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Kiara Carrera.

Eu odiava aquela situação.
Ouvi longas broncas vindo de Sarah, John B e Pope, que foram bem claros sobre o quanto eu tinha sido errada em interferir na relação da Kathryn e Rafe daquela forma. O único que não disse nada a respeito foi JJ, quem poderia culpá-lo? Ele se deu bem com tudo aquilo, seria improvável ele conseguir ficar com a Kathryn se Rafe não tivesse terminado com ela.
Sei o quanto a Kathryn sofreu, não só pelo abandono de Rafe mas também por sua recaída, sei também do meu grau de culpa. Mas as minhas intenções foram boas, mesmo que as intenções não apaguem o estrago inconsciente que eu fiz.

Mas aquela situação não ocupava a minha mente tanto quanto outra. Não foi o tapa de Kathryn que ardeu em minha pele durante uma noite inteira, foram os lábios de Karen Monroe que realmente me marcaram.
Era confuso e estranho. Parecia contraditório levando em conta que eu havia terminado com Pope há pouco tempo e dito que queria focar em mim mesma. Karen era cruel, mesquinha e manipuladora, ela era uma Kook... Eu tentava focar nesse pensamento, mas era tirada ao pensar em seus olhos celestes e seus lábios macios.
Por que eu?
Karen me odiava desde que eu havia deixado a academia Kook, então, por que me beijar?
Já não bastava toda a confusão da minha vida, por que ela parecia ter me escolhido para puxar para outro tsunami de emoções?

Por mais que fosse plena quarta-feira e até os meus amigos estarem no colégio, eu não consegui ir. A praia estava completamente vazia, mas ao mesmo tempo imunda devido a festa que tinha tido na noite passada, e por mais que eu xingasse mentalmente todos que haviam jogado lixo na praia, eu não me importava em estar naquele momento catando o lixo e jogando em uma sacola que eu havia encontrado. Gostava de estar ajudando o meio ambiente e também gostava de sentir o calor do sol contra a minha pele. De longe pude ver alguém caminhando pela praia, uma garota usando uma saída de praia e óculos de sol, carregando uma bolsa de pano em seu ombro. Não me importei a princípio... Até reconhecê-la e sentir todo o meu corpo congelar. Foi um instinto, na verdade, um instinto totalmente estranho, já que sempre que eu vejo a Karen meu maior instinto é revirar os olhos e ir na direção oposta, agora era diferente, eu senti o meu coração palpitar contra o peito e era quase incontrolável a vontade de ir até ela... Quase.
Eu me controlei e segui meu caminho, que era em direção a ela. Esperei que ela me cumprimentasse, que falasse alguma coisa ao passar por mim, não era como se ela não pudesse me ver, ela passou do meu lado em uma praia que só tinha nós duas. Meu cenho franziu e eu senti uma pontada de irritação.

—Eii! Karen!

Gritei. Sabia que ela tinha me ouvido, mesmo assim ela me ignorou. Respirei fundo, irritada. Não sei ao certo quando, mas eu peguei uma latinha de Coca-Cola e joguei na direção dela, tive sorte quando acertei bem na parte de trás de sua cabeça.

—Ai! —ela se virou, finalmente estendendo sua atenção para mim. —Qual a porra do seu problema?

A raiva era evidente em sua voz, e era algo totalmente recíproco, pois eu sentia a mesma raiva.

—Qual o meu problema? Qual o seu problema! —questiono com indignação, largando aquele saco plástico no chão e me aproximando. —Você me beija e depois finge que não me conhece?

Karen me encara com o mesmo fervor, mesmo assim ficou em silêncio durante alguns segundos e balançou a cabeça negativamente.

—Você está enlouquecendo, Tortue —sua voz continha desdém e sarcasmo. —Deveria parar de comprar maconha barata, isso tá ferrando com a sua cabeça.

Fiquei incrédula com as suas palavras, tão confiante que fazia com que eu duvidasse das minhas próprias lembranças. Mas eu sabia que nem mesmo nos meus sonhos mais selvagens eu conseguiria sentir aquilo, o que provava que aquilo tinha sido real.

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