Andreas Pereira • Traição (pt.2)

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- Força amor. - Andreas falava enquanto segurava minha mão. - Só mais um pouquinho. -

- Eu vou te mataaaarrrr. - Urrava por causa da dor.

- Estou vendo a cabeça da primeira, S/n. - Minha obstetra dizia. - Continue assim, você tá ótima. -

- Ouviu, meu bem? Você está ótima. - Meu marido repete. - Só mais um pouco e nossas meninas estarão nos nossos braços. -

- Cala a boca. - Grito mais uma vez.

- S/n, concentra, só mais um. - A doutora pede e mais uma vez, faço uma força absurda. E logo sinto minha página sendo alargada de uma forma que eu não sabia que era possível. - A primeira já foi. -

- Porque ela não chora? - Pergunto tentando olhar pra baixo. - Porque? Cadê minha filha? Porque ela ainda não chorou? -

- Calma mamãe. - A mulher que estava sentada no meio das minhas pernas pede. - Papai, quer cortar o cordão? -

- Claro. - Andreas diz nervoso. Ele vai até ela e após suas instruções, corta e sorri pra mim.

- Porque ela não chora? - Pergunta mais uma vez. Intuição de mãe nao falha, tem alguma coisa errada.

- Ela nasceu prematura, S/n. - Doutora Viviane responde. - Ainda está se ambientando, ela vai chorar. -

Minha bebê tinha sido entregue a enfermeira que nos acompanhava, e pouco tempo depois começaram as dores novamente.

- A segunda quer vim. - A obstetra comenta. - Pronta? -

- Não. - Meus olhos enchem de lágrimas. - Minha filha não chorou. -

- Meu amor, ela vai chorar. - Andreas enxuga meu suor. - Se concentra na que tá vindo. -

- Vai olhar ela, vê direitinho pra ninguém trocar. - Seguro em sua mão. - E faz ela chorar. -

- S/n. - Dr. Viviane me chama. - Temos um problema. -

- Ah não. - Me desespero. - Minhas filhas. -

- Eu senti um pé. - Fala com a enfermeira. - Ela tá muito perto pra tentar virar. -

- Vai ter que fazer uma pélvica total. - A enfermeira fala com desdém. - É mais rápido. -

- Então vamo lá. - A obstetra sorri pra mim. - S/n, agora não vou te pedir força, o jeito que ela vai sair vai ser bem desconfortável porque ela tá em pé. -

- Ela vai ficar bem? - Era a única coisa que eu queria saber.

- Por sorte, eu sou a melhor nisso. - Sorri tentando me acalmar. Não rolou. - Com calma. -

- Calma. - Gargalho. - Calma. -

- Não ri, amor. - Andreas tira uns fios de cabelo do meu rosto.

- Não me chama assim, filho da puta. - Murmuro.

- S/n, concentra. - A obstetra diz. - Os pés saíram, agora o tronco e... Levanta os braços, meu amor... Isso, pronto. -

- Saiu? - Andreas pergunta e ela concorda. - Posso cortar o cordãozinho também? -

- Esse não. - A enfermeira chata chega perto. - Ela veio enrolada. -

- Como assim enrolada? - Tento me levantar novamente. - Alguém me diz alguma coisa. -

- Ela nasceu com o cordão umbilical enrolado no pescoço, mãe, mas tá tudo bem. - A obstetra me acalma. - Parabéns, S/n, não são todos gemelares que nascem de parto normal. -

- Minha esposa é incrível. - Andreas sorri pra mim. Seria uma cena linda, se ele não tivesse me traindo.

¤

- Mamãe? - Sinto uma mãozinha me cutucar e abro meus olhos devagar.

- Oi, meu amor. - Sorrio assim que vejo meu anjinho me olhando ansioso. - Como você tá? -

- Eu tô bem. - Sorri. - E a senhora? O papai disse que foi difícil. -

- Seu pai... Cadê ele? - Aliso seu cabelo.

- Ele foi levar a vovó e o vovô pra ver as manas, elas são tão pequenas, mamãe. - Diz mostrando o tamanho com as mãos. - A senhora já viu? - Nego. - Ah, eu acho que o papai não pode trazer elas aqui, porque estão numa casinha. O papai disse que foi porque elas nasceram pequenas. -

- Isso mesmo. - Me ajeito na cama. - A Júlia cuidou de você direitinho? -

- Até o vovô chegar. -

- Que bom, meu amor. - Sorrio orgulhosa com meu homenzinho.

- Ah, você já acordou? - Minha mãe chega no quarto. - Elas são lindas. -

- Cadê o Andreas? - Pergunto.

- Ele foi tomar café com seu pai. - Explica. - Aconteceu alguma coisa? -

- Eu preciso conversar com ele. Quando chegarem, levem o Gu daqui. - Peço.

- Tudo bem. - Minha mãe sorri.

Assim que os homens chegam, mamãe faz o que pedi e com muita luta, Gustavo foi com os avós.

- Meu amor... - Andreas começa. - Não vamos fazer isso agora, você precisa descansar. -

- Ela significou alguma coisa pra tu? - Ele respira fundo. - Apenas a verdade. -

- No começo sim. - Senta numa cadeira ao meu lado. - Era um escape, a gravidez me irritava, a pressão me irritava e ela era... um escape. Só isso. -

- E o que tu sente hoje? -

- Culpa. - Abaixa a cabeça. - E nojo. Muito nojo de mim. -

- Se arrepende? - Ele me olha e sorri desgostoso. - Palavras, Andreas. Eu preciso saber se é de verdade. -

- Muito, meu amor. Ver todo o esforço que tu faz pela nossa família só faz me sentir um merda. - Tenta controlar as lágrimas. - Não tem um momento que eu não me odeie. -

- Eu não quero desistir de tudo que construímos. - Murmuro. - Mas eu não posso aceitar traição. -

- Eu sei, meu bem. Eu sei. - As lágrimas começam a cair. - Me perdoa, isso não vai se repetir. Nunca mais. Eu juro. -

- Essa é a primeira e única vez que eu vou fazer isso. - Respiro fundo. - Eu não quero mais saber de recaídas, escapes, o que for. -

- Tudo bem, tudo bem. - Ele sorri.

- Se não aguentar, a gente acaba. Continuamos amigos mas não me traia novamente, entendeu? - Andreas balança a cabeça positivamente sorrindo. - Não posso dizer que tudo será como antes, mas vamos tentar novamente. Pelo bem das nossas crianças. -

- Eu te amo. - Levanta e me olha. - Muito obrigado. -

- Eu também, meu bem. - Puxo ele pra um abraço. - Eu também. -

❤🖤

9/10
Perdoariam?
Vão no meu mural e respondam minha última publicação namoralzinha.

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