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Kathryn Fox.

Me senti exposta, como uma presa em meio a vários predadores. Talvez me afastar de Sarah e deixar Rafe me guiar pela festa não fosse a melhor opção, mas a ideia de que ele poderia contar para Sarah sobre o meu probleminha com cocaína me apavorava ainda mais.

—Então, por que parecia tão importante pra você me afastar da Sarah? —questiono, caminhando com os braços cruzados.

Ele continua me guiando para algum canto daquele enorme quintal, por um instante me questionei quais eram a chances de ele estar me levando lá para me matar.

—Se você estivesse perto da Sarah não ia querer se divertir comigo —ele para de andar, se virando para mim e tirando algo do bolso.

Com um pouco mais de atenção, consegui ver o saquinho com pó branco entre os seus dedos. Viro o rosto para o lado e balanço a cabeça negativamente.

—Primeiro, eu não iria querer me divertir com você independe da Sarah estar perto ou não —digo. —Segundo, não vou cheirar coca com você. Estou tentando parar.

Rafe olha pra mim e ergue as sobrancelhas, não levando nem um segundo sequer pra começar a rir.

—Ah, foi mal —ele ironiza, ainda rindo. —Aquele pó que você comprou quando nos conhecemos era pra fazer pão, não é?

Reviro os olhos e passo a mão pelos meus cabelos, como era possível alguém ser tão insuportável?

—Eu cheiro poucas porções em certos dias, só para não ter uma abstinência.

—Você não pode acreditar que isso funciona —ele continua. Vejo Rafe sujar o polegar com a cocaína e estender até mim. —Deixa de ser frouxa, só um pouco.

—Pelo menos alguns de nós tentam largar o vício —olho rapidamente para o seu polegar completamente sujo de pó, por um breve segundo pensei que era tão pouco que não faria mal. Mas eu me conhecia o suficiente para saber que o pouco se tornaria muito. —Eu não quero, obrigada.

—Até parece.

Ele dá outro de seus sorrisinhos insuportáveis, e me agarrou, me prendendo por trás com o seu antebraço.

—Rafe, não. É sério —digo séria, tentando me soltar de seu braço.

—Só um pouco, fala sério, você não é uma Pogue frouxa, é?

Aquilo parecia ser uma brincadeira pra ele, eu não conseguia levar aquilo na brincadeira. Não conseguia levar o meu vício como se não fosse nada. Ele tentou passar seu polegar sobre o meu nariz e tentei tampar minha própria respiração, mesmo que eu sentisse vontade de cheirar a cocaína.
Por fim, dei um último soco forte no ombro de Rafe quando ele finalmente conseguiu colocar aquele pó no meu nariz. Me soltei e tentei ao máximo ignorar a sensação da cocaína, a vontade de cheirar o máximo possível.

—Qual é a porra do seu problema? —pergunto com raiva, quase gritando com ele. —Eu te digo que quero me reabilitar do meu vício e a sua reação é tentar me obrigar a cheirar mais pó? Qual é o seu problema?

—Você tá sendo dramática —ele mantinha aquela mesma postura de sempre. —Por que você não para de drama e aproveita a noite?

Minhas sobrancelhas se arquearam quase involuntariamente. Não entrava na minha cabeça como alguém poderia ser tão babaca.
Olho para o lado, balançando a cabeça e rindo mesmo que não tivesse graça nenhuma.

—Vamos deixar uma coisa bem clara —me aproximo. —Não somos amigos, e nem nunca vamos ser. Eu vim aqui porque realmente não quero que a Sarah e os meus amigos saibam que eu sou a droga de uma viciada. E eu até pensei por um mero segundo que você poderia ser alguém um pouco menos idiota do que todos dizem, mas parece que esse não é o caso.

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