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Benedetta

A cada dia meu corpo mudava mais e mesmo eu tentando me enganar não dava mais.

Tinha que ser filho dele, já era trapaceiro. O que me fez acreditar que não estava grávida foi meu período vir normalmente, isto é, agora não estava mais vindo.

Meu tio tinha estado tão ocupado com os ataques que não me levou para fazer os exames como tinha falado. Eu percebi com as mudanças nítidas no meu corpo.

Porém não falei nada para o meu tio, já era tarde para o que ele planejava e não sei se seria capaz de algo assim, também não tinha coragem para saber sua reação que seria terrível, tinha certeza.

Vladislav se tornaria mais mortífero quando descobrisse, se com seu nível de possessividade ele soubesse que, não só sua esposa havia fugido lhe golpeando como ela carregava um filho seu que nasceria em território inimigo.

Esse último...

Os meus nunca aceitariam essa criança, eu poderia dá-la para ele criá-la, contudo penso que é questão de orgulho me ter de volta, ele jamais aceitaria só a criança.

Do jeito que ele estava obcecado com meus passos logo saberia.

Eu tinha que proteger minha gente, principalmente meu tio.

O confronto dos dois acabaria com a morte de um deles, inevitavelmente, e eu temia que fosse meu tio.

Eu não podia continuar me escondendo sabendo que meu tio estava se colocando à frente de uma guerra por minha causa. Que já havia oferecido tanto por mim. Era muita prova de amor e agora era minha vez de provar o meu também.

Eu temia, não iria mentir, me dava calafrios só de imaginar o que ele faria comigo. Ele no mínimo me torturaria. A criança dele que eu esperava não sei o que faria, talvez não se importasse, pois não me parecia que era o tipo que tinha amor a crianças, mesmo sendo de seu sangue.

Eu não me importava de perder, só temia a dor que me infligiria para isso. No entanto não via outra alternativa. Todos os dias havia massacre.

Acabaríamos na mira da justiça, ambas as máfias deixariam de existir.

Eu tinha que me oferecer em sacrifício para tudo isso acabar.

***

Dias se passaram e a tormenta não passava, os ataques a nossos clubes e todos os negócios que estávamos vinculados continuava, meu tio não parava mais tentando resolver o que parecia impossível.

Minha decisão foi tomada há dias, porém estava dando tempo para que as coisas acalmassem, sem sucesso, mas pelo menos do ataque que sofri me sentia melhor.

Claro que não era fácil esquecer tamanha barbárie, no entanto o medo de coisas piores fazia com que esses pensamentos me abandonassem dando lugar a outros talvez piores.

Tudo que eu conseguia pensar era nessa criança que eu esperava.

Eu não a queria como era óbvio, mas o que eu poderia fazer, ela já estava aqui.

E isso mudava as coisas de uma forma... Para pior para mim.

O certo é que eu não tinha podido sequer fazer um teste de gravidez porque estava escondendo de todos e não saía desde a igreja.

Daí o plano que tinha em mente, eu sairia usando a desculpa de não sair há tempos, meu tio com pena acabaria por aceitar mesmo apreensivo, porque ele queria que eu vivesse.

Dark lifeOnde histórias criam vida. Descubra agora