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As vezes me pergunto qual o sentido de sempre corrermos em direção à luz, mesmo sem saber o que tem atrás dela, não adianta, a luz atrai os nossos olhos, a tornando tão magnífica e repleta de mistérios.
Mas será que nos demônios, podemos sentir a luz também? Agora não importa mais, mesmo que eu não sinta, eu tenho agora a minha própria luz.
Quando eu acordo, vejo Marie. Suas mãos estão em uma tonalidade verde bem clarinha. No submundo nunca tivemos curandeiros mágicos, sempre médicos e enfermeiros normais, talvez esse seja um dos motivos de termos em relação a guerras, o maior índice de perdas de todos os seres.
Agora eu estou pensando. Será que eu vim em direção a luz dela? Não sei, e nem importa mais também. Ela é, e prometo que sempre será a minha preciosa luz. Alguém que me faz esquecer minhas maldições e minhas restrições como demônio.
-Vejo que acordou- ela me olha feliz- já estava ficando preocupada com você.
-Agradeço- eu ainda respiro com dificuldades- pelo que posso ver você arrumou uma nova habilidade, mas o que houve com a tenda dos médicos?
-A maioria deles fugiram um pouco antes, disseram que uma garota destruiu tudo lançando uma lança gigantesca.
Começo a ficar um pouco afoito. A maioria dessas armas gigantes e com as melhores excelências são fabricadas pela família Leviatã. E atualmente só quatro pessoas têm tão disposição para construí-las.
-Preciso encontrar o Ygor imediatamente- digo.
-Mas e eu?
-Você arrume mais uma tenda e a monte, precisamos curar dos feridos.
-Ok.
Saiu voando, passo em cima de muitos mortos, feridos, comandantes, também avisto Leviatã. E logo me recordo da fala de Marie, "A maioria deles fugiram um pouco antes, disseram que uma garota destruiu tudo lançando uma lança gigantesca." Será que foi Leviatã? Será que ela sabe quem está fazendo isso? Me aproximo um pouco mais e vejo Ygor.
-YGOR- grito como se não tivesse nada a perder.
Mas isso foi em um minuto com uma falta de atenção. Um bastão gigantesco e silencioso o acertou, o vi voando em direção ao chão, mas não era um homem que manipulava aquela arma gigantesca.
Aquela silhueta me parecia muito familiar, aquele sorriso, aquele sangue em suas roupas. Mas não podia ser, o que ela estaria fazendo aqui? E como conseguiu voltar? Pelo que eu me lembro, todos que são banidos ao mundo humano tem suas memórias apagadas.
-Pelo que me parece, terei que arrancar as asas de algum Fenix também -até a sua voz me é familiar.
Mas aquela visão me assusta, Ygor está estirado ao chão, e sangrando muito ainda por cima. E ela ainda fica rindo, como se não o conhecesse.
-Não YGOR- paro ao seu lado e começo a chorar.
-Não foi nada pequeno Fenix.- ele está ficando inconsciente.
-Isso tudo foi minha culpa- me da vontade de me jogar ao chão e não sair mais de lá.
Mesmo sem reparar eu havia esquecido que minhas lágrimas tinham poder de cura, e não intencionalmente elas estavam caindo em cima dele curando as suas feridas e cansaços. Logo ela para ao meu lado e diz:
-E agora? Você está preparado?

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