Música reflexiva que toca enquanto se olha pela janela do ônibus lotado

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— Alex...

Stephen segurou as mãos de Alex, que estava tão excitada quanto ela, e as colocou acima de sua cabeça. Seu íntimo ia de encontro ao seu e ela não conseguiu conter o gemido que fugia de sua garganta, repleto de prazer.

Stephen desejou aquele momento com Alex por tantas noites que era difícil de acreditar que realmente estava acontecendo. Alex podia sentir os sentimentos por Stephen borbulharem ainda mais do seu peito, querendo gritar aquilo para que ela pudesse saber em alto e bom som.

Stephen descia com sua boca pelo pescoço de sua amante e...

— Vitória, se eu te pegar com esse telefone na aula de novo, você vai ficar de castigo.

— Desculpe, professora – guardo o telefone na mochila, e olho de relance pra Cris, que esconde os fones de ouvido com o cabelo e finge prestar atenção na aula olhando pra frente.

O que eu disse sobre me interromperem nos melhores momentos? Pois é.

O problema é que quando eu leio uma história, eu fico tão vidrada nela que não consigo parar até terminar, ou pelo menos ler boa parte dela. Daí você deve estar se perguntando se eu sou maluca ou tenho algum problema de passar tanto tempo no "mundo da lua", como meus pais dizem.

A verdade é que sempre foi assim, e não conheço uma realidade diferente da minha. Desde criança, sempre gostei de imaginar situações e histórias. Eu sendo a protagonista, a vilã ou aquela que só acompanha tudo de longe. As coisas sempre parecem mais legais na minha cabeça do que fora dela, e talvez seja por isso que gosto tanto de atividades que me desliguem da realidade, seja exercendo um papel em um jogo ou quando mergulho no universo que estou lendo. Cada um com seu modo de escapismo, como dizem.

É que, na maioria das vezes, a realidade é frustrante. Passamos a vida focando na vida interessante que os adolescentes das séries e filmes vivem e quando vemos que na verdade é tudo mentira, e que na real as coisas são bem menos interessantes e muito mais vazias, você percebe como as coisas realmente são. Sim, sei que parece que agora estou falando difícil e que não pareço estar sendo uma carente que só pensa em mulher o tempo todo, mas é porque focar em banalidades é melhor do que encarar a crueza do cotidiano. Já percebi que pensar demais em uma coisa só te deixa pior.

— Você só vai sossegar quando confiscarem teu telefone, pelo visto... – Cristina comenta ainda olhando pra frente.

— Ficar de castigo é bem melhor do que essa aula de física – respondo antes de começar a rabiscar meu caderno.

Dá o tempo da nossa saída, e quando finalmente pego o telefone, tenho uma notícia tão boa que nem consigo esconder minha reação de animação.

— O que foi, agora? – Cristina diz ao me olhar de relance, pegando suas coisas – Comentário novo nas tuas histórias?

— Ah, não, não – nego com a cabeça – não é nada demais.

— Vai lá em casa mais tarde?

— Não, eu vou lá pra casa do Heitor – respondo, guardando o telefone.

— Mas não é só dia de quinta que você vai pra lá? – ela cerra as sobrancelhas.

— Não é necessariamente só na quinta que nos encontramos...

— Mas hoje vou passar o dia só, não tem ensaio e sei lá... – ela para ao meu lado – pensei de a gente fazer alguma coisa.

Encaro-a, e coloco a mão em seu braço.

Minha vida (não) tão chataOnde histórias criam vida. Descubra agora