2 - Benedetta

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Benedetta



Saí com Gian, mas foi tudo muito confuso, eu sabia que ele tinha me convidado para aquele tipo de evento só para anunciar ao mundo nossa aproximação, porque se ele quisesse um encontro romântico teria me convidado a um teatro, musical que eu amava, um jantar, mas não, fomos a um encontro político, cheio dos poderosos de Nova York.

Porém mal chegamos lá e ele me arrebatou do ambiente sem mais nem menos.

Agora ele estava no escritório com meu tio e seu pai.

Eu era excluída de tudo como sempre.

Isso no fundo me irritava, se eu fosse homem seria o chefe de tudo, por ser mulher era tratada como nada.

Me senti estranha no evento porque fui com um homem, porém me vi encarando outro.

Na verdade ele me encarou primeiro, de maneira tão intensa e duradoura que senti a densidade daquele olhar que captou o meu, me fazendo dar de cara com os olhos mais lindos que já tinha visto, para ser sincera com o pacote todo, contudo naqueles olhos tinha algo que eu não sabia explicar, eram profundos, como se carregassem o mundo.

Eu percebi que não foi qualquer olhar, foi um flerte, uma paquera? Não sabia como se chamava esse tipo de acontecimento por aí no mundo normal porque no meu não existia isso, pelo menos não para mim.

Ele era lindo como falei, porém eu não poderia ter um segundo pensamento sobre ele porque era se iludir com o impossível, eu não podia me dar ao luxo de conhecer pessoas com intenção de ter algo com elas já que meu futuro já estava traçado.

Cansei de ficar na sala esperando os homens acabarem a reunião, me deu um surto de rebeldia e resolvi ouvir o que falavam atrás da porta.

— Vladislav Gurkin, o maldito filho da puta esteve no mesmo ambiente que minha sobrinha. — Meu tio esbravejou.

— Eu tirei-a de lá no mesmo instante que soube, não se preocupe.

Vladislav não era o chefe da Bratva aqui em Nova York? Claro que sim!

Não!

Ele! Só podia ser ele. Quem mais seria senão aquele homem exalando poder de seus poros? O salão estava pesado com sua presença. O olhar, o que vi no seu olhar que não tinha conseguido decifrar foi obscuridade, crueldade.

O homem que achei bonito e até que sonhei com a possibilidade de conhecer melhor, pelo qual me senti atraída era simplesmente o homem mais cruel de Nova York senão do mundo.

Senti até náuseas pelos meus pensamentos anteriores.

Aquele homem estava ligado ao tráfico de seres humanos, ele matava famílias inteiras incluindo crianças quando alguém o traía ou estava no seu caminho, usava das piores torturas contra seus cativos, ele matou seu próprio pai de forma brutal para obter o poder e isso não é um terço de todo mal que ele propaga no mundo.

Não eram meros boatos, eram informações de fontes seguras, pessoas como nós não estávamos em sites de fofocas porque todo mundo temia por suas vidas. Vindo de mim parecia hipocrisia julgá-lo, talvez fosse mesmo, mas nós tínhamos limites ele não, sua organização assim como ele eram carniceiros.

E eu não poderia esquecer jamais que seu pai tinha matado os meus. Estávamos em guerra há tempo que eu nem poderia contar. Eles eram nossos inimigos número um.

Me senti muito constrangida de ter sido mesmo que não intencionalmente uma traidora, tanto por ter saído com Gian e desejado outro quanto por esse outro ser quem é.

Dark lifeOnde histórias criam vida. Descubra agora