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Vitória 💫

Tirei meu colete e guardei. Tava cansada, queria minha cama. Meus pés tavam doendo, minha cabeça latejando de dor, minhas costas então. Pelo menos não tô com o braço quebrado mais.

3 meses se passaram e com ela veio o crescimento da barriga, quando eu descobri a gravidez eu tava de um mês e algumas semanas. Hoje eu tô aqui, de quatro meses, seguindo a vida sem ter contado pra ninguém.

O que me faz pensar se ou o Perigoso é cego e burro ou ele tá se fazendo de sonso. Não sei o que pensar já que ele é imprevisível.

Peguei minhas coisas e a chave do meu carro e sai da delegacia me despedindo dos policiais que tavam entrando. O dia foi puxado, pude comandar minha primeira operação depois de meses hoje, dentro de um carro blindado.

Ou era isso ou eu não voltava a comandar as operações. Pra mim era até melhor assim dava pra proteger minha filha. Sim é uma menina, fiquei muito emocionada quando descobri.

Já tava mais do que na hora de eu contar pro Perigoso. Faria isso hoje chega ser egoísta da minha parte só ele se arriscando pra vim me ver,nesse três meses foi quase impossível dá gente se vê.

Por isso decidi que eu iria hoje subir a Rocinha. Dirigi até em meu apartamento, passei no mercado antes pra comprar comida porque eu sem estar grávida ja comia pra caralho, grávida então.

Entrei no apartamento e logo o Mayke veio correndo.

— Calma filho - Falei vendo ele pular nas minhas pernas e latir. Fechei a porta passando a chave. — Como você tá? - Falei deixando as compras em cima da mesa e abaixei passando a mão nele, sem condições de pegar ele no colo. — Vamo sair com a mamãe? Só tenho que tomar banho. - Ele latiu me fazendo sorrir, uma hora eu levo uma multa por causa desse cachorro.

Tomei um banho e vesti um vestido coladinho, minha cintura já tava mais redondinha, 4 meses e eu já to perdendo metade das roupas. Eu tenho muita calça Jeans, na gravidez eu perdi todas já.

Era nítido minha barriga no vestido, calcei minha Havaianas branquinha, amo tênis, amo salto, mais sem condições é eu olhar pro salto e meus pés doerem.

Deixei meu cabelo solto mesmo, Peguei uma mochila e coloquei minha carteira,coloquei um coldre na coxa com uma pistola. Tem necessidade? Não? Mas né, nunca se sabe a maldade do mundo.

Sai do quarto e fui até a Área, peguei  peguei a coleira do Mayke e os potinhos dele, e uma pouco de ração em um pote, eu ia levar o Mayke pra casa do Perigoso? Óbvio, ele tem mó quintalzão lá. Meu filho merece.

— Bora filho, vamo passear vem - Falei e ele veio correndo. Coloquei a coleira nele e peguei doce pra eu comer no caminho. Desci com o ele até o carro e abri a porta de trás pra ele.

Entrei no carro e dei partida pra Rocinha.

— É filho, será que a mamãe e a Ana Liz saimos viva hoje da Rocinha? Tenho quase certeza que sim, o Cristian é doido, mais nem tanto - Falei prestando atenção na rua — Quem diria que eu ia tá aqui hoje? Eu sinto que eu to errando muito sabe? - Ele latiu e eu olhei pra ele

— Não... Não to falando da gravidez, é isso também foi errado, eu esconder dele esse tempo todo. Burro foi ele também, transa comigo e não repara meu corpo? - Falei fechando a cara e ele latiu de novo, na minha cabeça e ele super me entende. — Também acho. Mas eu acho que eu to errada na questão de está envolvida com ele sabe, um traficante. Mas o coração não escolhe né? - Ela latiu de novo — Eu vou fazer o que? Me apaixonei naquele sem noção filho. O que resta é chorar. - Falei parando no sinal. — Jeová teu vô vai cair pra trás quando descobri... Eu to fudida filho, e nem é dá forma que eu queria. - Falei olhando pra ele pelo retrovisor e depois olhei pro lado.

Tinha uma mulher me encarando sem entender, ela devia achar que eu sou louca. Sorri falsa pra ela e sai assim que o sinal abriu.

Dirigi até a Rocinha, baixei os vidros e o farol assim que fui me aproximando. Os vapores me reconheceram e fizeram sinal pra eu passar.

Dirigi até a casa do Perigoso, a moto dele não tava só o carro da mãe dele. Buzinei e vi a Maria aparecer na janela, ela soltou um gritinho e saiu. Muito escandalosa meu Deus.

Ela desceu e abriu o portão, entrei com meu carro e estacionei ele. Sai do carro e ela veio meu abraçar. A barriga dela tava quase igual a minha, apenas um pouco menor, mesmo a gente estando de mesmo tempo.

— Oi Cunhadinha - Ela disse me abraçando e eu abracei ela também. — Que bicho de teu pra você subi pra cá?

— Para de graça tá palhaça, eu não subo porquê eu trabalho muito e chego cansada. - Falei abrindo a porta de trás e o Mayke pulou pra fora.

— E sábado e domingo? Porra Vitória - Ela falou se afastando. — Ta doidona, que cachorro é esse?

— Esse é o Mayke, pare se graça que ele nem morde. Ele é filhote ainda.

— Filhote, filhote, olha o tamanho dele. Saí fora. - Ela disse se afastando mais.

— Ele nem morde garota, vem cá passa a mão nele. - Falei me aproximando com o Mayke e ela negou.

— Já to até passando. - Ela disse no deboche e eu ri — Vai vamo entrar. - Ela fechou o portão e a gente entrou. — MÃE A VITÓRIA TÁ AQUI - Ela gritou fazendo eu colocar a mão no ouvido.

— Vou deixar o Mayke lá no quintal. - Falei andando com ele até lá, fechei a porta de vidro. Deixei ali os potinhos dele com água e ração e soltei ele que já começou a correr pelo quintal, deixei algumas brinquedos dele ali que eu trouxe e entrei fechando a porta.

— Vitória... - Ouvi a Vanessa me chamar descendo as escadas e eu virei pra ela, na hora seus olhos caíram na minha barriga — Surpresa vovó. - Falei rindo nervosa.

Destinos TraçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora