9 - Ao Limite

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O meu agressor parecia ser um elfo, mas era grande e forte, quase como um ogro. Seu aperto era firme e ele parecia muito disposto a tirar a minha vida. Felizmente, ou infelizmente, ele não era o primeiro a tentar isso.

Seus braços estavam em volta dos meus, impedindo que eu os movesse, mas consegui segurar seu pulso, para que ele não me cortasse com a faca. Com um rápido movimento eu pisei forte em seu pé, e então, com a mão ainda agarrando o seu pulso, eu me virei de frente para ele e lhe dei um chute no estomago.

O elfo robusto cambaleou para trás com a mão na barriga enquanto tentava recuperar o folego, porém eu fui surpreendida por um segundo elfo, que veio por trás de mim e me puxou pela cintura enquanto segurava minha boca para que eu não gritasse.

O elfo foi praticamente me arrastando até uma das salas enquanto eu me debatia. Por fim eu mordi a sua mão e ele me soltou, mas era um pouco tarde demais.

Estávamos numa sala qualquer, sem janelas, apenas uma mesa com algumas poucas cadeiras e alguns enfeites na parede que não tive tempo de analisar.

Outro elfo estava ali dentro, este era mais alto e mais magro que os demais.

Os três elfos, incluindo o grandão que eu havia desnorteado alguns segundos antes, me cercaram dentro daquela sala e eu me preparei para lutar.

Meu ombro doída e eu ainda estava um pouco tonta, mas talvez conseguisse dar conta de três elfos estúpidos.

O mais alto e magro tinha uma faca nas mãos e me encarava com um sorriso de quem estava satisfeito com a situação.

— Olá... humana. — ele fez uma careta de nojo.

Me aproximei alguns passos dele e então fiz o que sabia que o incomodaria mais do que qualquer coisa. Cuspi nele.

Minha atitude resultou em um elfo furioso e isso não melhorou muito a minha situação.

— Segurem ela. — ele pediu.

Não tive tempo para contestar, pois logo os outros dois agarraram os meus braços e me seguraram, então ele se aproximou e me deu um soco na barriga tão forte que me tirou todo o ar.

— Sua tola. — disse ele.

— Seu covarde! — retruquei ainda sem ar.

Ele riu e então pegou algo que estava em cima da mesa e que eu não havia reparado. Era uma algema, igual a que costumávamos usar prisioneiros com magia.

— Vocês também têm isso? — resmunguei baixo.

Ele segurou meu queixo, erguendo meu rosto para cima e sorriu.

— De onde acha que seus humanos idiotas copiaram a ideia? — ele disse — Nós criamos essas algemas. Imagine a nossa surpresa quando a vimos colocar uma em nosso rei?

Ele balançou a cabeça e me pegou pelos pulsos, mas eu não iria facilitar. Comecei a criar chamas em minhas mãos fazendo com que ele se afastasse, porém os outros dois agarraram os meus pulsos simultaneamente e começaram a congelar minhas mãos.

Gritei de dor e minhas chamas se extinguiram quase que imediatamente, então o elfo alto me prendeu.

Assim que as algemas se fecharam eu senti um completo vazio dentro e fora de mim, como se nada mais existisse e eu flutuasse na escuridão e a escuridão estivesse dentro de mim.

— Prontinho. — comemorou o elfo — Agora você pode começar a falar. Onde está o rei?

Balancei a cabeça tentando voltar à realidade e encarei a criatura à minha frente. Ele esperava uma resposta de mim, mas se ele pensava que eu iria cooperar assim tão fácil estava muito enganado.

Ele aproximou o rosto do meu com um olhar sério.

— Vou perguntar só mais uma vez. — ele avisou — Onde está o nosso rei?

Sorri ao perceber o quão perto ele estava de mim e então agi. Dei-lhe uma cabeçada tão forte quanto eu conseguia, acertando-o bem no nariz. Depois puxei meu braço com força de uma só vez para me soltar do aperto do elfo à minha direita, me virei para o da esquerda, o grandão, e o chutei entre as pernas.

O da direita tentou me agarrar novamente, então eu desviei dele com um giro e lhe dei uma rasteira, derrubando-o no chão.

O alto já havia se recuperado e estava com a faca em punho, mas eu não deixaria que eles me parassem de novo.

Desviei da sua estocada, juntei minhas mãos e bati em seu rosto com elas, depois o chutei na barriga, jogando-o contra a mesa.

Os outros dois já estavam prontos para a briga de novo. Corri até um deles, dei um salto e me agarrei em suas costas o enforcando com as algemas.

Quando vi que o grandão já estava indo defender o amigo eu pulei das costas dele, aproveitando o movimento para dar um chute na cara do grandão, e usando o peso do meu corpo eu aterrissei no chão e ergui o corpo do outro, jogando-o contra o chão.

Foi quando o elfo mais alto cometeu seu primeiro erro e jogou uma rajada de neve contra mim.

Não desviei do ataque, apenas estiquei as minhas mãos e deixei que as correntes se abrissem e caíssem no chão.

Sorri ainda mais. Mesmo eu estando com frio e com dor aquilo estava sendo divertido.

Chamas nasceram das minhas mãos e o mundo pareceu voltar a ser mundo. A magia fluiu completamente e abundantemente inundando toda aquela sala com labaredas de fogo incandescentes. Nunca me senti tão viva.

Fechei meus olhos e deixei o fogo crescer e se espalhar até que comecei a ouvir os gritos de dor e desespero dos elfos.

Os gritos eram horripilantes e por isso eu parei, abri meus olhos e absorvi todo o fogo do lugar, fazendo com que o incêndio se extinguisse por completo, revelando um cômodo todo negro e queimado e três elfos com queimaduras horríveis pelo corpo todo, mas ainda vivos.

Me senti mal por eles, mas também me senti aliviada por ter acabado aquela luta. Meu corpo todo doía, principalmente o meu ombro, e eu me sentia exausta. Havia exagerado demais.

Segundos depois alguns dos meus guardas chegaram afoitos, sem entender direito o que havia acontecido. Vieram porque o fogo lhes chamou a atenção.

A porta estava toda arrebentada e queimada e havia fumaça por todo o lugar.

— Prendam eles. — foi tudo o que eu consegui falar quando os guardas entraram.

Meus sentidos sumiram e eu desmaiei.

Tatsuya - A Rainha DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora