42 - Destino

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Encarei a vasilha cheia de terra e me concentrei, porém nada aconteceu.

O elemento terra estava sendo mais difícil de domar do que eu esperava.

Soquei a mesa com raiva. Era muito frustrante quando as coisas não aconteciam como eu queria.

— Fique calma, você vai conseguir. — garantiu Aibek.

— Não sei se vou. — confessei — Eu estava confiante antes por que tudo parecia me levar a esse momento. Parecia ser o meu destino encontrar as Pedras e dominar a magia, mas agora... Parece loucura.

— Talvez você só precise relaxar um pouco. — sugeriu ele.

Balancei a cabeça.

— É impossível relaxar.

— Mas você precisa. — insistiu — Ou não vai conseguir se concentrar.

Bufei.

— Tudo bem. — cedi — Eu vou para o meu quarto descansar um pouco. Talvez mais tarde tente de novo.

— Não quer ir para o meu quarto ao invés disso? — ele perguntou com um sorriso malicioso.

O encarei.

— Não. — respondi séria.

Parte de mim quis aceitar a proposta, mas eu precisava ter foco no meu objetivo e aquele elfo estava sendo uma distração, uma que eu não podia me dar ao luxo de ter.

— Talvez seja melhor você ir. — concluí — E eu ficarei aqui sozinha por mais um tempo.

— Tem certeza?

Desviei o olhar para o lado, resistindo à tentação.

— Tenho. — respondi — Eu preciso ficar sozinha.

— Tudo bem. — disse ele com uma expressão decepcionada.

Abri a porta da sala secreta e esperei que ele se fosse, então me sentei no chão, segurando meus joelhos contra o peito.

Eu estava desanimada e perdida, queria muito que minha mãe estivesse ali comigo e então aquela jornada toda não seria necessária. Desejei sentir seu abraço. Queria poder voltar no tempo e fazer com que tudo fosse diferente. Desejei partir.

De repente senti uma mão em meu ombro e ergui a cabeça assustada.

Por um momento quase pensei que poderia ser a minha mãe, mas era o espírito da elfo mais uma vez.

— Você vai conseguir. — ela disse — Eu vou te mostrar.

A mão da elfo se estendeu para mim e surpreendentemente ela me ajudou a levantar.

— Toque na Pedra. — ela ordenou.

Olhei-a assustada.

— Não posso fazer isso. — respondi.

— Sim, você pode. — ela disse — Os humanos foram amaldiçoados, mas parte de você não é humana. Parte de você é uma deusa e por isso você vai resistir. Não deixarei que você morra, assim como fiz da outra vez.

Franzi a testa confusa.

— Deusa? — perguntei — Do que você está falando?

— Logo você entenderá tudo. — ela garantiu — Agora confie em mim.

Olhei para a Pedra da Terra e depois para a elfo e ela assentiu me encorajando.

Respirei fundo e estendi a mão.

Hesitei um pouco, mas a Pedra parecia chamar por mim. Eu precisava tocá-la, então foi o que eu fiz, e nesse exato momento eu senti como se meu corpo estivesse sendo esmagado. Cada centímetro de mim estava em completa agonia, como eu nunca havia sentido antes.

Eu não ia suportar.

Senti a mão da elfo segurar a minha e eu me lembrei que devia aceitar a dor, mesmo que isso não parecesse certo.

Tentei encontrar a calma, mesmo que todos os meus ossos parecessem estar sendo quebrados ao mesmo tempo por toda uma eternidade, eu aceitei, e então a dor aos poucos foi desaparecendo e dando lugar a uma sensação de força.

Respirei fundo e senti que poderia mover uma montanha se quisesse.

Um latejar em minha cabeça me fez perceber que os chifres, antes não nascidos, agora se projetavam como os córneos de um fauno, fazendo uma curva até a altura do meu queixo.

Toquei neles, sentindo a textura áspera e dura em minhas mãos, mas não tive repulsa como das outras vezes. Era como se aquela aparência devesse ser a minha desde sempre.

Olhei para os lados à procura da elfo, mas ela já havia desaparecido novamente.

Fui até a vasilha de terra que usava para o treinamento e em minha mente visualizei um movimento. Bati o pé com força no chão e toda a terra da vasilha começou a estremecer. Ergui os punhos para o alto e a terra se espalhou pelo ar. Juntei os punhos em frente ao corpo e toda a terra se compactou, formando uma rocha.

Admirei, orgulhosa de minha nova habilidade, e tive mais uma vez a certeza de que conseguiria completar minha missão. Eu era capaz.

Tatsuya - A Rainha DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora