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Kathryn Fox.

Cheguei naquela festa acompanhada com os Cameron's.
Passei a vida toda acompanhando os meus pais em festas chiques, sei como lidar com olhares e multidões. Parecia estranho voltar a frequentar um local assim agora, sem os meus pais e depois de ter sido expulsa do local que deveria ser meu lar. Por um breve instante quis sentir saudade da minha família e da minha antiga vida, mas nenhuma lembrança boa veio em mente para que pudesse despertar tal sentimento em mim.
Eu já estava acostumada com a simplicidade de viver junto com os Pogues, gostava mais de viver no Cut com eles do que em Miami Beach com os meus pais. Talvez seja por isso que eu me sentisse meio deslocada agora em meio a riqueza e classe alta. Mas isso faria sentido? Faria sentido eu me sentir mais eu mesma depois de perder tudo o que tinha?
Definitivamente não fazia sentido.

—Tá afim de beber alguma coisa, Pogue? —Rafe me abraça de lado.

—Uma bebida ia cair bem —sorrio, erguendo meu olhar para ele.

—O que você quer beber?

—Alguma coisa forte, por favor.

—Tem alguma coisa te incomodando? —ele me olha, parecia pronto pra arrumar briga com qualquer coisa que pudesse me perturbar.

—Eu só tô um pouco nervosa —respondo. —Acho que me desacostumei a agir como uma Kook.

Rafe dá uma leve risada e balança a cabeça negativamente.

—Relaxa, Pogue. Uma vez Kook sempre Kook —ele faz um breve gesto com a mão, chamando um dos garçons que estavam passando. —Dois Manhattan's, por favor.

O garçom concorda com a cabeça e se afasta, então Rafe volta a me olhar.

—Você é tensa demais —ele adorava dizer aquilo para mim, isso eu tinha certeza.

Reviro os olhos e acabo rindo.

—Eu não sou tensa —debato.

—Com certeza não é —Rafe ironiza e me puxa para ele. —Nós vamos beber um pouco, dançar, e acredita em mim, eu vou fazer você se divertir.

—Vou acreditar em você, Kook —inclino um pouco a cabeça para o lado, observando rapidamente as pessoas ao redor antes de voltar a olhar para Rafe. —Você conhece as pessoas daqui?

—Algumas —ele olha para o lado e me puxa para baixo da varanda coberta que era coberta com várias flores, ali era um pouco mais reservado e longe de alguns olhares. —Tá vendo aquele velho com gravata borboleta?

—Uhum —acompanho com o olhar.

—Até ano passado ele fingia ir para o golfe todos os domingos para trair a esposa com o melhor amigo dele e...

—Espera aí —tento digerir uma fofoca demais para ser contada tão repentinamente. —Ele tem um melhor amigo, e trai a esposa dele com esse melhor amigo?

—Isso aí —Rafe prossegue. —Metade da cidade sabe, menos a esposa dele.

Contraio os meus lábios em uma linha fina, me segurando para não rir da história.

—Não precisa bancar a santa, eu já sei que você adora julgamentos e fofocas —ele incentiva.

Assim que eu o olho, acabamos rindo.

—Meu Deus, que coisa horrível —falo enquanto ria.

—E quer saber mais?

—A história piora? —ergo as sobrancelhas.

—Depende —Rafe tentava conter o próprio sorriso. —O melhor amigo do cara que fica com ele também fica com a esposa dele às escondidas. Você acha que isso piora a história?

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