24 - Inapropriado

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Fazia alguns minutos que estávamos no céu e meu corpo todo estava tenso, ciente do elfo que estava atrás de mim. Ele estava me segurando firme, talvez com medo de cair, afinal havia esse risco, mesmo que eu já estivesse acostumada.

— Isso é incrível. — ele falou de repente, alto o suficiente para que eu o entendesse apesar do vento que batia em minhas orelhas.

Dei uma olhada para baixo, para o deserto que estávamos deixando para trás, e depois para o céu azul claro com algumas poucas nuvens brancas e sorri.

— É sim. É incrível. — concordei.

— Mas também é aterrorizante. — ele completou.

Ri.

— Está começando a me queimar. — reclamou — Será que podemos fazer uma pausa rápida?

Olhei para baixo e ponderei. Ainda estávamos sobre o deserto, mas talvez fosse melhor parar um pouco, eu precisava conferir o mapa.

— Tudo bem. — respondi.

Descemos sobre a areia e eu olhei para os dois lados. Dali não dava mais para ver o oásis.

— Estranho... — comentei — Ainda deveria estar visível.

Aibek franziu a testa e olhou ao redor também.

— Fala daquela cidade abandonada?

— Sim. Não estamos assim tão longe, estamos?

Ele ergueu os ombros.

— Estamos um pouco sim, mas... Acho que a cidade é protegida por magia. Eu também não a havia enxergado até ver o fogo que seu dragão estava cuspindo para o céu. Se não fosse por isso é provável que eu não tivesse te encontrado.

Fiquei pensativa.

Talvez eu só tivesse encontrado o lugar por que estava voando... Era uma possibilidade.

Sem ter a cidade como ponto de referencia eu precisei de um pouco mais de esforço para me localizar. Peguei o mapa na bolsa e comecei a considerar os trajetos.

— Eu só tenho um pouco de água... — ouvi o elfo resmungando.

Olhei para ele e o vi segurando um cantil e o encarando como se isso fosse fazê-lo se encher de água. Talvez fosse.

— Terei que usar essa água para fazer um tipo de barreira mágica entre mim e o seu dragão, antes que ele cozinhe meus ovos. Tem algum rio por perto para irmos depois daqui?

Demorei algum tempo até entender o que ele havia falado. Assim que me dei conta, meus olhos automaticamente desceram até a parte da frente de sua calça. Desviei o olhar logo depois.

— Você não consegue criar água? — questionei, encarando o mapa.

— Ah... Não. Eu só consigo usar a água já existente no ar, no ambiente, em coisas, ou seres... Mas, como você pode ver, não há muita umidade por aqui, e eu deduzo que você e o seu dragão estejam tão desidratados quanto eu.

— Entendi. — falei em voz baixa — Apenas se apresse. Vuur está com fome e você não vai querer ser feito de lanchinho. Ele gosta de ovos cozidos. — brinquei.

Aibek pigarreou.

— Tudo bem. — respondeu.

Me virei de costas e voltei a encarar o meu mapa, traçando mentalmente o nosso caminho até o rio mais próximo.

— Certo... — anunciei — Estamos de partida.

Vi Aibek fazendo alguns movimentos com as mãos, e uma camada fina de gelo se formou sobre a sua capa branca, que ainda estava nas costas de Vuur.

Tatsuya - A Rainha DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora