Capítulo 33 Final

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POV CALLIOPE

Após me contar tudo ela simplesmente sumiu e eu entendi o pq ela disse que se eu continuasse atrás da verdade ela sumiria, ela era só um devaneio, então se eu descubro a verdade ela é obrigada a ir embora pq minha mente se cura daquilo.
Mas eu entendi a minha mente, eu não posso viver sem a Arizona então ela deu um jeito de fazer a Arizona estar aqui, mesmo que não fosse de verdade era o suficiente pra apenas me deixar viva, mesmo morta ela salvou a minha vida esse tempo todo e eu nem ao menos consegui salvar a dela.
Foi tão fácil pra mim olhar pra ela e apontar pras feridas que todos causaram nela, eu olhei diretamente no olho dela e ainda assim não consegui enxergar que era eu quem estava causando a maior de todas.

Saio do meu apartamento basicamente em Pânico e bato nervosamente na porta da frente até que os pais dela atendem.

-Aonde ela foi enterrada? -Pergunto assim que eles abrem a porta.

-Callie o q -Bárbara iria falar mas eu a interrompo.

-Aonde a Arizona foi enterrada? -Pergunto e eles só fazem cara de espanto pela minha pergunta -Eu preciso saber, por favor -Digo caindo no choro sentindo os dois me abraçarem.

-Enterramos ela no cemitério perto da praia que vocês gostavam de ir, achamos que ela iria gostar de ser enterrada lá -Responde Daniel com a voz embargada.

-Eu amava a filha de vocês, eu não sabia que ela ia fazer aquilo, a culpa foi minha, eu não consegui impedir -Comecei a chorar compulsivamente enquanto agarrava os dois.

-Ela amava você também -Diz Bárbara com a voz calma mas sei que ela também está chorando -Arizona sempre amou você e você sabe que a culpa não é sua, ela nunca iria querer que você se culpasse por algo assim -Diz Bárbara.

Me solto deles e ela enxuga minhas lágrima, dou um curto sorriso em resposta e volto ao meu apartamento, deixo um bilhete para minha mãe saio novamente rumo a lápide Arizona.

...


-Hey -Digo assim que chego ao cemitério e sento bem do lado da lápide dela -Você não tem noção do estrago que causou na minha cabeça -Sorrio de leve - Eu não vou ser hipócrita ao ponto de pergunta o pq de você ter feito isso, mas... Como eu não percebi? -Minha voz falha pelo choro que começa a sair -Você tava na minha frente, tava em desespero, tava entrando em pânico e eu continuei fingindo que tava tudo bem, continuei fingindo que era sobre mim quando na verdade se tratava de você, você precisava da minha ajuda, e eu não fui atrás de você, eu deixei você sair da escola em prantos como se precisasse ser corajosa sozinha quando na verdade tudo que você precisa era de alguém que notasse o seu desespero e te abraçasse, mas Arizona, eu nunca mais vou largar sua mão, eu prometo que não importa o que aconteça, eu sempre vou estar do seu lado. Eu disse pra você, ou pra sua versão inventada por mim -Começo a rir -Eu disse pra uma de vocês que não importa aonde você fosse, eu te seguiria. Arizona, eu estou indo pra você.

-Você não devia fazer isso -Tomo um susto ao olhar para o lado e ver Arizona -Não, não é ela, ainda sou você -Diz meu devaneio.

Levanto e começo a andar em direção a praia.

-Não é isso que ela quer pra você -Começa a falar de novo -Sei que você também tem a impressão de que precisa ser salva de si mesma -Fala e eu começo a chorar.

-Por mais que pareça irônico, agora sim eu vou poder me sentir viva pq estarei novamente com ela e dessa vez, eu prometo que vou fazer tudo certo, eu não vou machucar ela -Digo e algumas pessoas ao redor me olham estranho.

-Não faz isso -Alerta minha cabeça assim que eu chego a beira do píer.

