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John B.

Uma das situações mais cruéis que alguém pode passar é perder alguém que ama. Talvez pior do que ter a certeza da perca é ter a incerteza, isso porque a gente vive com uma esperança cega de que essa pessoa vai voltar para a nossa vida, mas ao mesmo tempo a realidade nos puxa de volta ao mundo real da forma mais cruel possível.
Eu posso mentir para mim mesmo várias vezes, posso dizer que está tudo bem e que consigo viver com isso, mas eu não consigo. Ontem a noite tive certeza disso.
Tive essa certeza enquanto passava a madrugada toda mexendo nas coisas do meu pai, dessa vez não estava atrás de um tesouro. Queria saber sobre ele... Onde você está, pai?
Essa pergunta ecoou na minha cabeça várias e várias vezes.

A Xerife Peterkin havia me visitado mais vezes do que eu queria nos últimos tempos. Assim como todos os Pogues, eu odiava a polícia, mas ela era diferente. Ela era boa.
Estava me protegendo do juizado de menores que estava me atormentando nos últimos tempos, e por mais que a Kathryn fosse maior de idade o fato dela ser só pouco mais de um ano mais velha não ajudava muito. Mas a Peterkin cuidava disso, ela estava me deixando seguro sobre essa questão enquanto impunha uma única regra: "não tente investigar o sumiço do seu pai".

Só que eu sou péssimo em seguir regras, essa é a questão.
Desde que ela havia me mandado não investigar o sumiço do meu pai aquilo havia crescido na minha mente, eu estava perdendo várias noites de sono pensando nisso, só que ontem tomei uma atitude e realmente investiguei. Não era algo fácil, meu pai tinha tantas tralhas que era difícil saber o que era lixo e o que era importante. Mas descobri algo, eu acho...

Lana Grubbs...
Essa era o nome dela, era um nome familiar, isso porque o esposo dela era Scooter Grubbs. Um antigo conhecido do meu pai que acabou morrendo pouco tempo atrás durante o Furacão Agatha. Não sei como ela poderia ajudar, acho que não pode, realmente não imagino que Lana saberia alguma coisa sobre o desaparecimento do meu pai.
Foi o que eu pensei no início...

Lana parecia assustada desde o início quando bati em sua porta e disse que era filho do Big John, eu até teria acreditado que ela não teria nenhuma informação sobre isso. Isso se seu comportamento não a entregasse por completo, ela não era só uma viúva assustada, tinha algo além disso, eu conseguia sentir.
Não era só intuição, era a forma que ela agia. Mal esperando o que eu tinha a dizer antes de fechar a porta na minha cara e dizer que não sabia nada sobre o desaparecimento do meu pai. Eu insisti, insisti nas perguntas e nas tentativas de chamar a sua atenção, insisti mais do que eu esperava. Mas ela não quis me dar uma resposta, nem mesmo um "vai embora".

Dei voltas e voltas pelo Cut, pensei em encontrar os meus amigos, mas sabia que estavam todos naquela festa estúpida de solstício de primavera. JJ e Pope estavam trabalhando lá, Kiara tinha ido por causa de seus pais, Sarah queria se reconciliar com Ward e Kathryn havia ido encorajá-la. Eu poderia ir lá, mas eu não iria, ir para o Rusty's durante uma festa dos Kooks era o mesmo que uma lebre visitar a toca de uma raposa.
Mas eu sabia que eu não conseguiria me distrair ou dormir enquanto os questionamentos ainda estavam na minha cabeça. Eu tinha tantas perguntas e Lana provavelmente tinha pelo menos uma resposta, não era justo. O meu pai sumiu há meses, se alguém tinha alguma mínima resposta, eu merecia saber.

Não sei qual o horário do momento que voltei para aquela casa, mas sei que eu merecia alguma mísera resposta. Eu não sei em qual hora eu comecei a chorar com o desespero, mas sei que meus olhos já estavam cheios de lágrimas. Bati na porta outra vez, sabia que ela poderia fingir que não estava me ouvindo, só que dessa vez eu não iria ceder tão fácil, ou melhor, eu não iria ceder. Uma sensação de alívio percorreu meu corpo quando a porta se abriu, mesmo assim eu estava esperando pelo pior.

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