II. A Festa e Breeze Vaughn

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O sábado chegou e ele havia decidido mesmo que relutante: iria àquela festa idiota. Mas iria apenas com uma única intenção que era saber quem aquela garota era. Ouvira falar tanto naquela infeliz que não aguentava mais a curiosidade. Mesmo sabendo que iria receber tantos olhares de reprovação por estar ali, olhares de medo que ele acabasse com a festa, ele não se importou e decidiu que iria. Mesmo não sendo bem recebido, ninguém o impediria de não entrar, afinal, ele também estudava naquela escola imbecil.

Perto das 20h ele estava em frente ao espelho tentando dar um jeito no cabelo desgrenhado. Não queria aparecer na festa todo desarrumado e sem requinte. Não que se importasse com a aparência, mas não queria manchar mais ainda sua reputação que já era bem suja perante os olhos dos infelizes da escola. Optou por bagunçar os cabelos da maneira que sempre fazia e passou um perfume qualquer nos dois lados do pescoço e se olhou mais uma vez. Até que não parecia tão desengonçado como sempre. A camisa social xadrez branca e roxa caía perfeitamente por seus ombros largos e fortes deixando evidente seu corpo sarado e bem avantajado. A calça jeans preta realçava o que ele tinha de melhor e ele sorriu para si mesmo num olhar penetrante. Poderia até mesmo pegar a patricinha sem cérebro se ele quisesse.

Saiu do quarto pegando sua carteira e seu celular guardando-os no bolso da calça. Desceu as escadas encontrando sua mãe assistindo televisão na sala e a ignorou, não queria responder perguntas tão em cima da hora.

- Aonde você vai? - perguntou a mulher fitando o filho.

- Uma festa. Não sei que hora eu volto. Tchau.

- Espera, Ethan! - o garoto, sem esperar, fechou a porta e a mãe soltou um suspiro.

Eth foi correndo para a sua moto e logo saiu em direção de onde seria a festa. Os alunos do grêmio estudantil haviam alugado um salão no centro que era bem caro, mas isso não importava. Pelo menos era um bom salão de festa, ele tinha que admitir. Dirigia calmamente pelo congestionamento mais pesado do sábado à noite e sentiu uma espécie de nervoso. Pegava-se imaginando como seria essa garota. Como seria sua aparência, seu modo de ser, seu jeito... Se era arrogante como tinha a leve certeza que sim ou se seria apenas uma garota comum como as que não eram tão ricas como as patricinhas do colégio. "Impossível", pensou. "As arrogantes são as mais ricas e essa aí com certeza tem dinheiro guardado até na calcinha".

Ao chegar no local da festa, estacionou a moto o mais próximo que pôde da saída e desceu. Ao contrário do que dissera à Anabell, ele tinha hora pra voltar, sim. Não aguentaria passar uma madrugada inteira ao lado daquelas pessoas fúteis mesmo por um capricho de sua curiosidade. Se recusava a se socializar com ambas as pessoas. Entrou com sua pose desleixada pela porta da boate e então foi parado por um garoto que ele via às vezes na escola.

- Segundo ou terceiro ano? - perguntou o garoto carrancudo olhando-o de cima abaixo como se medisse suas alternativas de tirá-lo fora daquele lugar.

- Terceiro. - respondeu simplesmente enquanto o garoto ruivo de cara fechada lhe prendia uma fita com o número 3 no pulso.

Depois de ter a entrada autorizada, ele avançou os passos e desceu as escadas que o levavam para o andar de baixo onde ocorria a festa. O salão era enorme e as luzes eram multicoloridas iluminando o lugar com um ar exótico. Lembrava-se vagamente de ter estado naquela boate algumas vezes, mas isso fora em outra época quando não era taxado de maluco delinquente pelas pessoas. A pista de dança era gigante, enquanto que um balcão com vários barmans estava apinhado de gente procurando o que beber. A única coisa que o animava era a bebida. Pelo menos não teria que aguentar aquela porcaria a seco. Iria beber pelo menos para esquecer que estava numa festa organizada pelas pessoas que ele mais odiava no mundo.

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