III. Olhares Penetrantes e Fixação

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A segunda-feira chegou tão rápido quanto ela menos esperava. Passou o domingo inteiro sentindo dor de cabeça e sono. Odiava beber daquela forma, mas não podia negar que era bom, independente da ressaca. Seu pai havia ficado um pouco bravo por ela ter bebido tanto, mas não a culpou. Na verdade, até deu um de seus remédios para a garota, o que a deixava com a leve impressão de que ele também tinha os seus momentos de farra. Acordou com a cabeça ainda doendo pela "ressaca não terminada" e foi tomar banho. Eram exatamente quinze para as sete da manhã e, mesmo que se sentisse envergonhada por isso, desejava estar dormindo.

- Isso é pra você aprender a não beber tanto em final de semana antecedente às aulas. - falou para si mesma enquanto retirava o pijama dentro de seu banheiro e entrava no box ligando o chuveiro de água quente.

Enquanto lavava seus cabelos, ela se lembrava vagamente de Khennan. Um sorriso surgiu em seus lábios ao lembrar-se das mãos dele acariciando seus cabelos enquanto tomavam banho juntos. Sentia tanta falta de ficar com seu namorado. Teria que ligar para ele combinando o dia de se encontrarem quando ele tivesse alguma noite de folga. Mas lembrar-se de Khennan a fazia ter vertigens pelos olhos castanhos escuros do garoto da festa. Ela ainda não conseguia se livrar da lembrança de seus olhos a buscando o tempo inteiro e isso a estava deixando assustada. Tentava a todo custo esquecer. Talvez ele nem estivesse a olhando, tivesse olhando qualquer outra garota da mesa. As meninas da torcida eram tão bonitas, até mais do que ela. Com certeza ele estaria olhando para alguma delas. Tinha que manter o seu foco completo em Khennan, que merecia sua total fidelidade e respeito. Não poderia deixar-se levar por um garoto que ela, com certeza, não veria de novo, enquanto tinha o namorado perfeito ao lado dela pronto para satisfazê-la em todos os sentidos.

Saiu depressa do banho vestindo seu roupão felpudo branco e secou os cabelos com a toalha penteando-os depois. Ligou o secador e secou os longos cabelos pretos sob a vista de Merlim que, mesmo relutante em entrar no banheiro, ficava na porta observando a dona. O gato tinha pânico de água e toda vez que escutava o barulho da água no banheiro, se escondia debaixo da cama da dona e só saía quando a área estava estritamente segura. Se enroscou pelas pernas da menina que secava o cabelo em frente ao banheiro e ela sorriu. Merlim era o gato mais querido que já tivera. Seu pai o deu de presente para a menina assim que faltavam duas semanas para ela chegar de viagem. Estava ansiosa para conhecer o pequeno bichinho de estimação e quando o conheceu, começou a mimá-lo tanto que o gato ficou completamente derretido.

Assim que terminou de secar o cabelo, voltou para o quarto com Merlim em seu encalço e passou a colocar a roupa da escola. O uniforme era levemente curto e ela não gostava muito de roupas chamativas. Seu pai havia dito que foi escolha de uma das administradoras e não teve como discutir. A blusa branca social que ela escolhera usar na segunda era de manga curta e justa, o que fazia com que seu corpo ficasse modelado sob o tecido branco. As blusas sociais do uniforme escolar variavam entre mangas curtas para o calor e compridas para o inverno. A saia era vermelha e batia em suas coxas, o que a fez corar ligeiramente. "Não acredito que ficou curta assim. Papai comprou errado.". A menina se desesperou e logo chamou seu pai para mostrar a saia curta demais.

- Pai, olha pra isso... - ela disse apontando a saia curta. - O senhor deve ter comprado a saia números menores do que a que eu uso.

O homem a olhou assustado e fez uma cara sem graça. Coçou a cabeça olhando a filha, confuso.

- Esse é o número maior, querida. - Breeze arregalou os olhos e o homem ficou desconcertado. - Eu não sabia que você tinha... Crescido assim.

- Pai, tem certeza que esse é o número maior? Porque tem meninas lá na escola com muito mais corpo que eu e essa saia é minúscula e...

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