3 - Benedetta

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Benedetta

— Trouxe prostituta italiana para nos divertir, chefe. — O homem que reconheci ser da Bratva pela tatuagem falou.

Ele me empurrou fazendo com que me estatelasse no chão de quatro diante de um homem que eu já tinha visto há pouco tempo, nunca poderia esquecer daquele olhar. Ele também me reconheceu, mas sua surpresa só foi notada durante poucos segundos.

— É assim mesmo que a gente te quer. — Ele falou e todos começaram a rir.

Me ergui até ficar de joelhos. Ainda assim de cabeça baixa, não querendo os encarar. O chefe se aproximou ainda mais de mim.

No nosso meio só se falava de Vladislav Gurkin, o representante da Bratva em Nova York. Todos diziam que o que ele tinha de beleza tinha de crueldade. Que ele e os seus não conheciam a palavra honra. Eram seres sem coração, apenas regados de ganância.

E eu agora estava em suas mãos.

— Eu prefiro assim. — Dessa vez foi Vladislav se referindo ao fato de eu estar de joelhos diante dele.

— Olha a coincidência, chefe, a puta que estava com o merdinha. Capturamos justamente a mulher por quem você perguntou.

Arregalei os olhos em surpresa, ele tinha perguntado por mim no dia em que nos encontramos?

Eu até sabia por que tinha sustentado tanto tempo meu olhar com aquele homem, não podia negar que era bonito, mas aquele olhar prolongado foi além de tudo uma troca de poder.

No fundo eu sabia o meu lugar, sempre soube.

O loiro assentiu para o seu homem.

— Quem é você? — Ele me perguntou. Não respondi.

Ele levantou meu queixo e me acertou à face com a palma da sua mão.

— Quando eu perguntar responda.

Senti o ardor no meu rosto e uma sensação estranha de raiva e impotência. Se eu fosse homem o rebentaria. Mas lembrei que nem que eu fosse homem poderia fazê-lo, pois estava no território inimigo e a mercê de todos eles, e provavelmente se fosse homem não seria um tapa, seria torturada até a morte. Eu também não sabia se estava livre disso. Talvez seria, e ainda pior: estuprada de todas as formas.

Meu corpo pesava tanto que se não fosse a raiva me alimentando já teria desabado de nervosismo pelo que me esperava.

Se eu tinha que passar por tudo aquilo, pelo menos passaria com dignidade.

Não adiantava implorar, todos eles ali pareciam de gelo, completamente indiferentes ao que me aconteceria.

— Quem é você?

— Ninguém — respondi.

Mais um tapa acertou minha outra face e voltei a desabar no chão.

Ele me ergueu pelos cabelos me fazendo encará-lo, esperando que eu o desafiasse novamente.

Havia uma protuberância em suas calças e senti vontade de colocar o que nem tinha para fora.

— Ninguém importante — frisei rapidamente. Ele ergueu uma sobrancelha.

— Quem são seus pais?

— Não tenho. — Não menti de qualquer forma.

— O que estava fazendo com Caputo àquele dia? O que ele é seu?

Dark lifeOnde histórias criam vida. Descubra agora