"— Presumo que já tenha escolhido um nome para ela. — comentou a mulher para a outra, que carregava em seus braços um pequeno bebê, tão miúdo que parecia sumir por entre seus braços.
A mãe do recém-nascido sorriu, enquanto deixava uma lágrima descer por seu olho, até perder-se por entre os vários panos que cobriam a criança.
— Ela é suave como vento... Plena como a mais pura brisa que respiramos constantemente... — ela sorriu. — Seu nome é Breeze."
Era a segunda vez que Breeze sentia a agulha espetar sua veia, buscando seu sangue novamente.
Porém, ao contrário da primeira vez, ela conseguia sentir a dor da picada e a pressão de seu sangue sendo sugado para fora, prestes a ser analisado mais uma vez pelos especialistas do hospital e ter, finalmente, a confirmação que tanto abalara sua cabeça e seus princípios, mesmo que hipóteses às vezes não devessem ser consideradas, nem muito menos levadas a sério. Ela esperava que realmente fosse esse o caso.
Ethan estava parado ao seu lado, constantemente segurando uma de suas mãos com uma força da qual ela estava se agarrando totalmente, como uma válvula de escape. Seu coração pesava dentro do peito e a dor da verdade batia às portas, mas ela assegurava um mantra em sua mente, como se ele pudesse fazer com que as forças divinas intervissem e dissessem a ela que foi apenas um erro médico no exame suspeito.
Ela sentia a rigidez do corpo de Ethan ao seu lado, a forma como ele apertava sua mão, mas por mais que sentir o calor da palma dele lhe sustentando, em geral, fosse tranquilizante, naquele momento tudo parecia muito ao contrário do que ela esperava, por mais que ela tentasse reverter a situação.
Sentiu o cheiro forte de éter ao redor e observou quando a própria médica que a atendera retirou a agulha de sua veia, estancando o furo com um algodão untado. Suspirou profundamente e sentiu Ethan largar sua mão para, enfim, envolver seus ombros com o seu braço forte aconchegante.
— Agora é questão de minutos e teremos a resposta. — a médica sorriu, incerta. Breeze permanecia quieta em seu canto. Apenas assentiu a cabeça enquanto a médica pigarreava. — É melhor notificarmos aos seus familiares sobre isso. — ela apontou para o braço de Breeze enquanto entregava o frasco com o sangue para que alguém o levasse ao laboratório, certamente. — Seria irregular demais se eu omitisse um exame, por mais que você tenha me pedido para esperar.
Breeze nada disse, apenas sentindo o carinho que Ethan lhe fazia nos ombros. A médica esperava pacientemente por sua resposta, o que demorou dois minutos contados para que ela levantasse seus olhos azuis sombrios e encarasse a doutora.
— Eu estou confusa. — ela deu um sorriso torto. — Eu não quero confundir ninguém quando eu mesma estou mais perdida que qualquer outra coisa. Eu... Só quero parar de sentir a sensação que estou sentindo.
— Por vias tortas, pode ter sido um engano, realmente. — Breeze sabia bem que a médica não acreditava nessa suposição, nem sequer a considerava verdadeiramente. — Mas de qualquer forma, notificar ao seu pai é de praxe. Ele precisa ter conhecimento de que...
— Deixe que eu mesmo vou. — Ethan interrompeu a médica, atraindo os olhares intensos de Breeze para ele, e os curiosos da doutora. — Me desculpe, mas não vejo Breeze com condição alguma de enfrentar isso, mesmo que seja um engano. Acredite se quiser, mas esses tempos têm sido difíceis demais para todos nós. — ele fitou a médica. — Eu não quero que Breeze sofra mais. Tomarei conta disso enquanto ela espera aqui. — ele tinha a postura firme e decidida. Breeze percebeu a hesitação explícita da médica e contorceu a expressão numa súplica nítida.
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Just Like Animals
RomansaEthan Cresswell é um garoto cheio de problemas. Dentro de sua aura obscura e totalmente irreversível, esconde-se um coração marcado por dor, abusos e sofrimento. As drogas eram a única forma que ele tinha para encontrar a felicidade que nunca lhe ha...