-Eu tô indo encontrar com você -Digo puxando a versão falsa da Arizona pela gola da camisa e beijando ela, faço força no corpo dela nos jogando pra frente caindo dentro da água da praia, abro os olhos e vejo ela sumindo, continuo deixando a água entrar nos meus pulmões até que a vejo novamente, e dessa vez, eu sei que não é falso, dessa vez é ela quem me puxa pela gola da camisa e me beija, aos poucos sinto o ar faltar nos meus pulmões e eu sei que isso é a água entrando até que não sinto mais nada, abro os olhos e ela está ali, na minha frente, sem mais água ou dor, só ela.

-Senti sua falta -Digo.

-Eu sempre estive aqui -Diz ela me abraçando com força.

POV LÚCIA

Chego em casa um pouco cansada do trabalho, grito pelo nome da minha filha mas não ouço retorno até que entro no quarto dela e vejo um bilhete com remetente a mim me fazendo franzir o cenho.

Em várias partes da minha vida senti como se eu fosse um erro mãe, eu sei das coisas que você passou e por isso sempre aceitei a forma que você me tratava e sempre tentava ser o mais perfeita pra você, sempre tentei te dar orgulho, mas agora eu entendo, seus problemas não eram culpa minha, mas você também merecia mais, não mais de mim, mas, mais da vida e agora eu estou te dando isso, estou te dando a oportunidade de recomeçar, de ser a mulher que você sempre quis ser, sem mais impedimentos, seja lá o que você resolva fazer eu sei que eu terei orgulho de você, eu amo você, mas mamãe, agora você não terá mais quem te decepcionar.
Diga ao papai que eu também o amo mas que assim como vocês eu precisava ir atrás da minha felicidade, eu estou com a Arizona, não se preocupem, eu vou fazer tudo certo dessa vez.

Não! Não! Não, saio correndo desesperada pelo apartamento e vou até o apartamento da frente atrás de respostas.

-A Callie lembrou, ela lembrou, e ela, ela não tá em casa, ela deixou um bilhete, e ela não tá em casa, eu não sei -Digo desesperada assim que os Robbins abrem a porta e sou aparada por Bárbara que simplesmente me abraça -Eu não sei onde ela tá Bárbara, eu preciso dela -Digo chorando compulsória e ela só me abraça mais até que eu reparo na TV ligada no canal de notícias que eles aparentemente estavam assistindo, me solto de Bárbara e vejo que tanto ela quanto Daniel tem os olhos vermelhos e lágrimas saindo dos mesmo. Entro no apartamento ficando paralisada com a notícia.

-Nesta manhã foi encontrado um corpo de uma adolescente de 17 anos boiando perto da orla da praia, tudo indica que a adolescente identificada como Calliope Torres cometeu suicídio, de acordo com algumas pessoas que chegaram a ver a tal jovem, ela estava falando sozinha e não aparentava total lucidez, infelizmente ninguém a seguiu e a ajudou achando que ela estava drogada ou somente bêbada por estar falando consigo mesma, de acordo com psicólogos que reveram os fatos registrados pelas câmeras próximas ao local, Calliope apresentava um alto grau de esquizofrênia devido ao trauma ou talvez até culpa pois de acordo com informações de colegas da escola dela que passavam pelo local, a melhor amiga de Calliope também havia se suicidado há pouco tempo.

Ouço a notícia ser divulgada e simplesmente apago nós braços de Bárbara.

Do outro lado da cidade

-Filha, o que você tá fazendo? -Pergunta meu pai.

-Tô esperando ela papai, ela disse que vem, mas eu esqueci de perguntar o dia -Digo coçando a cabeça pelo meu esquecimento.

-Tá chovendo filha, provavelmente ela não vem hoje -Fala meu pai.

-Quando será que ela vem conhecer meus cavalos? -Sussurro olhando as gotas de chuva rolarem pelo vidro a fora.

FIM

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