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Kiara Carrera.

Depois do fracasso da nossa última festa por causa das brigas e dores de cabeça, decidimos focar no que realmente importava, a nossa caça ao tesouro.
Pope tinha descoberto sobre uma biblioteca antiga de Charleston que provavelmente teria algum dicionário mais certeiro daquela língua antiga, se conseguíssemos achar o dicionário conseguiríamos decifrar as localizações escritas no mapa.
Meus pais nunca me deixariam ir para Charleston com os meninos, por isso eles não iam saber. Com sorte, íamos sair de Outer Banks antes do almoço e voltaríamos de noite. Eles não precisavam saber de nada.

—Pode deixar, Kat, eu estou levando vários salgadinhos pra viagem —sorrio, o celular próximo ao meu ouvido. —Até daqui a pouco.

Desligo a ligação e coloco minhas compras dentro da minha ecobag. Em seguida, saio do mercado, assim que saí vi ninguém menos que Karen Moroe. Ela usava uma tala no nariz, mesmo assim era possível ver alguns pequenos cortes perto da boca e os roxos abaixo dos olhos.

—Nariz bonito —comento quando ela passou.

Karen para e se vira, me olhando com certa raiva.

—Cala a boca, Kiara —seu semblante irritado quase me fazia rir. —Sua prima é uma completa desequilibrada, tem sorte de eu não processar ela.

—Como se já não bastasse perder em uma briga física, você iria querer mesmo uma briga jurídica? —acabo rindo dela. —Para de ser idiota, Karen. Você mereceu, sabe disso.

—Ah, eu mereci? Mereci por dizer a verdade?

—Mereceu por ser insuportável —retruco. —Só não te dou outro soco porque não deve compensar socar um nariz quebrado.

Ela revira os olhos. O seu olhar se abaixa um pouco, observando a minha ecobag embaixo do meu braço.

—Não sabia que Pogues se importavam em usar sacolas de plásticos, ou é só a falta de dinheiro pra pagar os adicionais? —ela não deixava de ser menos irritante. E mesmo com aquele nariz quebrado parecia não deixar de ser bonita.

—Eu me importo, e mesmo se fosse falta de dinheiro, não seria da sua conta —cruzo os braços. —Não custa muito se preocupar com o nosso mundo e os animais que vivem nele.

Karen me olhou e deu uma leve risada, em seguida fez uma careta, imagino que deve ter doído tentar rir.

—Olha só, uma Pogue hippie, que espécie nova —ela tinha um pequeno sorriso provocativo no canto do rosto. —Espero não te ver de novo, Tortue.

O apelidinho em francês. Quase era irritante.
Vejo ela se afastar e reviro os olhos, virando as costas e seguindo meu caminho.

—Vadia... —murmuro baixinho pra mim mesma.

Entrei no meu carro da minha mãe e coloquei a ecobag no banco do passageiro. Ao ligar o carro, consegui ver Karen distante através do retrovisor.

Tive um rápido questionamento. Uma pergunta que parecia não ter sentido.
Mas por quê ela decidiu implicar justamente comigo, Sarah e Kathryn?
Não precisava ter uma boa justificativa, acho que era apenas pelo fato dela ser uma tremenda idiota. Mas por algum motivo, eu continuava fazendo perguntas sem sentido para mim mesma.

...

Sarah Cameron.

Eu estava com os mapas antigos da ilha há dias. Wheezie tinha me mandado mensagem na noite passada, disse que o nosso pai tinha notado o sumiço de dois dos mapas, mas ela tinha usado a desculpa de que tinha emprestado pra uma amiga. Isso me daria tempo pra ir entregar o mapa para que ele não suspeitasse que eu tinha algum envolvimento nisso.
Então, aproveitei o fato de que meu pai e Rose estariam fazendo a vistoria em algumas casas em corretagem e Rafe tinha saído com os meninos, e fui para casa (ou antiga casa) para entregar os mapas antes que eu e os Pogues saíssemos para Charleston.

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