Just Like Animals

XXVIII (Parte II). Pesquisas Infernais

— Vocês têm uma hora e meia. — Marlize Stanford falou com certa rispidez, o que fez Breeze apenas sorrir pequeno em um agradecimento silencioso.

Era famosa a falta de humor da bibliotecária e muitas pessoas evitavam pedir informações para a mulher apenas por medo de serem maltratadas ou se sentirem idiotas demais em frente ao ar óbvio que ela sempre possuía.

Ela tinha olhos verdes opacos e demasiado secos, como se estivesse extremamente cansada da vida. Os cabelos ruivos eram mal cuidados, porém pequeno e sem volume demais para que chamasse muita atenção. A pele da mulher possuía manchas de longa vida, mas qualquer traço afetivo que poderia haver em seu jeito de aparência era dissipado pela grossura e repelimento em sua voz, pelo mau humor e mau gosto com as pessoas. Definitivamente, aquela pessoa espantava muita gente de vir à biblioteca.

— Livros estão na parte norte do salão. — ela apontava para frente. — Jornais estão na parte sul. Não baguncem muito. Estou sozinha aqui hoje.

E então saiu em passos mui lentos, mas a cara tão carrancuda quanto os professores do colégio, Breeze pensava.

Bobby balançou a cabeça negativamente e Breeze sorriu minimamente, compreendendo que a mulher somente tinha mau humor frequente. Caminharam até a parte sul da biblioteca e Breeze agradeceu mentalmente ao ver que não tinha muitas pessoas na área de jornais, o que possibilitava a ela e Bobby de trabalharem com mais calma sem se preocuparem com outras pessoas ao lado. Havia cadeiras dispostas por ali e logo se encontraram defronte a uma pilha de jornais que eram organizados por ano e meses. Breeze se colocou de frente aos jornais do ano de 2015 do mês de Janeiro para frente e puxou o monte de papel empoeirado para si enquanto Bobby a ajudava no peso.

— Temos que encontrar notícias de Washington, Califórnia, Virgínia e New York. Não vamos pedir ajuda à Marlize. — ela apontou a mulher com a cabeça e Bobby assentiu, pegando a metade dos jornais já começando a folheá-los enquanto Breeze fazia o mesmo com sua metade.

O mês de Janeiro quase não tinha nada de nenhum dos estados e demorou quarenta minutos para que eles conseguissem ver todos os jornais do mês de Janeiro, Fevereiro e Março com calma, sem deixar passar nenhum detalhe. As notícias variavam entre muitos assuntos como política, notícias de famosos, chuvas, roubos, mortes, mas nada relacionado ao que eles procuravam. Bobby tinha o mesmo resultado em seu trabalho com a outra metade do bloco de jornal e demorou até ver que em Janeiro, Fevereiro e Março, o safado Cresswell provavelmente estava bem longe dos crimes. Ou era o que parecia.

O tempo na biblioteca iria acabar em breve, pois a mesma ia fechar em pouco menos de uma hora e ainda havia quatro meses pela frente do qual eles precisavam pesquisar. Breeze já estava sentindo a cabeça doer e o nariz arder pela poeira dos jornais quando ouviu a voz de Bobby a chamar.

— Olhe isso aqui. — ele mostrou o jornal de New York para a menina, apontando uma notícia com o dedo indicador. — Soa suspeito?

Logo, as letras em fontes comportadas e bem modeladas sobre o jornal fizeram sentido aos olhos de Breeze.

Falavam sobre um assassinato. Assassinato que ocorreu no interior de New York, em um lugar não muito movimentado pelas pessoas. Não era um ponto turístico ou bem freqnentado, portanto muitas pessoas não passavam por aquelas bandas. Era um lugar um tanto quanto esquecido até que um estupro ocorrido por ali fora a matéria central colocada naquele jornal.

Uma menina de dezenove anos, Katie Della Marie, descendente de italianos que moravam em New York há muito tempo, fora encontrada morta em uma rodovia deserta, dentro de uma mata escura e perigosa, que levava o caminho às divisas de outra cidade do estado. Segundo o jornal, a garota havia sido violentada, amarrada e enforcada, pois as marcas de asfixia no pescoço da mesma eram roxas por demais deixando bem claro que a menina lutou para desfazer qualquer contato do assassino sob seu pescoço. Ainda averiguando a notícia, Breeze conferiu o processo de andamento do caso da polícia e não ficou muito otimista.