Capítulo 18

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POV CALLIOPE

-Você me trouxe pra praia? jura? -Pergunto ao meu pai assim que estacionamos.

-Quando você era criança a praia era seu lugar favorito, isso mudou? se quiser posso te levar pra outro lugar -Diz ele ligando o carro decepcionado.

-Não, ainda é um dos meus lugares favoritos, só fico surpresa de você lembrar -Dou de ombros.

-Bom... -Diz saindo do carro e eu o acompanho -Sabe qual é o bom de amar o mar e ter um pai que é biólogo marinho? -Pergunta.

-Qual -Digo erguendo uma sombrancelha e ele rir.

-Essa levantadinha de sombracelhas é típico de um Torres! -Exclama -Bom, o bom de ter um pai que é biólogo, é que ele tem acesso a equipamentos de mergulho -Diz apontando pra um iate perto da orla com cilindros de oxigênio e roupas de mergulho.

-Mentira que você fez isso -Digo de boca aberta.

-Você vem ou não? -Diz correndo pela areia pra dentro do iate rindo e eu corro atrás.

-Ca-ce-te, eu não acredito que a gente vai realmente fazer isso -Digo dando pulinhos animada.

-Lá dentro tem um biquíni pra você vestir por debaixo da roupa de mergulho, você não sabe nadar então quando estiver dentro da água, não desgrude de mim de forma alguma, entendido? -Pergunta.

-Tudo bem, eu prometo -Digo indo pegar o biquíni -Queria a Zona aqui -Digo melancólica.

-Eu sei, também queria, mas vai ser bom okay? -Diz meu pai me abraçando -Agora vai lá, se troca -Diz dando um leve empurrão na minha cabeça me fazendo rir.

Vou para a parte de dentro do barco e retiro a minha roupa trocando ela pelo biquíni e pela roupa de mergulho junto com as nadadeiras, saio de lá e meu pai também já está devidamente trocado e pronto com os óculos e o cilindro, ele ajeita o cilindro na minha costa e me ajuda a colocar o óculos.

-Pronta? -Pergunta e eu aceno infantilmente com a cabeça fazendo-o sorrir -A gente pula no 3 okay?

-Okay -Digo e ele ajeita o oxigênio na minha boca e logo em seguida na dele, ele levantar os dedos e começa a contagem.

1.

2.

3.

E pulamos, sinto meu corpo ir se afundando na água que ainda está cristalina pela claridade, tento subir e bater meus pés mas praticamente somente giro no mesmo lugar até meu pai me pegar pela cintura e começar a bater os pés me ajudando a nadar, ele pega minha mão e me mostra com a mão que quer que eu bata as nadadeiras e assim o faço junto com ele.

Meu pai continua segurando minha mão e vai nos guiando até onde ele quer, em um certo momento ele vai me puxando mais para baixo e fico maravilhada ao ver um coral rosa com várias algas ao redor e alguns peixes pequenos passando sobre ele, continuamos nadando e meu pai me mostra algumas ostras com conchas de cores diferentes espalhadas por algumas rochas cobertas de areia.

Continuamos nadando por várias partes da extensão lá debaixo, cada coisa que meu pai me mostrava me deixava mais impressionada com o quanto a água consegue ser maravilhosa junto com as coisas que habitam nela. Estava tudo indo bem até que meu pai praticamente petrifica do meu lado e aperta um pouco mais a minha mão, tento entender o que está acontecendo mas acho que preferiria não ter entendido. Ouço um barulho muito alto como um canto, olho para frente e petrifico junto com o meu pai ao ver uma baleia ENORME vindo exatamente em nossa direção, tento buscar na mente tudo que aprendi sobre elas e me alívio ao lembrar que elas só tem capacidade de comer 1 peixe por vez então não tem a menor chance de ela comer um humano, mas então pq ela tá vindo na nossa direção?

Sinto meu pai puxar minha mão e automaticamente meu corpo vai junto e colide contra o seu, ele me aperta contra ele como em um abraço e tenta nadar o mais rápido que pode, sinto um impacto muito forte na parte de trás do meu corpo e quando olho para trás vejo a baleia praticamente nós batendo com o topo da cabeça, isso nos dá um impulso mais forte pra frente, mas ela começa a nadar ao nosso redor praticamente nós impedindo de nos mexer e novamente faz aquele barulho alto, depois de uns 40 segundo ela volta a tentar nos empurrar e isso nos leva pra mais perto do barco, meu pai me ergue pela cintura e me ajuda a subir pela escada do barco para logo em seguida subir também, nos jogamos no chão de lá e respiramos fundo aliviados.

-Tinha um tubarão -Diz e eu arregalo os olhos.

-Então ela tava tentando proteger a gente? -Pergunto.

-Sim, por isso ela tava nos empurrando pra perto do barco, só percebi o tubarão quando você subiu e eu olhei pra trás, era enorme.

-Que loucura -Digo respiramos fundo.

-Não conte pra sua mãe -Diz desesperado e começamos a rir.

-Era uma Jubarte? -Pergunto -O som que ela fez é diferente dos que eu ouvi em vídeo quando tava no barco com vc e vc trabalhando.

-Era sim, elas são as que mais tem instinto protetor -Diz.

-Eu lembro de ter chorado quando vi sua pesquisa sobre elas -Digo rindo de lado.

-Por qual motivo? -Pergunta se sentando do meu lado.

-Ela são as únicas baleias que tem uma língua diferenciada, nem a própria espécie consegue entender o que elas falam então elas são baleias solitárias, são abandonadas quando filhotes e além de precisarem aprender a sobreviver sozinhas elas nunca aprendem a falar algo que as outras baleias entendam, então elas se alimentam sozinhas e quando estam pesadas ao ponto de nem aguentarem o próprio peso elas desistem de tentar nadar e morrem afogadas, e sozinhas -Digo e meus olhos se marejam -Que droga, eu achei que tinha superado -Digo rindo e meu pai rir junto me abraçando de lado.

-É algo triste mesmo, fico feliz de você ainda ser a garotinha que eu criei pra ser, vc tem sentimentos até mesmo com os animais, não se envergonhe disso -Diz e beija minha testa -Já está escurecendo, melhor voltarmos -Diz indo para o volante e colocando o iate para andar.

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