Kenedy • família

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- As notícias não são boas. - Dr. Carine entra com alguns papéis na mão. - Seu bebê foi diagnosticado com Osteogênese Imperfeita tipo 2, uma doença rara que enfraquece os ossos. - olho pra Kenedy e vejo ele segurar o choro mas eu não aguento, começo a chorar porque já sei o que vem aí.

- E agora? - pergunto enquanto seguro a mão do meu marido.

- O bebê não sobreviverá muito tempo após o nascimento. - a médica completa.

- Isso quer dizer que.. - Kenedy começa.
- Teremos que induzir o parto. - a médica diz.

- Hoje? - consigo falar mesmo com o nó na minha garganta.

- Não precisa ser agora, mas precisa ser rápido. - ela explica como vai ser o procedimento e um enfermeiro trás os papéis pra gente assinar e recebi alta, o parto ficou agendado para três dias depois.

Nesse tempo, cuidamos de toda papelada com o cemitério, entramos num consenso que não haveria enterro, iríamos apenas cremar o corpo da minha criança, numa tentativa de acabar com o sofrimento mais rápido.
No dia marcado, voltei para o hospital e fui informada que uma equipe já estava a minha espera.

Me deram alguns remédios e em pouco tempo eu comecei a sentir as contrações, em menos de uma hora, minha pequena criança estava em nossos braços. A equipe médica nos deu um espaço e nesse momento estávamos apenas nos três, minha família.

- Otto s/s Nascimento. - falo com lágrimas nos olhos.

- Será sempre lembrado, meu garotão. - Kenedy alisa sua cabecinha.

- Nós te amamos tanto, meu filho. - digo.

- Desde o momento da descoberta até a última batida dos nossos corações. - ele completa.

- Ele parece comigo. - sorrimos.

- Eu sempre disse que ele parecia contigo. - Ele limpa minhas lágrimas e escutamos o barulho do monitor, informando que o coração do meu bebê tinha parado. Rapidamente uma enfermeira entra, desliga e nos deixa a sós novamente.

- Não era pra acontecer isso. - digo baixo. - Ele não poderia ter te tirado de mim, meu amor. - sinto meus olhos encherem de lágrimas de novo. - Eu espero que ele tenha os melhores planos pra você, porque eu nunca vou me conformar dele ter te tirado de mim. - Kenedy senta do meu lado na cama e me abraça de lado.

- Ele tem um plano, meu amor. Ele tem que ter. - beija minha cabeça.

Ficamos ali por horas até que Carine entra e diz que eles têm que preparar o corpinho dele, em questão de 24 horas, já estávamos voltando do cemitério com as cinzas. Decidimos fazer duas peças pra cada com diamantes feitos a partir das cinzas, para carregar Otto pra sempre com a gente, Kenedy escolheu dois anéis e eu um anel e um colar.

Passados exatos seis meses desde a morte do meu filho, estava na minha caminhada matinal na praia, tinha achado uma área tranquila em uma das minha corridas e desde então andava sempre por ali. Estava sentada na areia olhando para o mar, todos os dias pensava nele mas hoje em especial, desde a hora que acordei seu rosto não saia da minha mente.

- Eu queria tanto você aqui, meu filho. - limpo minhas lágrimas. Escuto um miado e vejo um gato preto se aproximar de mim. - Ei, como chegou aqui, amigão? - aliso seu pescoço e ele pula no meu colo. Não tinha ninguém por perto, nenhuma barraca, nenhuma boa alma e em todo meu caminho não tinha visto esse gato, ele estava sem coleira então presumi que ele fosse de rua. - Que tal ir pra casa, amorzinho? - Ele me olha e pela primeira vez presto atenção nos seus olhos âmbar. Sempre achei gatos pretos bonitos, mesmo as pessoas dizendo que eles são azar, comigo era o contrário, sempre que cruzava com um gato preto, meu dia melhorava.

- De quem é esse gato? - Kenedy estranha quando entro com o novo mascote nos braços.

- Achei na rua, acredita? Olha como ele é bonito. - Coloco o gato na cara dele e ele faz cara feia.

- Não gosto de gatos. - Ele vai pra cozinha.

- Problema teu. A gente vai ficar com ele. - aviso.

Desde a morte do Otto, seu quarto ficou trancado, qualquer lembrança sua era o suficiente para me dar pesadelos por longas noites, ainda não entendia o porque dele ter vindo e passado tão pouco tempo conosco.

Batman - todos os créditos deverão ser dados ao Kenedy porque ele escolheu esse nome. - estava bem agitado nos últimos dias, arranhando a porta do quarto do bebê e só queria ficar no nosso colo. Seu brinquedo favorito era meu colar e todas as vezes que estava com meu marido, mordia seu anel.
Uma tarde estava apenas o gato e eu em casa e ele não parava de miar e arranhar a bendita da porta.

- O que tu queres Bat? - recebo um miado em resposta. - Vamo procurar a chave. - pego o gato no colo e sigo para a cozinha procurar a chave da porta. - Pronto. Fique a vontade mas não bagunça porque se não você vai arrumar. - falo ao gato e ele entra no quarto.

- Trouxe o leite condensado que tu pediu. - Kenedy coloca as sacolas do mercado na bancada de mármore da cozinha.

- Esse fim de semana tem pudim. - falo enquanto faço minha dancinha comemorativa.

- Cadê o Batman? - Ele anda pela casa. - Bebê. - Ele grita e eu vou ao seu encontro. Vejo ele parado em frente ao berço, hesito um pouco mas chego perto, vendo o gato no maior sono agarrado a um travesseiro que tinha lá.

- Gato folgado, em? - Kenedy ri.

- Teu filho, amor. - Bato em seu braço e volto pra cozinha.

- Para Batman. - empurro o gato que tenta lamber minha barriga pela milésima vez.

- Ele ainda tá nessa? - Meu marido chega na sala com o balde de pipoca.

- Minha barriga tá doce, só pode. - sorrio.

- Amor. - Kenedy fala no meio do filme. - E se o Batman tá querendo dizer que quer um irmãozinho? - O olho confusa.

- Bebê.. - respiro fundo.

- Eu sei. - Ele alisa meu rosto. - Mas não custa nada tentar. -

- Sem criar expectativas? - pergunto.

- Sem criar expectativas. - Ele afirma.

- Positivo. - Kenedy diz olhando o teste. - Deu positivo, eu vou ser pai de novo. - Ele sorri com os olhos cheios de lágrimas.

- Tem certeza? - tomo o teste de suas mãos. - Amor.. -

- Nós vamos ser pais de novo. - Ele me pega nos braços e me gira. - Mais uma criança. -

- Nós vamos ser pais. - repito desacreditada e sento na cama, Kenedy se ajoelha e abraça minha cintura.

- Eu já te amo, bebê. - Ele fala com a boca colada na barriga.

- Que dessa vez dê certo e você nasça com muita saúde, minha criança. - Passo a mão na minha barriga enquanto Batman se aproxima lambendo ela.

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-S.

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