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Benedetta

Às cinco e meia da manhã eu já estava indo para o quarto do Vladislav, não conseguia dormir muito bem ainda naquele lugar. Assim como ele avisou ontem devia ter voltado tarde e não o vi mais.

Ninguém também estava me molestando, creio que ele já havia avisado a todos que me deixassem em paz, até no corredor não tinha mais homens como antes.

Claro que eu não estava iludida quanto a minha liberdade, mas um pouco de paz aqui dentro era um refresco.

Bati na porta dele, era para eu ter medo, porém acredito que àquela hora e para o que iríamos fazer não haveria problema, além de que se ele quisesse algo sabia o caminho do meu quarto e não havia nada que eu pudesse fazer.

Eu poderia me trancar lá e não viver, não alteraria minha situação, só pioraria. Queria distração e exercício físico era uma ótima ideia.

Eu tinha um instinto de sobrevivência como todo ser humano e ele me dizia que quanto melhor eu me desse com meu sequestrador, ainda que fosse um teatro meu, mais fácil seria esse calvário.

Não adiantava eu ficar de birra e tentar lutar com um homem que dava dois de mim. Eu precisava ser mais esperta que isso.

Bati à porta uma vez e nada, repeti e mais uma vez não obtive resposta. Imaginei que se ele estivesse teria atendido. Girei a maçaneta e abriu.

Estava silencioso e chamei.

— Vladislav?

Nada. Não havia ninguém, pois se ele estivesse no banho daria para ouvir. Exceto seu cachorro.

— Olá, menino. Como você está? — Falei de forma carinhosa e como se ele entendesse. Sempre falava assim com meus bichos. De repente me deu uma fisgada no peito de saudades.

Ele estava na cama de Vladislav deitado, mas pude ver que possuía uma confortável cama de cachorro em tons de azul royal. Fui até ele o cumprimentar, toquei em sua cabeça e ele se derreteu ao meu toque.

— Lindo.

Era de estranhar que um ser tão cruel tratasse tão bem aquele animal o deixando até partilhar da sua cama. Mas aí é que está, eu gostava muito de ler e em uma das minhas leituras li que mesmo o mais cruel dos seres era capaz de atos bondosos.

Olhei para aquele lugar que me trazia péssimas recordações, principalmente aquela cama, e meus olhos marejaram.

Logo meu olhar desviou-se para outro lugar. Ao lado de um dos sofás do quarto, sobre uma mesa de apoio, havia um celular.

Seria uma armadilha?

Ao mesmo tempo que eu queria sair correndo de medo de ser pega meu corpo me levou involuntariamente para aquele telefone.

Mas claro que teria uma senha.

Quando eu peguei no aparelho minhas mãos suadas molharam o objeto.

Por incrível que pareça Vladislav não tinha código em seu celular.

Eu tremia tanto ao adicionar o número do celular do meu tio.

Cada toque foi uma espécie de tortura, ele atendeu no quarto e pareceram quatro horas.

— Alô.

— Tio!

— Querida, é você? Oh, meu Deus!

— Sim, sou eu.

Dark lifeOnde histórias criam vida. Descubra agora