes sonolentas nos jardins com Flora Lovegood, e até mesmo, e talvez principalmente, às gargalhadas dos gêmeos Weasley após suas pegadinhas.

No futuro, Sophie se perguntaria se poderia ter feito alguma coisa, naquela última semana de aula, para impedir que o futuro acontecesse. Apenas após anos ela compreendeu que era tão criança quanto Harry, que foi tão enganada quanto Dumbledore.

Mas foi apenas muito tempo depois. Agora, ela estava preocupada em sair do terceiro ano. E preocupada com Remus, cuja liberdade aconteceria naquela semana. E com o apartamento. E com Harry na casa dos Dursley.

Sophie no futuro desejaria voltar a se preocupar desnecessariamente com coisas que estavam completamente fora de seu controle, coisas que não lhe eram prioridades. No presente, desejava poder se preocupar com situações controláveis.

Harry estava inquieto, e por isso a preocupava. Mais do que Neville por causa das provas finais, menos do que Ron, por voltar para a lotada Toca dos Weasley. Constantemente olhava por sobre o ombro, assustava-se com facilidade e parecia esperar que algo verdadeiramente ruim acontecesse.

Mesmo assim, não havia muito que ela pudesse fazer para ajudar. Em nenhum dos casos. Mesmo que achasse que podia.

Uma noite, depois do fim dos exames, Dumbledore chamou-a à sua sala, e Sophie foi, acompanhada por um nada animado Prof. Flitwick, que ativou as escadas em espiral para ela e se afastou, murmurando algo sobre não gostar de conversas tristes.

– Boa noite, Sophie. Sente-se. – Chamou o diretor, um sorriso bondoso nos lábios.

– Boa noite, professor. – Cumprimentou ela, com um sorriso tímido enquanto se sentava. – Fui pega na floresta novamente?

– Há não ser que queira me contar alguma coisa, eu não sei de nada de errado que você tenha feito.

– Bem, nada que eu queira particularmente contar. – Ela brincou, sentando-se na cadeira em frente à escrivaninha. Dumbledore sorriu, mas pareceu cansado.

– Sophie, eu a chamei aqui por um motivo um pouco tenso. A senhorita sabe que o Sr. Lupin está sendo liberado hoje?

– Eu não sabia que seria hoje, senhor.

– Bem, hoje. – Confirmou ele, juntando as mãos sobre a mesa. – Entretanto, recebi uma carta do Ministério convidando a nós dois para ir até lá, uma viagem relativamente curta, para acertar os últimos detalhes da soltura de Remus.

Sophie gaguejou. Remus estaria solto. Ela poderia vê-lo pela primeira vez em dez meses. Ele... Ele seria solto.

– V-Vamos! – Sophie se forçou a não pular em pé, então recuperou um pouco da educação. – Se o senhor não se importar, eu... ham... gostaria de ir.

Dumbledore pareceu ainda mais triste.

– Eu quero que entenda, Srta. Potter, que após dez meses Remus provavelmente não é mais o mesmo. Os dementadores, a dieta, as condições de vida em Azkaban... Ele muito improvavelmente irá querer vê-la antes de recuperar um pouco do que era antes.

Sophie engoliu em seco. Claro, ela não se iludia pensando que Remus era bem tratado, afinal era de Azkaban que eles falavam, um lugar podre até a fundação, com uma história, um presente e um futuro sombrios e terríveis.

– Com todo o respeito, professor, não importa. Remus pode se recusar a me ver pelo resto de nossas vidas, vou abraçá-lo hoje, dizer que eu e Harry estamos bem, que nada importante se quebrou. Que ainda confiamos nele com nossas vidas. Vou dizer que, durante as férias, vou cuidar dele para que melhore, e mandá-lo ficar com Vó Hope quando eu voltar à escola.

Irmãos Potter _ A História de Harry e SophieOnde histórias criam vida. Descubra agora