É, isso aqui realmente virou uma bagunça

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— Eu me recuso a participar de uma merda dessa – Daniel diz aterrorizado – é sério, eu estou falando sério, Vic.

— Qual é, Dan – Lucas empurra seu ombro de leve – não tem nada demais...eu acho. Heitor?

— Bem... – ele inspira fundo, olhando para frente – já estamos aqui, né. Vitória?

Nos entreolhamos e olhamos para a frente. Sim, estamos na frente da loja de lingerie e sim, convenci meus amigos a virem aqui comigo escolher uma roupa. Sei que um bando de nerd inexperiente – me incluindo nisso – é a pior opção para isso, mas entenda que eu não ia chamar Ana Cristina para isso, Jude está fora de cogitação de confiança para mim no momento, Manu está ocupada no trabalho, Beatriz nunca entraria em um lugar e com certeza não chamaria minha mãe para escolher esse tipo de coisa comigo. Então, o que me restou foi obriga-los a ir comigo para o shopping e, assim que chegamos, falei qual era minha verdadeira intenção.

— Por mim, vamos.

Eu me sinto como um soldado entrando em terreno inimigo, e meus amigos ainda mais. O rubor toma conta do nosso rosto, assim como os olhares das mulheres de meia-idade e outras adultas que olhavam peça por peça dali.

— Merda, merda, merda... – Daniel diz suando, olhando de um lado para o outro – vamos embora, eu estou ficando nervoso, sério, olha.

Sua camisa começa a ficar suada, e Lucas dá com os ombros, se unindo com nós.

— O segredo é fingir que estamos acostumados a isso, e que sempre fazemos pra não dar tão na cara assim.

— Tá, mas não fica estranho três homens com uma mulher vindo escolher calcinha? – Heitor murmura para nós – E se pensar que a gente usa calcinha também?

— Ou eles podem pensar que estamos escolhendo para as nossas namoradas e amantes porque somos um grupo de pegadores – Lucas responde gesticulando animado – e aí?

Concordamos com a teoria dele. Não que seja a mais real, mas é a que mais me conforta. Possivelmente vão pensar que não passamos de esquisitões que ficam tarando roupa íntima de mulher, e que também estão usando calcinha.

— Então, Vic... – Daniel olha para os lados, apreensivo – já sabe ao menos a cor?

— Vai fazer a linha puritana – Lucas diz, segurando um conjunto branco – ou a linha safada? – e com a outra mão, segurando um preto.

— O safada combina mais com esse aqui, não? – Heitor pega um conjunto vermelho vibrante, e vira, mostrando um fio dental. Fico tão constrangida que devo estar da mesma cor da peça.

— Eu não sei, acho que esse branco fica muito na cara – pego a peça preta – o que acham dessa?

— Acho que te dá o ar de experiente – Heitor cerra os olhos, analisando a peça colocada em minha frente – o que tu acha, Daniel?

— Preto é uma cor que cai bem em você, acho. Lucas?

— O que acha dessa aqui?

Lucas segura um conjunto com meia e umas ligas que prendem a calcinha com as meias.

— Essa aí você vai ficar gostosona, Vic – Lucas diz animado, mas logo nego.

— Vou parecer uma palhaça, isso sim.

— Então vai com essa aí que está mais simples – ele aponta com o queixo – você gostou?

Dou uma olhada na peça. Bem, o sutiã rendado é meu número. Aparentemente, provocativo na medida e a calcinha parece ser confortável, nada que me incomode e faça com que eu a tire do lugar, sendo uma peça que mais parece um pequeno short, mas rendado.

Minha vida (não) tão chataOnde histórias criam vida. Descubra agora