XXXVIII (Parte I). Eu, Você e Aquele Segredo

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A ansiedade corroía seu peito por dentro, fazendo doer de uma forma devastadora.

Era difícil respirar normalmente quando ele sabia o que deveria ser feito, mas não poderia imaginar quais consequências daquilo teria de enfrentar.

Era uma aflição constante.

Alucinante.

Tremendamente complicada.

Durante aquela semana, Ethan havia ponderado sobre destruir as fotos e esquecer aquela conversa, ou destruir as fotos e contar a Breeze sem ter de mostrar nada, ou apenas deixar as coisas como estão, preparando o terreno para que ela conhecesse a verdade sobre tudo.

O peso de suas atitudes era grande e ele sabia disso. Sabia que, de alguma forma, ele teria de consertar as coisas da pior forma. Nada provindo de sua loucura poderia ser fácil. Claramente, ele entendia qual opção deveria ser escolhida e enfrentada.

Ela merecia a verdade.

Merecia saber o que estava acontecendo com ele naquela época.

Merecia saber o que ele estava guardando ali, à sete chaves.

O suor escorria por seu rosto cada vez que ele pensava no assunto. Perdera sono, perdera atenção nas aulas e, por mais que tentasse, era difícil se esquivar das perguntas de Breeze ao longo da semana.

— O que quer me contar sobre nós? — ela perguntou, três dias atrás durante a aula de Matemática, carregando um brilho intenso nos olhos.

Ethan a puxou pelos ombros, plantando um beijo em sua bochecha.

— Deixa de ser curiosa. Quando chegar a hora certa, irei contar.

— Agora é a hora certa.

Ele semicerrou os olhos.

— Não, não é. — ele abaixou a voz ainda mais. — Endireite a postura, olhe para a frente e não chame a atenção da professora. Ou ela vai tirar você daqui.

Ela abriu a boca em indignação.

— E por que ela me tiraria ao invés de tirar você?

Ele deu de ombros.

— Porque eu sou mais atraente. — ele sorriu, recebendo um tapa leve em resposta.

Fugir do assunto era sua principal escapatória, mas, é claro, como uma boa persistente e malditamente teimosa, Breeze não desistiria tão fácil quanto parecia.

— O que você quer me contar? — ela perguntou, na tarde anterior, pela ligação de celular.

— Consegue esperar para amanhã? Você irá passar o fim de semana aqui e teremos tempo de sobra. — ele disse, ignorando o medo crescente em seu peito quando constatou que, provavelmente, ela não aceitaria passar o fim de semana inteiro com ele.

Ela poderia muito bem ir embora, após ver milhares de fotografias suas espalhadas por um sótão sombrio e empoeirado. Talvez, ela fizesse exatamente isso.

— Eu não sei como isso poderia ter acontecido ou como, diabos, eu não percebi caso tenha ocorrido, mas... — ele ouviu a respiração profunda dela do outro lado da linha. — Você conheceu outra pessoa? Alguma outra mulher?

Ethan sentiu como se o chão sob seus pés tivesse sido tirado, ao mesmo tempo em que tentava acreditar no que estava ouvindo.

Breeze estava louca?

Uma risada profunda explodiu de sua garganta, reverberando pelo telefone. Ele não poderia se controlar em não rir. Como aquela garota pensava uma coisa daquelas? Desde que a conhecera, não olhara para mulher alguma, não desejara ninguém e nunca, nunca iria querer outra pessoa além de Breeze, a doida.

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