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Vitória 💫

— Tu não tomou o remédio? - Ela perguntou sentando do meu lado.

— Tomei cara... Tomei sim - Falei tentando reforçar a memória pra lembrar se eu tinha tomado. É eu não tinha tomado.

— To vendo - Ela sorriu com deboche. — Como que tu esquece de tomar a pílula.

— Foi naquele dia que a Alanna chegou e a piranha da Ana sumiu - falei passando a mão no rosto.

— Garota e tu não se ligou que tua menstruação atrasou não?

— Minha filha eu tava sendo sequestrada, tu acha que eu ia ter tempo pra pensar em Menstruação? - Falei suspirando. — Caralho... Eu não fiz isso...

— Vamo confirmar vem - Ela me puxou pro quarto dela — Eu tenho um teste aqui. Vai lá e faz. - Ela me deu a caixinha e me empurrou pro banheiro.

Eu fiz o xixi no potinho e coloquei o teste nele e sai do banheiro.

— É só esperar - falei sentando na cama, eu tava tremendo por dentro. Logo comecei a bater a perna e mexer no cabelo. Eu torcia para aquele teste dar negativo.

— Se você tiver o que você vai fazer? - Ela perguntou sentando na minha frente.

— Eu não sei Maria... Meu trabalho é perigoso, o pai dele É o Perigoso...   - Falei suspirando, mas não ia da positivo, eu sei que não ia. A gente conversou por um tempo até eu me acalmar.

— Brendinha, deu o tempo. - Ela disse e levantou - Eu pego pra você - Ela entrou no banheiro e voltou com o teste na mão e a mão na boca.

— Para Maria, deu negativo né? - Perguntei nervosa

— Vamos ser mamãe juntas ee - Ela  falou rindo super nervosa e trouxe o teste na minha mão. Tinha dos risquinhos, os dois muito acesos. — E agora?

— Criar né? Fui mulher pra fazer, vou ser pra assumir minhas responsabilidades - Falei, a ficha não tinha caído. Só vai cair aparti do momento que eu ver minha barriga grande e ele mexendo dentro de mim.

— Olha pelo menos agora a gente vai ser ver mais vezes. - Ela disse sorrindo e eu sorri. — Você vai contar pro Perigoso agora?

— Não tá maluca? - Quase gritei — Ele não vai saber, não agora. Deixa as coisas com o Terror acalmarem e eu conto.

— Como irmã dele eu digo que você devia contar logo. - Ela falou me olhando — Ele descobre as coisas muito rápido, não adianta mentir pra ele.

— A Alanna também não contou pra ele da gravidez dela, aparece aqui com mó barrigão e ele aceitou de boa - Falei cruzando os braços.

— É diferente... Ela não tava aqui no Rio, você vai olhar várias vezes na cara dele. Ele vai ficar muito puto quando descobri... Eu sei porque eu conheço meu irmão.

— Eu não vou contar agora Maria, não adianta. - Neguei com a cabeça.

— E vai contar quando ?

— Nunca? - Falei e ela levantou a Sombrancelha — Eu vou contar depois, quando tiver quase parindo. - Ri de nervoso.

— Isso ainda vai da merda - Ela disse levantando. — Vou lá terminar de limpar o quarto. O Perigoso mandou reformar tudo pro filho dele.

— E eu vou na boca. - Falei levantando também e ela começou a rir, olhei pra ela sem entender.

— É que é estranho ouvi você falar assim, tipo "Eu vou na boca", parece que tu ta indo prender meu irmão - Ela disse saindo do quarto e eu sai atrás dela.

— Não posso encostar no Perigoso - Ela me olhou — Existe muita coisa suja debaixo dos tapetes gatinha. Nem tudo é flores

— E diz ela ser da Lei - Ela debochou rindo.

— Eu sou da Lei, mas tem coisas que a Lei não precisa saber. - Ri — Beijos, depois eu volto ai - Falei mandando beijos

— É pra voltar! - Ela disse da porta e eu ri descendo as escadas e sai da casa dela. Perguntei alguns moradores a onde era a boca e andei até lá.

Na porta me barraram e eu revirei os olhos.

— Chama o Perigoso por favor? - Falei e o menino que parecia ter 16 ou 15 anos puxou um radinho.

— Visão chefia, tem uma morena aqui querendo falar contigo. Pode liberar? - Ele falou me medindo de cima a baixo.

— Nome Iguinho. - Ouvi ele falar sério e eu me arrepiei.

— Qual teu nome mina?

— Major Vitória - Sorri falsa

— Oh chefe, a mina ta falando que é major aqui, faz o que?

— Libera ela - Ele falou e eu passei pelo menino antes mesmo dele falar e eu fui até a sala do Perigoso.

— Uau... Que boca organizada. - Entrei na sala vendo ele atrás de uma mesa contando dinheiro. — Empresário do Tráfico. - Falei sentando de frente pra ele.

— Tem que ser po, nós é vagabundo mas a gente tem organização - Ele falou sem me olhar e contando o dinheiro. - Como tá tu? Chegou aqui como?

— Melhorando po. Minha mãe me deixou na barreira e o Taz me levou na sua casa. - Falei encarando ele. Porque que esse filho da Puta tinha que ser traficante? Ele era lindo pra caralho.  Fiquei imaginando como ele vai reagir ao saber que vai ser pai.

— To ligado... Vão me passar a visão do certo hoje, do Vidigal lá. - Ele falou me tirando do meu mundo e me olhou.

— Se o Terror tiver lá, a gente vai invadir hoje mesmo. - Falei séria.

Destinos TraçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora