Na quinta feira cedo, coelhão estava na minha porta, dizendo ele que pra começar a me treinar e que não iria ser sei lá o que piedoso, não entendi direito pois tava dormindo ainda, mas agora empacotada como um "bem bolado", vejo que ele não estava brincando.
- Calma lá rapaz, ainda nem tomei uma coca matutina, que energia é essa? - Falo recuando, estávamos num lugar que nunca vi pela cidade, era um campo florido, onde era tudo verdinho que parecia uma pintura, o céu azul que tinhas umas nuvens como algodão doce.
Ele não me responde ao invés disso finge que vai me socar, mas me dá uma rasteira, me prendendo no chão com uma chave de braço. Minha intuição é bater no chão, mas não quero perder fácil, mesmo que ele seja forte, pode ter um jeito de sair, então jogo minhas pernas envolta do seu pescoço e giro meu corpo pra baixo prendendo sua guela e me sentando em cima do seu corpo, imobilizo como eu posso suas pernas, mas antes que eu veja, já estava com falta de ar de novo e ele por cima.
- Desista. - Fala sério
- Não. - Falo com dificuldade, ele me solta com raiva
- Em outras circunstâncias você Morreria. - Ele me levanta de uma vez, me afasto.
- Se eu não achasse brecha! Você acha que o que ? Que eu batendo no chão um louco me soltaria? - Eu estava completamente frustada
Ele tá maluco?
- Pedia ajuda! Não faz mau! - Ah, agora eu entendi.
Dou risada e cato minha blusa de frio do chão, saindo dali, babaca, aonde eu tava com a cabeça de aceitar ser treinada com ele mesmo? Dentro da privada só pode, ideia de merda.
- Aonde você pensa que vai? - Ele aparece na minha frente, seu cabelo tava todo bagunçado, sua boca tava mais vermelha que o normal, acho que tava mordendo ela.
- Embora. - Desvio dele, mas ele aparece de novo na minha frente.
- Não.
- Você não manda em mim. - Então me virando, vou até ele e soco seu bíceps.
- Tá louca? - Segura meus pulsos com força, mas quando olha meus olhos seu aperto melhora. - O que foi, por que tá chorando? - Limpando minhas lágrimas, ele me olha esperando minha resposta.
- Não preciso de vocês, não preciso de você. - Falo baixo entre os soluços.
- Eu sei, desculpa. - Me sobressalto e ele me puxa pra um abraço, no qual me deixa surpresa e me faz chorar mais. - Foi difícil pra você, eu sei, tô orgulhoso que conseguiu matar ele. - Fazia carinho no meu cabelo enquanto dizia.
Quem é esse? Por que o Aszel não pode ser.
- Foi, mas não tô chorando por isso. - Levanto meu queixo, eu encontro seu olhar - Tô chorando por que eu matei uma pessoa e gostei, me senti poderosa, me senti forte, vocês não estavam lá. - Sorrio diante das lágrimas.
Mas ele não sorri, ao invés disso, respira fundo e me fala pra deixar disso de ir embora e voltar a treinar, pra então ficar mais forte ainda, seus movimentos então estavam mais calmos e dessa vez ele me ensinava, me dizia aonde por os pés e aonde doeria mais. Mas passamos horas mesmo foi nós desvios.
- Se você gosta de correr, então é rápida. - Falou depois da quinta vez que eu caí com um bandão dele.
- Eu gosto de correr.. mas... Tenho noção das horas e descanso também, não paramos... - ofego, no chão.
Ele então se joga do meu lado e olha pro fim da tarde comigo, o céu tava uma mistura de paletas de cores, eram tão bonitas, os pássaros voando e tudo em volta, aos poucos, não tô conseguindo ver tanta beleza nisso, sinto que a qualquer segundo vou perder minha essência, me pergunto se vou amar a mim mesma depois disso. Alguns pensamentos me rondam, virando o rosto pro lado vejo que o coelho dormiu, não entendia nada sobre ele, ou o que ele queria, mas algo, me chamava nele, algo me deixava atordoada, irritada e... Atraída.
Por que eu não sei, me lembrando disso, tenho o flashback do beijo da Celeste, como seria beijar ele? Seria tão bom quanto? E... Beijar o Miguel? Bato na minha boca diante dos pensamentos, que loucura pegar os três, o que será que os outros pensariam? Mais eles tinham que pensar em algo? Não. Não tinham, a vida era minha afinal, eu não tenho compromisso com ninguém e sou livre, se um homem beija várias e comemoram pelo "garanhão" por que eu beijando vários deveria ser motivo de se chamada de "puta"? Não faz sentido. Então me lembro do quanto o machismo tá presente em tudo, principalmente com ela, Lilith, eu sou uma Lilith.
Me colocando no lugar, não aceitaria também, ele queria sexo, Lilith tinha o poder da escolha do não, mas ela foi a punida, não ele, dou uma risada baixa, aquilo era tão absurdo, até hoje é, salários menores por conta de gênero, com mesmo cargo, tratamentos diferentes e muito mais. Não sou um objeto sexual, não sou empregada, não sou uma propriedade.
Decido comigo mesma que quando eu for rainha mesmo, vou mostrar como se doma, homens não se passam de cachorros, que vão ser adestrados, eles sim vão me servir como uma deusa, vão me vangloriar e eu userei eles, é isso que merecem, sem direitos iguais, sem tratamentos iguais, são minhas regras... não, essas vão ser minhas ordens.
Aproveito que tô deitada, chego mais pra longe dele e volto a fazer abdominais, um após outro, eu tinha que ser quem eu quero que seja, não preciso me perder e sim me encontrar, encontrar minha eu, não é um poder, um nome, um cargo que vai me fazer e sim eu mesma, quero ser temida, quero mostrar que o que ela começou ainda não acabou, nem que pra isso, tenha que sofrer mais ainda.
Preciso ser forte, mulher, não aceitar não, mostrar que não devem me tratar como criança, o dia já vai chegar e eu mais que ninguém devo me preparar, por que sim, eu me aceitei, por mais errado, por mais perigoso que seja, Adão não perde por esperar, eu sou a nova Lilith e quero ouvir seu grito de dor junto com meu nome da sua boca, quero que sofra pelo o que fez com Lilith, isso por que não sei nem toda história.
Mas essa sem dúvidas vai ser a história de como eu me tornei a maior vilã do mundo.
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MEU AZARADO DESTINO! FINALIZADO!!!
AventuraImagine você fazer 18 anos e seu mundo virar de cabeça pra baixo? Pessoas começaram a aparecer dizendo sem parar que você deve morrer? Você aceitaria? Aceitaria largar tudo e mudar quem você é pelo futuro? Venha conhecer a história de Yully e embar...