20 - Enigma

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Por um momento eu pensei que fosse morrer. Meu coração deu um salto em meu peito e eu gritei até meu corpo se chocar contra o chão.

A queda foi grande, mas não o suficiente para me machucar seriamente. Me levantei devagar sentindo meu corpo todo dolorido e tentei enxergar alguma coisa em volta. Estava escuro demais, então fiz uma pequena chama em minhas mãos na tentativa de iluminar o ambiente.

O lugar todo era uma sala ampla, com o chão coberto de areia e repleta de ossos de criaturas mortas já há muito tempo. O cheiro não era muito agradável e a visão menos ainda.

No meio da areia havia alguns insetos parecidos com grandes besouros com carapaças que cintilavam em tons de azul e verde. Me lembrei de ter visto alguns desenhos desse bicho na parede do trono, na sala onde eu estava antes.

Olhei para cima e a única saída visível era por ali, no buraco retangular por onde eu havia caído.

Suspirei e analisei as minhas alternativas para subir até lá. Era alto demais para alcançar e a parede era feita de pedras, mas era lisa demais para escalar. Tentei mesmo assim, mas falhei miseravelmente, caindo em todas as tentativas.

No fim o cansaço me venceu e eu já não estava aguentando nem ficar em pé.

Aqueles ossos que estavam ali pareciam estar me encarando e aquele não era o melhor lugar para se deitar e descansar, então eu apenas me apoiei na parede e respirei fundo.

Fiquei parada ali por um tempo, com os olhos fechados, quando senti algo pinicando em meu dedo do pé. Era um daqueles besouros estranhos.

Balancei o pé para que o inseto saísse de perto, mas quando fiz novamente uma pequena chama em minhas mãos para enxergar o ambiente percebi que havia vários deles, e que todos estavam indo em minha direção, como se eu os estivesse atraindo.

Usei o fogo para espantá-los, queimando os que estavam mais próximos de mim, mas eles não paravam, quase como aconteceu com os golens.

Comecei a jogar rajadas de fogo, tentado mantê-los longe, mas não funcionou, então eu me desesperei um pouco, fazendo o fogo se espalhar mais.

Eles eram apenas insetos, mas era estranha a forma como estavam agindo e eu não sabia muito bem o que eram.

Nesse momento em que eu estava quase em completo desespero ouvi uma voz chamando por mim. A voz era conhecida e eu sinceramente não podia imaginar como isso era possível.

Olhei para cima e me surpreendi ao ver Aibek, o elfo.

— Você está aí. — ele disse com a maior naturalidade.

Quase pensei que aquilo fosse algum tipo de alucinação mais uma vez.

— Espera. — ele pediu — Eu tenho uma corda aqui.

Achei aquilo completamente estranho, mas não falei nada, não havia tempo para contestar ou para fazer perguntas, continuei tentando espantar os insetos que agora estavam em menor número, mas ainda tentavam se aproximar de mim.

Ele jogou uma corda já com um nó de laço feito na ponta. Olhei para a corda e hesitei, depois olhei para o chão, vendo mais insetos surgirem da areia e não tive outra escolha. Apoiei o meu pé no laço e segurei firme na corda, então Aibek começou a me puxar.

— Prontinho... — ele disse me estendendo a mão quando cheguei lá no alto.

Esperei até estar segura do lado de fora daquele buraco para então o encarar.

— O que faz aqui? — eu questionei — Como me encontrou?

— O seu dragão ali fora. — ele disse — Ele estava lançando fogo para o alto quando eu estava passando perto daqui. Foi impossível não ver.

Tatsuya - A Rainha DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora