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Vitória 💫

Sentei de frente pra Delegada Débora e ela sorriu.

— Você tá muito linda grávida Brendinha. De verdade - Ela disse e eu sorri. — E o pai?

— Vish... Isso aí é um caso complicado - Sorri — alguma operação pra eu comandar?

— Estamos planejando uma pra Petrópolis, sabe? A cidade imperial? - Ela disse e eu concordei.

— Já ouvi falar, dizem que no Natal ela fica bem bonita. - Falei sorrindo — Mas vai fazer o que? Vai limpar os morros de lá?

— Tem muito traficante daqui de baixo que fornece ou é dono dos morros de lá de cima. - A gente ficou ali conversando, ela me contou da família dela. Me assustou um pouco com algumas coisas da Gravidez.

Ainda era um bagulho muito surreal pra mim, saber que eu carrego um serzinho dentro de mim. É maravilhoso a sensação, mas assustador ao mesmo tempo.

Olhei pra televisão e vi que tava em um jornal, li o que tava escrito e não acreditei.

Operação agora na Rocinha, segundo informações essa operação tem como intuído pacificar a Favela.

— Que porra é essa Vitória? - A Delegada me perguntou sem entender — Eu não dei ordem de nada.

— EU VOU MATAR AQUELE FILHO DA PUTA. - Gritei levantando — Posso ter seu Aval Delegada.

— Vai, eu confio em ti - Ela disse e eu sai da sala dela igual um foguete. Fui pro meu carro e Dirigi até a Rocinha.

Eu vou matar aquele filho da puta daquele mimado. Assim que cheguei, não podia entrar de farda, facilmente iam me confundir com um deles, tirei a parte de cima da farda ficando de blusa branca. Tinha um corta vento rosa no banco de trás, peguei o mesmo e vesti recarregando meu fuzil. Vesti um colete e sai do carro.

Andei até a barreira e aprontaram a arma pra mim.

— Calma eu não to com eles, eu preciso entrar pra parar essa operação. Isso não foi a mando meu - Falei calma, calma por fora né gente? Eu tava espumando de raiva doida pra metralhar a cara do Douglas.

— Ninguém entra ninguém sai mina - Ele falou me encarando.

— Eu tenho que parar a porra dessa operação, ela não está a mando de ninguém. Seus amigos vão morrer de graça cara! Me deixa entrar - Falei e ele negou.

— DEIXA A MINA ENTRAR CARALHO - Ouvi a voz do RT — Eu to mandando caralho! Deixa ela entrar porra. - Eles me deram passagem e eu agradeci rapidamente.

Comecei a correr entre os becos a procura ou do Perigoso ou do Douglas. Vi um Vapor morto no chão, meu coração se entristeceu em ver aquela cena. A mãe dele, a mulher, a tia, a avó ou até a filha, iriam esperar ele voltar e hoje ele não voltaria.

Lembrei do rádio que tava no colete, todos os policiais estavam com esse colete.

Me escondi atrás de uma parede e puxei o radinho e liguei.

—  EQUIPE A E EQUIPE B? - Gritei e alguns responderam — É O SEGUINTE, PARA COM A PORRA DESSE CONFRONTO AGORA! - Gritei e coloquei a mão na minha barriga que doía um pouco — ESTENDERAM? EU QUERO TODOS LÁ EMBAIXO EM 5 MINUTOS. É UMA ORDEM - Gritei e sai de trás da parede voltando por onde em vim.

Logo os tiros foram cessando aos poucos, ainda se ouvia uns bem de longe. Passei perto de uma escola e ali a cena ficou totalmente em câmera lenta.

Vi um policial militar apontar a arma pra frente da escola, vi as crianças correrem com suas mães. Mais uma tava desnorteada.

— NÃO - Gritei correndo na direção dela, mas não deu tempo. Ele destravou a arma, mirou na menina e atirou. Vi o corpinho dela cair e logo a blusa branca se manchada de sangue. A mãe dela chorava em cima do corpo.

Mirei do Filho da puta e descarreguei meu pente. Eu ouvia a mãe chorar e me dava, ódio daquele cara. Acabei com todas as minhas balas no corpo dele.

E se eu perder meu emprego eu perco com gosto.

Cortei por uns becos e sai na entrada vendo todos os policiais

— Todas as armas, no chão ! Agora - Falei e eles colocaram.

Olhei na direção do Douglas.

— ME DIZ QUAL É O CARALHO DO TEU PROBLEMA PORRA? - Gritei puxando ele pela gola de novo. — Qual a parte do Não, você não escutou?

— Eu só queria o melhor pra nossas cid... - Ele não terminou de falar porque eu dei um soco na boca dele.

— Pacificação é coisa da UPP seu burro - Eu falava alto, totalmente alterada. E passei a mão no cabelo. — Pessoas inocentes morreram seu filho da puta. UMA CRIANÇA! Eu acabei de ver um policial matando uma criança porra! Tu tem noção - Falei apertando a bochecha dele com a minha unha.

Só se ouvia minha voz naquele lugar.

— Tu colocou a vida de várias pessoas em risco, por puro luxo seu! Você está suspenso por tempo indeterminado, irei conversar com a delegada. E cada que participou disso irá ser suspenso também! Vocês aprenderam o que no curso de vocês? Entraram sem ordem da Delegada e sem ordem minha. - Falei olhando pro resto dos policiais, devia ter mais que 20 ali. — Todos pra delegacia, falei virando pra sair.

— Você também vai ser suspensa, me agrediu. Não quis deixar eu invadir porque teu maridinho é o dono disso. - Ouvi ele falar alto e todos os policiais me olharam, virei lentamente pra ele — Ainda tá grávida dele. Um marginalzinho. - Ele disse olhando pra minha barriga. Respirei fundo e passei a mão na boca.

— Eu não vou ser suspensa - Falei calmamente e ele me olhou com raiva.

— É claro que vai !

— Não! Eu vou ser demitida porque eu vou acabar com essa tua cara de mimado do caralho - Falei empurrando ele no chão com força, sentei na sua barriga e foi só socão na cara dele.

Descontei toda raiva que ele veio me fazendo desde que pisei no RJ, descontei a raiva dele ter falado da minha filha e principalmente pela criança que acabou de levar um tiro.

Hoje eu perdia meu emprego.

Destinos TraçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora