- Força amor. - Andreas falava enquanto segurava minha mão. - Só mais um pouquinho. -
- Eu vou te mataaaarrrr. - Urrava por causa da dor.
- Estou vendo a cabeça da primeira, S/n. - Minha obstetra dizia. - Continue assim, você tá ótima. -
- Ouviu, meu bem? Você está ótima. - Meu marido repete. - Só mais um pouco e nossas meninas estarão nos nossos braços. -
- Cala a boca. - Grito mais uma vez.
- S/n, concentra, só mais um. - A doutora pede e mais uma vez, faço uma força absurda. E logo sinto minha página sendo alargada de uma forma que eu não sabia que era possível. - A primeira já foi. -
- Porque ela não chora? - Pergunto tentando olhar pra baixo. - Porque? Cadê minha filha? Porque ela ainda não chorou? -
- Calma mamãe. - A mulher que estava sentada no meio das minhas pernas pede. - Papai, quer cortar o cordão? -
- Claro. - Andreas diz nervoso. Ele vai até ela e após suas instruções, corta e sorri pra mim.
- Porque ela não chora? - Pergunta mais uma vez. Intuição de mãe nao falha, tem alguma coisa errada.
- Ela nasceu prematura, S/n. - Doutora Viviane responde. - Ainda está se ambientando, ela vai chorar. -
Minha bebê tinha sido entregue a enfermeira que nos acompanhava, e pouco tempo depois começaram as dores novamente.
- A segunda quer vim. - A obstetra comenta. - Pronta? -
- Não. - Meus olhos enchem de lágrimas. - Minha filha não chorou. -
- Meu amor, ela vai chorar. - Andreas enxuga meu suor. - Se concentra na que tá vindo. -
- Vai olhar ela, vê direitinho pra ninguém trocar. - Seguro em sua mão. - E faz ela chorar. -
- S/n. - Dr. Viviane me chama. - Temos um problema. -
- Ah não. - Me desespero. - Minhas filhas. -
- Eu senti um pé. - Fala com a enfermeira. - Ela tá muito perto pra tentar virar. -
- Vai ter que fazer uma pélvica total. - A enfermeira fala com desdém. - É mais rápido. -
- Então vamo lá. - A obstetra sorri pra mim. - S/n, agora não vou te pedir força, o jeito que ela vai sair vai ser bem desconfortável porque ela tá em pé. -
- Ela vai ficar bem? - Era a única coisa que eu queria saber.
- Por sorte, eu sou a melhor nisso. - Sorri tentando me acalmar. Não rolou. - Com calma. -
- Calma. - Gargalho. - Calma. -
- Não ri, amor. - Andreas tira uns fios de cabelo do meu rosto.
- Não me chama assim, filho da puta. - Murmuro.
- S/n, concentra. - A obstetra diz. - Os pés saíram, agora o tronco e... Levanta os braços, meu amor... Isso, pronto. -
- Saiu? - Andreas pergunta e ela concorda. - Posso cortar o cordãozinho também? -
- Esse não. - A enfermeira chata chega perto. - Ela veio enrolada. -
- Como assim enrolada? - Tento me levantar novamente. - Alguém me diz alguma coisa. -
- Ela nasceu com o cordão umbilical enrolado no pescoço, mãe, mas tá tudo bem. - A obstetra me acalma. - Parabéns, S/n, não são todos gemelares que nascem de parto normal. -
- Minha esposa é incrível. - Andreas sorri pra mim. Seria uma cena linda, se ele não tivesse me traindo.
¤
- Mamãe? - Sinto uma mãozinha me cutucar e abro meus olhos devagar.
- Oi, meu amor. - Sorrio assim que vejo meu anjinho me olhando ansioso. - Como você tá? -
- Eu tô bem. - Sorri. - E a senhora? O papai disse que foi difícil. -
- Seu pai... Cadê ele? - Aliso seu cabelo.
- Ele foi levar a vovó e o vovô pra ver as manas, elas são tão pequenas, mamãe. - Diz mostrando o tamanho com as mãos. - A senhora já viu? - Nego. - Ah, eu acho que o papai não pode trazer elas aqui, porque estão numa casinha. O papai disse que foi porque elas nasceram pequenas. -
- Isso mesmo. - Me ajeito na cama. - A Júlia cuidou de você direitinho? -
- Até o vovô chegar. -
- Que bom, meu amor. - Sorrio orgulhosa com meu homenzinho.
- Ah, você já acordou? - Minha mãe chega no quarto. - Elas são lindas. -
- Cadê o Andreas? - Pergunto.
- Ele foi tomar café com seu pai. - Explica. - Aconteceu alguma coisa? -
- Eu preciso conversar com ele. Quando chegarem, levem o Gu daqui. - Peço.
- Tudo bem. - Minha mãe sorri.
Assim que os homens chegam, mamãe faz o que pedi e com muita luta, Gustavo foi com os avós.
- Meu amor... - Andreas começa. - Não vamos fazer isso agora, você precisa descansar. -
- Ela significou alguma coisa pra tu? - Ele respira fundo. - Apenas a verdade. -
- No começo sim. - Senta numa cadeira ao meu lado. - Era um escape, a gravidez me irritava, a pressão me irritava e ela era... um escape. Só isso. -
- E o que tu sente hoje? -
- Culpa. - Abaixa a cabeça. - E nojo. Muito nojo de mim. -
- Se arrepende? - Ele me olha e sorri desgostoso. - Palavras, Andreas. Eu preciso saber se é de verdade. -
- Muito, meu amor. Ver todo o esforço que tu faz pela nossa família só faz me sentir um merda. - Tenta controlar as lágrimas. - Não tem um momento que eu não me odeie. -
- Eu não quero desistir de tudo que construímos. - Murmuro. - Mas eu não posso aceitar traição. -
- Eu sei, meu bem. Eu sei. - As lágrimas começam a cair. - Me perdoa, isso não vai se repetir. Nunca mais. Eu juro. -
- Essa é a primeira e única vez que eu vou fazer isso. - Respiro fundo. - Eu não quero mais saber de recaídas, escapes, o que for. -
- Tudo bem, tudo bem. - Ele sorri.
- Se não aguentar, a gente acaba. Continuamos amigos mas não me traia novamente, entendeu? - Andreas balança a cabeça positivamente sorrindo. - Não posso dizer que tudo será como antes, mas vamos tentar novamente. Pelo bem das nossas crianças. -
- Eu te amo. - Levanta e me olha. - Muito obrigado. -
- Eu também, meu bem. - Puxo ele pra um abraço. - Eu também. -
❤🖤
9/10
Perdoariam?
Vão lá no meu mural e respondam minha última publicação namoralzinha.
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Flamengo || One shots
FanfictionCom meu manto sagrado, minha bandeira na mão. O Maraca é nosso. Vai começar a festa! Finalizada.