Vladislav
Duas semanas, estive duas semanas nesse tipo de inferno. Eu creio que os lugares brancos com cheiros fortes e sem nada para fazer estavam mais para inferno do que para céu.
Agora eu estava indo para casa.
Aquelas frases feitas diziam para a gente tirar o melhor de cada situação ruim, certo? Eu poderia dizer que pus isso em prática. Na minha introspecção pude pensar bastante e ganhar uma energia interna extra.
Aquela cadela tinha me acertado bem, além de uma forte hemorragia tive também uma infecção, quase morri realmente.
Eu ainda a queria.
Mas ela pagaria caro.
Se alguma vez tive limites ele morreu aí. Agora eu destruiria a porra toda.
Ela veria quem manda aqui.
Assim que cheguei em casa fui logo para o meu quarto. Me sentia fraco ainda. Fiquei sentado na cama e atento.
Meu primo me acompanhava a cada instante, além de ter salvado minha vida ficou vigilante no hospital, que era um ambiente suscetível a ataques.
— Eu aprecio tudo que fez por mim, Ivan.
— A qualquer momento, chefe.
— No momento certo saberei recompensá-lo.
— Fique forte para continuar nos mantendo no topo. Essa organização precisa de você.
Sua lealdade foi uma grata surpresa.
— Estarei forte em breve. Ela apenas me pegou desprevenido.
— O que pretende fazer com ela?
— Trazê-la de volta, como é óbvio. Ela é minha esposa.
— Deus, você a quer mesmo depois de tudo.
— A filha da mãe é uma autêntica mafiosa, primo, mulher de mafioso. Minha mulher.
— Pude ver que sim.
— Mas é claro que ela será devidamente castigada.
— Você decide sobre isso, ela é sua.
— Sim.
Recebi algumas visitas; dos meus tios, prima, principais homens, mas senti falta da minha mãe.
— Você poderia mandar chamá-la?
Ivan assentiu e mandou alguém ir buscá-la.
Ela entrou no quarto e ficou ali parada como de costume sem reação.
— Sente-se, mãe. — Ela sentou-se no sofá à minha frente.
— Eu estive muito doente, entre a vida e a morte, mãe. Por que não foi me ver?
Sua resposta foi apenas um mover de ombros.
— Enquanto estive oscilando entre essa vida e a outra pude reviver alguns momentos. Voltei àquele dia quando tinha uns seis anos e entrei no seu quarto e ele estava te... então ele me castigou e você lutou contra ele. Doeu voltar a reviver aquele momento, mas foi bom também. Sabe por quê? Porque você ainda me amava. Por que não pode mais me amar, mãe?
— Monstros não podem ser amados.
— Eu sou seu filho.
— Você é igual a ele. Como eu poderia te amar?
Meu lado lógico a entendia, ela tinha razão, eu era igual a ele sim, mesmo presenciando tudo que ela sofreu e vendo as consequências diante de mim, eu ainda agi parecido, e o pior era admitir que eu não tinha qualquer controle sobre isso.
Eu fiz com Benedetta e faria novamente, estava ansioso para colocar minhas mãos nela e fazê-la pagar por tudo que me fez passar nas últimas semanas.
Mesmo do hospital e sem muitos movimentos estava agindo, contratei mercenários para invadir a casa dela, eu ao contrário de Giuseppe pensava e não queria cometer uma chacina com meus homens.
Evitando assim uma guerra interna. Eu pagando pelo trabalho deles o que acontecesse seria lucro, claro que eu não achava que eles conseguiriam pegá-la, era preciso mais de um exército para dar conta dessa missão.
Meu objetivo era assustá-lo, colocá-lo em evidência como ele me colocou, e claro, estressá-lo até que se cansasse e resolvesse me entregá-la. Era apenas uma batalha de uma guerra, era eu avisando que estava de volta.
Obviamente no fim eu teria a cabeça dele ou ele a minha, era a única forma de dar fim à essa disputa.
Eu não tinha medo das consequências, sempre tive plena noção de quais eram.
Não existia final feliz para nós nascidos na máfia, a morte em guerra era algo certo, lutando e buscando mais poder, assim tudo acabava, era um fardo que tínhamos que carregar, uma herança das inúmeras vidas que nós e nosso antepassado ceifou, era o preço do dinheiro sujo em abundância, ainda que não tivemos uma escolha, era o preço.
Quando a minha hora chegasse, que fosse bem-vinda, minha missão era fazer história, a mais terrível.
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Dark life
ChickLitNascida num mundo sem leis, a princesa da Ndrangheta (máfia Calabresa), Benedetta Paola Vitali acreditava num futuro de submissão atada a um casamento de conveniência com algum bom partido de sua organização, que era comandada por seu tio Giuseppe V...