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Kathryn Fox.

JJ iria me pagar por ter colocado aquela história de serial killer na minha cabeça. Eu gostava de filmes de terror, principalmente os slashers.
Existe algo real em um cara que surta e mata todo mundo. É algo que realmente pode acontecer na vida real. E acredite em mim, estar em um frigorífico escuro e abandonado não era o melhor cenário para ficar pensando em assassinos em série.
Kiara e Sarah não quiseram vasculhar a câmara fria comigo. A Kiara até fez um mínimo esforço para me acompanhar, mas ela desistiu tão rápido quanto concordou em ir. Agora, eu estava sozinha em uma antiga câmara de matança animal, mas tentei não focar nisso. Naquela altura, eu estava afastada da porta, estava analisando um canto que tinha alguns materiais antigos entulhados, não faço ideia do que aquilo era, mesmo assim eu sabia que precisaria tomar coragem para começar a mexer, quem sabe a chave estaria ali. Eu tinha que tentar, não é?

Eu não sou uma pessoa medrosa, não mesmo. Mas eu gelei e quase dei um grito ao me assustar com o som de algum motor ligando seguido por um barulho na porta. Virei a lanterna na direção da porta, não consegui enxergar direito.

—Sarah? —chamo.

Não obtive nenhuma resposta. Olhei para o ar de refrigeração, ele tinha sido ligado. Não sei se me arrepiei por causa do repentino vento gelado vindo do ar ou por ter ligado tão repentinamente, eu preferi pensar que era uma coincidência, alguém deve ter mexido em alguma coisa por engano e acabou ligando... Mesmo assim, o frio cortante estava vindo rápido demais, abracei meus próprios braços em uma tentativa de me aquecer e fui caminhando em direção a porta em que eu havia entrado, tendo apenas aquela iluminação da lanterna que eu segurava. A porta estava fechada. Não me lembro de fechar a porta, não, eu definitivamente não fechei a porta.
Eu segurei a maçaneta da porta, estava gelada, tão gelada que queimava um pouco minha mão. Puxei a porta uma vez, senti uma pontada de medo quando não se abriu, mas tentei de novo e de novo. Talvez estivesse emperrada, mas isso não era um alívio para os meus pensamentos. Puxei várias vezes, o suficiente para que o medo se tornasse desespero, o frio cortante não me aliviava, muito pelo contrário.

—Gente? —aumento minha voz, noto que não tive nenhuma resposta. —Sarah! Kiara!

Soquei a porta de metal com meu punho algumas vezes, minha mão doeu pela sensação do metal gelado contra minha pele e meus ossos. Tentei segurar a lanterna por alguns segundos, mas a sensação do frio era quase nauseante. Soltei a lanterna no chão e comecei a esmurrar a porta com as duas mãos, o som dos meus socos no metal eram altos, pelo menos para mim.

—Pope! JJ! —gritei tão alto que minha garganta doeu.

O medo não tão irracional pareceu me consumir rápido demais, sei que cada segundo parecia durar horas. Eu dava socos e chutes, gritei o nome de todos os meus amigos, por que diabos ninguém parecia me ouvir?
Não sei que temperatura colocaram naqueles refrigeradores, mas aquilo era uma câmara fria, era feita para congelar coisas. Dependendo da temperatura sabia que não duraria muito tempo por ali, mesmo em movimento minhas mãos e meus pés estavam formigando.

—Merda... Merda... —murmurei para mim mesma, sentindo uma lágrima escorrer em minha bochecha. —JJ! John B!

Alguém me escuta!

Eu me sentia cansada, como se o meu mínimo esforço já tivesse sido algo absurdo. Era desesperador, mas mesmo assim eu tentei, tentei puxar a porta mais vezes, tentei chutar, bater e gritar. Não tive nenhum resultado, isso só me deixava mais assustada. Eu não conseguia conter os tremores em meus ossos, muito menos os calafrios que vinham em um intervalo de pouquíssimos segundos. Novamente abracei meus próprios braços, minha pele estava gelada, me senti tonta e o ar parecia ser difícil de ser respirado, tossi bastante, tossi até que fiquei sem ar.

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