14 - Troca

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- Mantenha-se por perto. - pedi a Vuur, mesmo sabendo que ele já faria isso.

Ulrick se aproximou de nós, trazendo nossos cavalos pelas rédeas.

- Estamos prontos. - avisou ele.

Lancei um último olhar para o meu dragão enquanto ele se erguia para o céu, iniciando seu voo, e então subi no meu cavalo.

Aibek surgiu com uma pequena bolsa em suas costas e um arco transpassado em seu peito, automaticamente fazendo o rosto de Ulrick se enrugar numa carranca aborrecida.

Em silêncio nós nos juntamos ao restante do grupo e começamos a nossa viagem.

Assim que fizemos a primeira parada eu resolvi verificar os corpos para me certificar de que chegariam em casa intactos. Olhar a quantidade de cadáveres nas carroças me enchia de remorso, mas era necessário para me lembrar de nunca mais colocar a vida de tantos homens em risco.

Encarei minhas mãos, me perguntando se eu conseguiria usar a magia de gelo, quando ouvi passos atrás de mim.

- Precisa de ajuda? - perguntou Aibek, aparecendo de repente.

- Talvez. - confessei com um suspiro - Não quero que eles se descongelem.

- Posso mantê-los congelados pra você. - ofereceu ele.

Balancei a cabeça em negação.

- Quero fazer isso eu mesma. - expliquei - Poderia me ensinar?

Aibek assentiu e se aproximou de mim.

- Não deve ser muito difícil. - começou ele - Usar magia é como mover o corpo: Sua mente dá o comando e seu corpo obedece. De início, talvez, você só precise dar esse "comando" de maneira mais consciente. Usar gestos ou palavras pode ajudar. Ou pode só fechar os olhos e se concentrar no que quer.

Fiz o que ele falou. Fechei meus olhos e me concentrei. Pensei em gelo e imaginei esse gelo se espalhando. Estendi as mãos em direção às carroças e então senti um frio percorrer meu corpo.

Abri meus olhos e observei admirada o que eu havia acabado de fazer. A magia funcionou, mas não tive tempo de comemorar. Minha visão escureceu e o chão pareceu se inclinar em minha direção.

Senti os braços de Aibek me segurando e agarrei nas mangas de sua túnica para manter o meu equilíbrio.

- Você está bem? - perguntou ele.

Fechei os olhos com força e respirei fundo duas vezes.

- Acho que sim. - consegui responder.

Ao abrir os olhos outra vez percebi o quão perto seu rosto estava do meu e me afastei bruscamente, quase tropeçando, fazendo com que ele me segurasse mais uma vez.

- Eu estou bem. - teimei, me soltando dos seus braços e colocando uma distância de dois passos entre nós.

- Tem certeza? - perguntou ele.

Ajeitei minha postura e a minha roupa.

- Estou bem. - repeti - Foi apenas um mal estar.

- Acho que seu corpo ainda não se acostumou com a energia nova...

Ergui os ombros sem saber.

- Acho que posso te ajudar. - ofereceu ele - Sei que já fizemos muitos acordos, mas gostaria de propôr ainda mais um, talvez o último.

- Você nunca consegue só oferecer sua ajuda sem pedir nada em troca? - questionei com os braços cruzados.

- Até sei. - confessou ele - Mas por quê eu faria isso por você se posso me beneficiar?

Revirei os olhos.

- O que você quer propôr afinal?

- Quero aprender a lutar.

- Aprender a lutar? - repeti - Para quê?

- Para me defender. - respondeu ele - Sou muito habilidoso com minha magia, mas sou inútil sem ela.

- Entendi. - ri - Está com medo que eu coloque uma algema em você de novo?

- Medo, não. - ele disse - Apenas quero estar preparado para o futuro.

- Tudo bem... - concordei - E o que exatamente eu ganharia em troca?

- Posso te ensinar todos os truques que sei. - respondeu ele - Ensinar você a dominar completamente a magia da Pedra da Lua.

- Isso é tentador. - admiti - Mas eu gosto da sua inutilidade.

- Eu também prefiro que você não saiba usar magia. - respondeu ele.

- Então por quê essa proposta?

Ele ergueu os ombros.

- Quero ver até onde você vai chegar, - respondeu - quero saber se vai conseguir e quero aprender a lutar.

- O que te move é a curiosidade? - eu quis saber - Ou está planejando algo?

Aibek sorriu e ergueu os ombros mais uma vez, mas não respondeu nada.

Era óbvio que ele estava tramando algo e que todos aqueles acordos eram algum tipo de armadilha elaborada na qual eu estava caindo pouco a pouco. Mas eu teria outra escolha?

- Você vai mesmo me ensinar TODOS os truques que sabe fazer com magia? - perguntei.

- Todos os que eu conseguir ensinar enquanto estiver com você. - respondeu ele - Já que eu não sei quanto tempo isso vai durar.

Assenti.

- Se não me enganar, eu não te engano. - falei estendendo a minha mão.

O elfo sorriu mais uma vez, talvez lembrando que ele mesmo havia me falado algo parecido não muito tempo atrás.

- Não vou te enganar. - garantiu ele, apertando a minha mão.

Tatsuya - A Rainha DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora