Então, chegou o grande dia.
Porra, como a minha mão está suando, assim como o resto do meu corpo.
— Como é que eu estou? – gesticulo para Lucas, enquanto descemos a rua, todos os quatro, ouvindo o barulho da festa que já está na outra esquina.
— Com a mesma cara de sempre – ele dá com os ombros – mas agora mais arrumada.
Sabe quando desce aquele pequeno grupo de amigos a rua antes de chegar na festa dos populares e nessa festa vai acontecer um grande evento? É exatamente como me sinto.
Primeiro de ver que Lucas está usando uma jaqueta nesse calor para parecer descolado, agora é Daniel que parece o estereótipo de um técnico de informática com essa camisa bolo e jeans liso com tênis esportivo, e Heitor, eu não tenho nem comentários. Deixa bem óbvio suas preferências por jogos online literalmente estampado em sua camiseta e no seu chapéu.
— Vamos ser a vergonha desse rolê... – digo desanimada.
— Cadê a sua estima? – Heitor coloca a mão em meu ombro – Nós vamos ser a atração principal, lembra?
— Não estamos tão ruim assim... – Daniel diz com certo receio.
— A Vic acha que nós, nerds, sofremos bullying – Lucas diz animado – que nem nos filmes, mas ela vai ver que não. Agora ser nerd é popular.
Chegamos na frente do local, que está lotado das mais variadas pessoas. Pessoas andando de skate, caindo de skate, com moicano, sem cabelo, cabelo colorido, sem camiseta, só de sutiã e calça, roupas dois números maiores que o normal, fumaça, muita fumaça, barulho e gritos animados das pessoas na arquibancada.
Nunca me senti tão deslocada na vida quanto me sinto estando nesse lugar, e posso perceber no olhar dos meus amigos que eles sentem o mesmo.
— Já que estamos aqui... – Lucas começa a caminhar na frente – vamos curtir, não? Ei, moço? – ele aponta para um vendedor – Me veja uma cerveja.
Ele a compra, abre animado e dá um longo gole, para cuspir em seguida, fazendo as pessoas que estão do lado riam da cena, inclusive nós.
— Puta negócio ruim – Lucas oferece para nós – alguém quer?
— Vamos nos misturar – Daniel aponta para a multidão – está de boa pra ti, Hector?
— Bem – ele respira fundo – vamos tentar.
Esse amontoado de gente me dá vontade de me jogar no chão e morrer, imagine para o Heitor que tem fobia de multidões. Seguro o seu braço e ele sorri, parecendo estar bem melhor do que antes de ver seus olhos apavorados.
Sentamos em um lugar com pouca movimentação, e tentamos terminar a cerveja que Lucas tinha comprado. Amarga, como sempre, e agora ainda mais quente. Jogo ela em sua direção, que se vê na obrigação de terminar, fazendo uma careta ainda pior.
— Cadê a Ana? – Daniel pergunta logo.
— Ainda não a vi... – pego meu telefone – mas ela me falou que já estava aqui – e mostro a foto que ela me mandou.
— Isso aqui é tipo um campeonato? – Heitor pergunta enquanto olhamos as pessoas caindo do skate, patins e das bicicletas.
— Acho que sim, não sei – coço o queixo, pensativa – acho que é mais um lugar para curtir mesmo.
— Nunca tinha vindo aqui – ele continua – será que ficaria legal andando em um skate?
— Não – respondemos uníssonos, e ele faz um beiço descontente.
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Minha vida (não) tão chata
RomanceE se sua vida virasse as histórias que você tanto lê? Isso foi o que aconteceu com Vitória, uma jovem que adora fantasiar sobre sua rotina e que, em um festival, conhece alguém que faz com que ela queira colocar tudo que já leu e escreveu em prática...