1 - A Notícia

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Tudo começou com uma notícia. Eu já esperava por ela uma hora ou outra, mesmo assim foi difícil recebê-la.

- Alteza... - cumprimentou o capitão com um olhar triste. - O seu pai...

Acenei com a cabeça, sem precisar de mais explicações.

Engoli em seco e respirei fundo.

- O papai morreu? - perguntou minha irmã, que estava ao meu lado.

Capitão Foggi acenou com a cabeça confirmando.

- Sinto muito. - disse ele.

- Mandem os soldados recuarem e montarem acampamento no bosque de outono, e tragam o corpo de meu pai para ser velado. - ordenei - Mandarei preparar o velório.

- É claro Alteza. - ele concordou já saindo.

Ao olhar para a minha irmã, sentada em sua cadeira de rodas, meu coração se apertou por ver suas lágrimas.

- Levem-na ao quarto. - pedi aos servos - Ela precisa ficar sozinha.

Eles acenaram, mas antes que fossem eu me abaixei e olhei em seus olhos com firmeza.

- Vá para o quarto e chore o quanto for necessário, mas depois lave o seu rosto e se arrume. Quero você apresentável para o velório de nosso pai. Precisamos ser fortes agora. Papai iria querer isso.

- Sim, vossa alteza. - ela concordou sem ânimo.

Eu não gostava quando ela me tratava desse jeito, mas era assim que sempre me chamava quando estava chateada.

Daquela vez, no entanto, eu não me importei. Sabia que aquele momento seria difícil para ela.

No dia anterior eu havia recebido uma mensagem avisando que meu pai havia sido ferido em batalha, porém, ao invés de recuar e voltar para casa, ele decidiu continuar, o que não me surpreendia.

Eu sabia bem o que estava por vir e era minha responsabilidade assumir tudo aquilo.

A tarde se passou e ao fim do dia estava tudo pronto.

O corpo de meu pai foi colocado num caixão todo esculpido com desenhos que lembravam labaredas de fogo.

Ele estava bonito, apesar de tudo, porém seu rosto, agora sem vida, já não tinha mais aquela cor castanho avermelhado brilhante de antes, a qual eu havia herdado dele, agora estava opaca e fria.

Minha irmã se esforçava para não chorar, mas de tempos em tempos eu a via secar o rosto discretamente.

Mantive-me firme, como uma rocha, de pé ao lado direito do caixão, olhando para frente enquanto as pessoas vinham dizer seu adeus e dar os seus pêsames.

Meu pai havia me ensinado a ser forte e a manter a postura, e eu não o envergonharia em sua morte.

Depois do velório nós enterramos o caixão nos jardins do castelo, no cemitério da família real, ao lado do de minha mãe.

Encarei o chão enquanto via a terra sendo jogada sobre o buraco, me dando conta de que apartir daquele momento eu era a rainha.

...

Vesti minha armadura preferida, feita sob medida para mim, em aço escuro que podia suportar muita pressão e calor, e me preparei para a viagem.

Ninguém queria que eu partisse, mas eu não podia deixar que a morte de meu pai fosse em vão. Eu precisava terminar o que ele havia começado.

Minha irmã estava aos prantos quando fui me despedir.

- Não quero que vá. - disse ela - Não pode ao menos esperar?

- Se eu esperar, vamos perder a nossa chance. - expliquei - E então eu teria que recomeçar do zero.

Vesta entendia, eu sabia disso, ela só não queria aceitar. O risco era grande demais e se eu morresse também ela acabaria sozinha.

- Prometo que voltarei em breve. - falei determinada, mesmo sabendo que poderia não voltar. - Vou encontrar as Pedras e trazer eles de volta.

Vesta assentiu, mas sua expressão ainda era de tristeza.

Suspirei, tentando esconder o medo e a insegurança que eu também sentia e então fui até o terraço.

Vuur, meu dragão de fogo, apareceu rasgando o céu com suas asas negras, pousando em minha frente e me encarando nos olhos como quem diz que sente muito.

Vuur sabia como eu me sentia, mesmo que eu não demonstrasse.

Subi em suas costas e me agarrei em sua pele escamosa e áspera, me aconchegando em seu calor.

Voamos livremente pelo céu em direção ao bosque de outono, onde eu encontraria meus soldados e continuaria a missão de meu pai, em busca da Pérola do Mar.

Tatsuya - A Rainha DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora