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Kathryn Fox.

Assim que desço da moto, espero por JJ. Ele desce e apoia a moto a moto no descanso lateral.

—Eu não costumo vir aqui muitas vezes. Só quando o meu pai me manda comprar cocaína pra ele —ele diz. —Não dá pra confiar no Barry.

A última frase saí um tom baixo, próxima ao meu ouvido, eu apenas concordei com a cabeça. Nós dois subimos os dois degraus que levavam a sacada de madeira, fiquei ao lado de JJ, nunca dá pra saber o que devemos esperar de traficante.

—Barry! —JJ chamou e bateu três vezes na porta de madeira.

Não demorou nem cinco segundos para a porta se abrir. O homem que apareceu tinha uma aparência bem... Tosca? Não sei o que eu posso dizer sem parecer mal educada.
Era possível sentir o cheiro forte de álcool, maconha e cigarro barato pelo local, se eu não estivesse acostumada com aquele cheiro meu estômago provavelmente reviraria.

—Maybank, veio procurar confusão? —ele apoiou seu braço sobre o portal de madeira.

—Hoje não —JJ ergueu um pouco a cabeça. —Você tem pó?

Barry o encarou e abaixou a cabeça quando começou a rir.

—É claro. Todo o tipo de pó, você sabe disso —ele tinha um suave sorriso desdenhoso no canto do rosto. —Mas não vou vender pra você. Dá última vez o seu papai demorou quase um mês pra me pagar. Não me leva a mal, mas não vou ficar no prejuízo de novo.

—Não é pra ele ou para o pai dele. Sou eu quem vai comprar —interrompo.

O olhar de Barry se direciona até mim. Arqueio uma sobrancelha e tento manter aquela pose de durona. Se Barry realmente era aquele filho da puta que o JJ havia me dito, o que realmente parecia ser, eu não ia ficar enrolando ou fingindo ser educada.

—E o que você iria querer comprar, "princesa"? —ele continuava com aquele sorriso sarcástico.

Na maioria das vezes que alguém me chamava de princesa costumava ser um elogio, mas o deboche era bem evidente na voz de Barry. Como se quisesse indiretamente me chamasse de riquinha ou patricinha. Que se dane, ser chamada de riquinha ou patricinha nem é um insulto de verdade.

—Cocaína. Duas gramas —digo com firmeza.

Não que eu fosse usar tudo isso em um dia só, muito pelo contrário. Ultimamente eu cheirava menos de uma grama, e mesmo assim não era todo dia. De certa forma, era uma evolução.

—Cocaína. As aparências enganam mesmo —ele deu uma risada nasal e se aproximou um pouco.

Assim que Barry se aproximou, JJ veio para mais perto de mim, como se tentasse agir de forma protetora. Olhei para ele e dei um breve sorriso, como se quisesse dizer que eu estava de boa, então voltei minha atenção para Barry ao ouvi-lo falar de novo.

—Olha, você deve saber que hoje em dia a coca tá bem cara. Eu vendo quatro gramas por cento e trinta dólares —Barry inclina um pouco a cabeça para o lado. —E se você for uma Pogue, duvido que vai gastar mais de cem dólares com pó. E você não deve ser uma Kook, se não, não estaria com ele.

Seu nariz se franzia levemente. Não sabia se ele queria irritar o JJ ou eu... Ou talvez os dois.

—E não é porque você é gostosa que vai pagar mais barato.

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