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Rafe Cameron.

—Se eu te contar uma coisa, você jura não contar pra mais ninguém?

Eu estava jogado naquele sofá velho e asqueroso do Barry. Aquele cheiro de maconha e cerveja barata inundava toda a sala, mas eu já tinha reclamado tanto daquele muquifo que se abrisse a boca outra vez existia grande chance do Barry me dar um tiro.

—Não, não sou sua amiguinha do jardim de infância —Barry responde, dando uma tragada no seu cigarro e deixando a fumaça escapar. —Não guardo absolutamente nenhum segredo.

Por que diabos eu esperava uma resposta diferente?
Continuei deitado no sofá, meu rosto sendo amassado pelo estofado do sofá já que eu estava deitado de bruços.

—Cem dólares e você não conta pra ninguém, topa? —pergunto.

Barry me observa por alguns segundos, então deu de ombros.

—É, por cem dólares eu fico quieto.

Aquele cara parecia um prostituto. Topava tudo por dinheiro.
Resmunguei um pouco quando ergui o meu corpo e fiquei sentado no sofá.

—Eu transei com a Kathryn e...

—Notícia do dia, pelo menos o excesso de cocaína não fez você broxar com uma gostosa —Barry provoca.

—Vai se fuder, idiota —retruco e continuo, pegando cem dólares na minha carteira e jogo na direção dele. —Eu geralmente não sou assim. Tipo, eu sou normal e... —coço a minha sobrancelha, nervoso só em pensar naquela garota. —Eu sou tão a favor do lema come e some. Mas, porra...

Barry riu mesmo que estivesse com aquele cigarro na boca. Ele deu uma última tragada e apagou o cigarro no cinzeiro.

—Você ainda tá nessa? Cara, admite logo que ela fudeu bonito com você —Barry dá aquele seu sorriso amarelado.

—Eu não te dei cem dólares pra você ficar falando merda, eu dei cem dólares pra você me ouvir —retruco.

—Não, você me deu cem dólares pra não contar pra ninguém que você transou com uma gostosa —ele continua. —Que cara nega que transou com uma gostosa?

Eu tinha vários argumentos para aquilo. Mas não sabia expor nenhum deles em voz alta, e nem deveria, pelo menos não para o Barry.

—Sabe de uma coisa, você é um inútil, não vejo uma situação que você é útil —me levanto e pego os cem dólares da mão dele. —Nem compensa pagar você.

—Cara, você me deu duzentos dólares pra guardar um segredo, se mata ou se interna em um hospício —Barry se acomoda naquela cadeira.

Reviro os olhos e me viro para sair, então paro e volto a olhar pra ele.

—Na real, eu quero cocaína —devolvo os cem dólares pra ele.

—Achei que você tinha dito que eu era inútil —ele ironiza.

Barry pega a mochila que estava jogada no sofá e abre, pegando dois saquinhos cheios.

—Valeu, Barry.

Coloco os saquinhos no bolso da minha bermuda e saio de lá. Montei na moto e fui para casa, não consegui pensar em nada enquanto sentia o vento forte contra o meu rosto. Até tentei, mas era quase impossível formar uma linha de raciocínio enquanto pensava em tantas coisas ao mesmo tempo.

Quando eu cheguei em casa, fiquei andando no quintal de um lado para o outro sem parar. Eu tinha que dar um jeito de organizar os meus pensamentos.

—Tá, calma —paro de andar e passo a mão pelo meu rosto.

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