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Vladislav

— Quem...? — Ela perguntou com espanto, já sabendo quem era, pois ninguém mais ali tinha um nome italiano.

— Ela mesma, vá buscá-la.

A mulher de postura rigorosa, extremamente magra e de cabelos grisalhos foi atender meu pedido quase correndo.

Não toquei na comida nos minutos em que esperava Benedetta, ninguém também o fez. Eles não iniciavam sem mim.

Apesar de terem suas casas, exceto minha mãe que morava comigo, pois era emocionalmente instável, eles se reuniam para, pelo menos, uma refeição comigo por semana.

Ela surgiu com ar de deslocada. Vestia uma saia longa estampada e uma blusa sem alças branca, com pouca maquiagem, sua simplicidade contrastava com a exuberância da minha prima, ainda assim eu via mais beleza nela do que em Keira.

— Junte-se a nós para comer, Benedetta.

Fez-se um silêncio sepulcral tirando o rosnado da minha prima.

Ela ficou parada sem saber o que fazer.

— Sente-se aqui ao meu lado. Primo, você se importa? — Meu braço direito acenou e levantou-se sem dizer uma única palavra ou fazer qualquer expressão, tive que lhe dar o devido valor, eu não o comuniquei ou a ninguém sobre meus planos com a italiana.

Na memória deles estava fresco eu lhe golpeando e levando para castigar eu mesmo, afinal era uma prisioneira, nossa rival. Agora eles tinham que comer com ela na mesma mesa.

Eles não estavam entendendo nada, porém não eram burros para achar que eu não tinha algo em mente ou que podiam me questionar de alguma forma.

Até minha prima que estava soltando fogo pelas ventas ficou calada.

Benedetta sentou-se ao meu lado, de frente para minha mãe. Minha tia não disse uma palavra, com sua costumeira submissão. Meu tio não falou, no entanto parecia curioso.



Benedetta



À mesa comendo com os inimigos. Minha vida já parecia um filme antes, agora era enredo de um longa metragem hollywoodiano,

a herdeira da máfia italiana com a máfia russa.

Pensei em possíveis títulos: "Prazer com o inimigo", "Princesa calabresa capturada pela bratva." "Sobrevivendo no inferno".

Estava havendo uma sucessão de coisas estranhas desde que acordei, quando ele me acordou na verdade, agora mandou me chamar para comer com ele e com todos.

Com certeza ele tinha algo em mente.

À minha frente colocaram uma papa, provei e quase cuspi, o gosto era terrível, olhei para o prato de todos e eles comiam como se fosse comestível, exceto Vladislav que comia apenas ovos e frutas, deixei a papa de lado e o imitei.

Em casa pela manhã eu costumava comer pães italianos caseiros, quando eu estava mais para doces comia waffles com frutos vermelhos e maple syrup, ou corneto que era uma espécie de croissant doce recheado com creme de confeiteiro ou creme de avelã, eu variava, sempre acompanhado do meu cappuccino.

— Vladislav, não se esqueça, depois de amanhã temos a gala beneficente no The New York Palace.

Ele a cortou. — Não esqueço dos meus compromissos.

Iriam sair juntos. Aquela mulher claramente o queria sendo prima ou não.

— Bem, já que estamos todos reunidos aqui irei fazer um anúncio. — Ele olhou para mim. — Eu e Benedetta vamos nos casar.

Dark lifeOnde histórias criam vida. Descubra agora