23 - Parte 1

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Vladislav

Ela achou que eu acreditaria naquilo, por mais que meu coração tenha batido mais do que nunca com sua ligação, ela tinha ido embora me apunhalando e agora dizia que retornaria para mim porque me pertencia. Claro que ela era minha, no entanto aquela italiana nunca admitiria isso.

Ela poderia facilmente está tramando contra mim, me levando a uma armadilha, contudo era um pouco improvável tendo escolhido o lugar que escolheu.

De qualquer forma eu não me importava, não tinha medo e iria preparado para a guerra, mesmo que eles estivessem prontos para me atacar eu não iria perder aquela chance, talvez jamais teria a oportunidade de ter Benedetta assim de bandeja novamente num local público, ao qual fui informado da sua saída, diga-se de passagem, por ela mesma.

Se ele usou sua sobrinha como isca era menos inteligente do que sempre o considerei. Bom para mim. Eu a teria de volta.

Passei por Dracko ao me dirigir a saída. Deslizei minha mão por sua cabeça.

— Vou trazê-la de volta, amigo, eu prometo. Sei que sente falta dela, eu também sinto.



Benedetta

Informei aos homens que queria dar uma volta, eles se entreolharam, pouco depois eu tinha meu tio me telefonando.

— Você quer sair? Não é uma boa ideia, querida.

— Preciso espairecer, tio, é um passeio no museu, não tem muito perigo.

Meu coração apertou de estar mentindo para meu tio e de pensar que talvez essa seria a última vez que nos falávamos.

— Sempre há riscos, mas vá, não posso mantê-la em casa para sempre, ficará doente dessa forma, divirta-se.

Após me despedir de cada um dos meus animais, talvez seria a última vez que os veria. — Adeus — falei alisando suas cabeças. Fui, mas meu tio, claro, havia mandado reforços, estava dentro de um carro com vários homens armados e mais dois à frente e dois atrás para manter todo o perigo à distância.

Ele não fazia ideia...

Antes de ir deixei um bilhete para ele.

Estou esperando um filho dele. Não me procure, por favor, essa é minha escolha. Eu aceito meu destino. Não é tão ruim assim, você me ensinou a fazer o melhor com o que temos. Te amo, você é um pai para mim, a minha pessoa preferida.

BPV.

Chegamos e obviamente aqueles homens todos não puderam entrar, apenas dois me acompanharam para dentro do museu, dei uma canseira neles olhando todos os setores e tentando disfarçar minha ansiedade.

Quando chegasse ao setor egípcio não queria eles atentos a mim, pois não queria sangue da minha gente, de ninguém, ainda mais de gente inocente que se encontrava ali.

Por essa razão escolhi um local neutro, assim meus homens estariam mais relaxados que não haveria perigo, e não teria mesmo se eu não tivesse chamado Vladislav.

Mas eu não tinha escolha, precisava me dar para que ele esquecesse essa guerra sangrenta.

Após caminhar e fingir olhar para todas as peças, cheguei ao local combinado, eu tremia dos pés à cabeça com a ideia de voltar a me encontrar com aquele homem, de imaginar o que faria comigo; em pensar numa vida inteira ao seu lado; em parir seu filho.

Me distanciei dos homens por alguns metros e atravessei uma parede fingindo interesse numa imagem, eu não via nada, a verdade era essa.

Passos se aproximaram, não simples passos, passos firmes, de alguém com muita segurança em si mesmo, era ele, como eu poderia conhecer até seus passos?

Apesar de não olhar em sua direção seu cheiro impregnou meu olfato apurado, ele cheirava a flores do campo em um dia ventoso. Nunca pensei que o monstro protagonista dos meus piores pesadelos fosse cheirar tão bem e ter a beleza de uma obra esculpida a mão.

Nunca se engane, o mal pode vir disfarçado na mais rara beleza.

— Você sabia que foi no Egito antigo que começou a tradição da troca de alianças no casamento? — Ele comentou e eu engoli em seco. — Falando nisso você esqueceu a sua ao me esfaquear.

Ele a estendeu bem na frente dos meus olhos. Os dele brilhando mais do que o habitual.

Eu comecei a olhar para os lados para ver se os homens estavam assistindo aquela cena e com medo da iniciação de uma batalha ali.

— Não se preocupe, não há ninguém para vir tentar tirar o que é meu novamente.

— Mas... — Eu tinha escolhido aquele lugar para evitar mais mortes.

— Eu vim te buscar como me pediu, mas as coisas têm que ser do meu jeito.

Do seu jeito. Mortes, sangue, destruição.

Eu o olhei atordoada quando ele se colocou na minha frente e puxou minha mão deslizando o anel que eu tinha jogado.

Minha mão tremia tanto que ele teve dificuldade em empurrar a peça cara.

— Lembra quando eu disse que você não tinha medo o suficiente? Acho que você aprendeu finalmente. Entendeu com quem está lidando. Agora vamos para casa, esposa, temos um ajuste de contas. — Ele me agarrou com força pelo braço e me arrastou.

Dark lifeOnde histórias criam vida. Descubra agora