Capítulo 25

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POV CALLIOPE

-Demorou ein -Diz Arizona me ajudando com as coisas assim que me avista.

-Conheci uma garota -Digo e vejo ela parando os movimentos.

-E como ela era ? -Pergunta estendendo a toalha ao lado da árvore.

-Ruiva, parecia ter a nossa idade, ela era bem animada e engraçada, ela é bem legal, vou conhecer os cavalos dela um dia -Digo rindo e ela franze o cenho.

-Legal -Diz dando de ombros e ajeitando a comida em cima da toalha.

-Ciúmes Robbins? -Pergunto rindo e sentando em cima da toalha vendo ela sentar também logo em seguida.

-Claro que não, só fiquei curiosa, óbvio -Diz comendo um morango.

-Sim, óbvio -Faço uma cara de deboche e concordo.

-Qual era o nome dela? -Pergunta como quem não quer nada.

-Primeiro nome ou nome completo? -Pergunto pegando um morango também.

-Nossa, íntimas ao ponto de saber o nome completo dela? por isso você demorou tanto! -Diz balançando a cabeça pra cima e pra baixo e eu começo a rir.

-Você é perfeita sabia? -Digo colocando o morango na boca dela e mordendo ele lhe dando um meio beijo.

-Não tenta me amansar não -Diz cruzando os braços.

-Então você tá assumindo que tá com ciúmes! -Digo vitoriosa e ela revira os olhos -Epa epa, pra mim vc só faz isso na cama mocinha -Digo.

-Como se você só quisesse me foder deitada né! -Exclama como se não fosse nada.

-Eu preciso te ver com ciúmes mais vezes, gostei desse seu lado desbocado.

-Come uma frutinha come -Diz ela enfiando três uvas na minha boca me fazendo rir.

Em um impulso me jogo em cima dela fazendo ela cair na grama e soltar um gritinho de susto enquanto eu rio dela.

-Sua doida -Diz dando um tapa no meu braço.

-Linda -Digo passando meu polegar sobre a bochecha dela a vendo fechar os olhos.

Passo meus dedos por toda extensão de seu rosto, maçãs redondinhas, bochechas brancas e coradas, sombrancelhas bem desenhadas, olhos com cílios volumosos, nariz perfeito e sua boca, aquela boca perfeita que faz eu me perder em questão de segundos, faço carinho no seu lábio inferior antes de inclinar minha cabeça e lhe dar um selinho demorado, abro os olhos no meio do selinho e vejo ela totalmente entregue, meu Deus, como eu posso estar perdidamente apaixonada por esse anjo loiro? Sorrio antes de terminar o selinho a fazendo sorrir também e acho que isso só fez eu me derreter mais por ela.

-Você tá bem? -Pergunta genuinamente enquanto me olha.

-Não tem como estar mal quando eu tô com você -Digo fazendo carinho no maxilar dela.

-Sapatão -Diz rindo e eu sorrio também.

-Quer ir no balanço comigo? -Pergunto.

-Claro -Sorri e nos levantamos indo para o mini parquinho.

Passamos um tempo fazendo força nos nossos pés nos empurrando para frente e para trás no balanço sempre rindo do frio na barriga que aparecia quando íamos mais alto.

-Como você tem estado? -Pergunta Arizona enquanto continuamos nos balançando.

-Eu estou bem Arizona! Já falei -Digo sem olha-la.

-Não estou dizendo agora, não estou dizendo quando vc está comigo, quero saber como vc realmente estar quando eu não estou olhando, como vc se sente! -Exclama.

-Eu não sei como eu me sinto, em casa, com minha mãe, na escola ou só dentro do meu quarto, na frente do meu espelho. Eu achava que eu me conhecia, mas já faz um tempo que eu sinto que eu não tô no meu corpo, eu não aguento mais...Me sinto como uma casa assombrada, só que o fantasma sou eu -Digo parando de balançar e bagunçando meu cabelo.

Arizona levanta, passa uma perna de cada vez por dentro das correntes que estão prendendo o balanço e se senta no meu colo de frente pra mim fazendo carinho nas minhas bochechas.

-Não vai ser sempre assim, você não vai estar pra sempre nessa escola ou na sua casa ou até mesmo perto da sua mãe, eu sei que esses sentimentos doem agora mas é passageiro, e eu sei que isso dá raiva em você pq vc não quer que pare de doer no futuro, vc quer uma solução agora mas infelizmente não é assim que a vida funciona.

-É tão estressante passar por essas coisas, eu sinto raiva o tempo todo, vc é a única que consegue fazer eu me sentir viva, mas o resto do dia... o resto do dia eu só queria parar de sentir tudo, falo com minha mãe e sinto raiva, vou pra escola e me sinto burra, me olho no espelho e sinto ódio, nada, NADA da certo e é tão frustrante! -Exclamo olhando pra cima tentando controlar as lágrimas.

-Callie pelo amor de Deus, todo resto eu entendo, juro, a escola é uma merda ambulante, a sua mãe as vezes é tão bipolar que eu enfiaria ela no manicômio e cuidaria de você até o fim dos tempos, mas você? caralho, olhe para o seu espelho e se espelhe na mulher incrível que ele reflete -Diz segurando meu rosto com a palma das suas mãos formando uma concha em minhas bochechas.

-Zona, você não -Ia falar mas sou interrompida.

-Não, cala a boca. É lógico que eu entendo, entendo o suficiente pra opinar! A forma como você se trata, a forma como você se auto-menospreza, a forma como se se fala de si mesma e a forma como você se humilha até ficar minúscula, cara, não dá, isso é um abuso com você mesma, você se auto-destrói! eu não posso ver você fazer isso consigo mesma sem fazer nada. Simplesmente não posso.

-Eu não sei o que fazer, eu não sei como mudar isso -Digo começando a chorar.

-Pode me fazer um favor? -Pergunta e eu aceno positivamente -Quando você se sentir pronta, realmente pronta, vai pra frente do espelho, quando todas as suas inseguranças estiverem gritando com você, grite de volta e faça a mulher autossuficiente que eu vejo em você espantar todos esses demônios da sua cabeça -Diz sorrindo pra mim e limpa minhas lágrimas.

Sorrio diante de sua fala e seus gestos, coloco minhas mãos em sua nuca e a puxo dando selinhos por todo o seu rosto a fazendo gargalhar alto.

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