VI. O Vício Que Leva à Perseguição

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As dores em seu corpo estavam deixando-o completamente maluco. Suas costelas vibravam a cada movimento que ele fazia na cama e seu estômago tremia dentro de seu corpo, deixando-o realmente enjoado. Seu rosto ardia quando ele encostava-se ao travesseiro e seu nariz pinicava ardentemente. Ele estava todo arrebentado. Parecia que a dor se misturava ao seu sangue e corria livre por suas veias fazendo todo o corpo se contorcer sobre a cama. Suas costas doíam como o inferno, sua cabeça explodia a cada segundo e tudo o que ele queria era se livrar de todo aquele sofrimento.

Ao lembrar-se da surra que levou a noite passada, ele sentia cada vez mais ódio e nervoso. Não achava justo apanhar daquela forma sendo que o culpado de tudo dar errado na vida dele era o próprio pai que o menosprezava. Ele não seria vulnerável a surtos nervosos em meio à sala de aula se a vida dentro de sua casa fosse melhor. Ele não se descontrolaria se o imbecil do professor de Geografia não o tivesse perturbado com palavras acusadoras. Ele não teria gritado para todo mundo ouvir se aqueles garotos imbecis não estivessem falando da sua garota.

Breeze.

Lembrar-se dela no momento em que sofria tanto era terrível, mas o acalmava tão bem quanto a cocaína o acalmaria. A imagem de seu rosto pequeno e bem formado sorrindo para ele era como um bálsamo em meio às feridas físicas e mentais que havia sofrido. A delicadeza de seu jeito era o que deixava Ethan mais do que bem no mundo. Até a dor de seu corpo não o afligia tanto quando se lembrava da garota. E ali, deitado, olhando para o teto com seus olhos roxos, ele se lembrou de que há essas horas ela deveria estar na sala de aula com os mais novos amigos, se divertindo, sorrindo, contando as novidades e falando de seu... Namorado.

Droga.

No dia seguinte Breeze iria encontrar-se com o tal namorado enquanto ele estava acamado, sem ter possibilidade de levantar-se sequer para tomar um pouco d'água. Ele não poderia permitir. Não quando ele corria o risco de ter que abrir mão da única garota que o prendera naquela droga de vida. Ele teria que se levantar e planejar tudo para poder impedir o encontro. Mas como se levantaria e o que faria para que a garota não encontrasse o namorado idiota? Ele não queria saber. Ele apenas queria se levantar da maldita cama e fazer alguma coisa para adiar aquele encontro. E além de querer elaborar um plano que não falhasse, ele queria vê-la. Ele não aguentaria ficar dentro de casa bolando um plano só com a lembrança de seu rosto, de seus cabelos... Só com a lembrança dela. Ele não queria. Ele iria levantar-se daquela cama e dar um jeito de ir até a escola para, pelo menos, vê-la sair do período da aula, pelo menos ver se ela havia ido para a escola.

Ao forçar seu corpo para fora da cama, ele sentiu como se todos os ossos de seu corpo tivessem se quebrado. A dor que o atingiu era tão forte que ele teve que parar o movimento para controlar a respiração que queria ruir. Respirava fundo e soltava o ar com força enquanto sentia os pulmões trabalharem dolorosamente para que ele respirasse melhor. Suas costelas doíam tanto que seus olhos queriam revirar-se nas órbitas, mas ele tinha que ser forte. Por Breeze, ele tinha que levantar daquela cama e também por ele mesmo. Ao se colocar de pé, tornou a cair de volta na cama pela fraqueza constante que sentia nas pernas. Mesmo doendo muito, ele mexeu a perna para que se acostumasse à locomoção e então ele tornou a levantar-se sentindo mais firmeza, porém muito mais dor. Arrastou-se até o banheiro e deu de cara com sua aparência deplorável pelo espelho. Seus cabelos estavam completamente bagunçados, mas nada comparado ao estado de seu rosto. A palma da enorme mão de seu pai havia ficado marcada em sua bochecha e estava vermelha, caminhando para um roxo leve. Seus olhos tinham grandes bolsas escuras ao seu redor e o nariz estava vermelho e havia sangue seco por dentro dele. Ao mexer levemente o nariz, ele sentiu uma dor de cabeça insuportável e amaldiçoou seu pai de todas as formas por tê-lo debilitado daquele jeito. Segurou com força no mármore da pia esperando que a dor de cabeça diminuísse para que pudesse despir sua roupa com cuidado e tomar um banho quente. Assim que a dor diminuiu um pouco, ele se desfez de sua bermuda deixando-a cair aos seus pés. Fez a mesma coisa com a boxer branca, mas o mais difícil foi tirar a camisa sem que grunhisse de dor. Enquanto retirava a blusa, ele sentia como se todo o seu corpo fosse desabar no chão a qualquer momento. Ignorando a dor em suas costelas, ele se despiu da camisa e entrou no banheiro sentindo o corpo inteiro reclamar.

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