V. Confusão de Sentimentos

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O jantar estava posto na mesa com tudo o que ela gostava. Dentre massas como lasanha e espaguete, haviam molhos diversos para comer com os nachos feitos por Nana. Por mais que ela estivesse encantada com todo aquele carinho que recebia dentro de sua casa, ela não poderia deixar de pensar nele... Em como ele estaria àquela hora. Enquanto ela se servia com os melhores pratos, enquanto esbaldava de felicidade por ser tão bem amada, o que ele aproveitava da vida? O que ele estaria fazendo naquele momento? Estaria sentado à mesa junto com seus pais conversando sobre seu surto nervoso na aula ou estaria trancado no quarto sozinho com seus pensamentos?

- Não está me ouvindo te chamar? - a voz de seu pai a despertou do transe e, com um pequeno susto, ela tirou de sua mente o garoto problemático de lindos e sombrios olhos castanhos escuros.

- Ahn... Me desculpe. Eu me distraí sem querer. O que dizia?

- Perguntei como foi na escola. Está tão quieta e nem tocou no assunto sobre o seu dia. - o pai a fitava curioso e ela mordeu o lábio inferior, hesitante.

Não poderia contar para seu pai que um garoto de sua sala havia surtado de repente. Seu pai ficaria louco da vida e trataria de mudar o garoto ou ela de sala e ela não queria isso. Queria continuar na mesma sala que seus amigos e o mais importante... Na mesma sala que Ethan. Não suportava a ideia de que poderia ter ele longe dela. E se sentia muito confusa por pensar dessa forma, pois ela estava tão feliz que, finalmente, na sexta iria rever seu namorado e passar a noite tão desejada com ele. Por que ela simplesmente não conseguia parar de pensar em Ethan Cresswell?

- Ah, foi legal. - a menina respondeu fugindo do assunto enquanto Nana colocava a comida em seu prato. - Eu só estou com um pouco de dor de cabeça hoje. Acho que quando terminar o jantar irei dormir.

- Bebeu novamente? - perguntou o pai a fitando severamente. Ela negou prontamente sorrindo pequeno. - Ah, bom. Nem pense em beber na semana de aula, mocinha. Você sabe que te prejudica.

- Eu sei pai, pode ficar tranquilo. Mas me conta, como foi hoje no trabalho? A empresa vai bem?

Héricles Vaughn desatou a falar sobre os problemas e acertos de sua empresa de cursos educacionais. Embora o assunto interessasse Breeze, o pensamento dela estava bem longe. Nana a observava atentamente percebendo a perturbação da menina com alguma coisa, mas mesmo assim Breeze não se dava conta de que sua preocupação estava dando às caras. Ela remexia o espaguete em seu prato sem a mínima fome e depois que comeu apenas duas garfadas do macarrão, pediu licença e avisou que iria dormir. Enquanto ela se afastava, o pai a fitava com curiosidade e preocupação. Sua filha não era dessa forma, nunca agiu tão estranhamente sem motivo. Ele olhou questionador para Nana que deu de ombros.

- Vou conversar com ela. - disse enquanto retirava o avental e entregava a uma das empregadas. - Essa atitude não é o normal de ma fille. - o homem assentiu terminando o jantar enquanto Nana subia as escadas em rumo ao quarto da menina.

Dava passos calmos até chegar ao andar de cima e encontrar a garota deitada em sua cama em posição fetal, enquanto seus olhos estavam fixos em um lugar qualquer do quarto. A governanta sorriu pequeno ao vê-la tão compenetrada em seus pensamentos que quando sentou na cama da garota, passando a mão por seus cabelos sedosos, a menina tomou um leve susto.

- Ah, é a senhora. - disse sorrindo e fechando os olhos à medida que o carinho ficava mais proveitoso. - Nem te vi entrar, chérie.

- Quer conversar, ma petit? - perguntou enquanto passava os dedos pelas mechas longas de cabelo da menina.

- Eu estou tão confusa, Nana. - ela deitou a cabeça nas pernas da senhora e olhava para o teto. - A minha cabeça virou uma confusão de sábado para cá... Eu... Não sei. - disse fazendo uma careta nervosa e a mulher sorriu.

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