Capítulo 12.

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LC.

Ajeitei o fuzil no peito e a glock na cintura após pegar a sacola e saí da minha goma, indo de moto pro barraco da ruiva.

Bati pra caralho no portão depois de descer da moto e nada de alguém vim abrir essa porra, toda vez essa merda.

Ana: Que impaciência é essa, mano? Quase derruba essa porra.-Falou bocejando depois de abrir o portão e deu espaço para eu entrar.

-Cê reclama pra caralho que eu quase nunca tô vindo ver vocês e quando venho demora mó tempão, pô.-Dei um tapa na nuca dela e ela me empurrou pra dentro.

Ana: Tá com fome?-Perguntou fazendo um coque no cabelão dela.-Tô fazendo uma omelete brabona.

-Pô, nem tava.-Dei de ombros.-Mas já que você tá insistindo...-Deixei a sacola na mesa e ela riu.

Safira: Tio Lucca.-Falou com a voz dela fininha, mó felizona.

-Qual a boa, neguinha?-Abaxei e peguei ela colo, sentindo ela me abraçar.

Safira: Você não tem nada pra mim?-Perguntou colocando a mão na cintura quando eu coloquei ela de volta no chão.

-É por isso que tu fica feliz toda vez que venho?-Semicerrei os olhos e ela sorriu tímida.-Tenho sim, pô.-Respondi e peguei a bebê reborn que comprei pra ela na sacola.

Safira: Eba.-Pegou já abrindo.

Ana: Como fala, dona Safira?-Desligou o fogo, e encarou ela.

Safira: Brigada, tio Lucca.-Sorriu e eu só balancei a cabeça.

-Cadê o Khalil?-Perguntei pra ruiva que tava arrumando a mesa.

Ana: No quarto dele, eu acho. Ô KHALIL, O LUCCA TÁ AQUI.-Gritou e logo ouvimos os passos dele nas escadas.

Falar pra tu, o menor é a cara do Negão. A Safira também, mas ele chega a ser tipo bagulho de reencarnação mermo de tão parecidos, ele tem a pele mais clara, mas tirando isso é o Negão todinho.

Meu mano foi, mas deixou o menor pra não ser esquecido.

Fiz um toque com ele e dei o carro elétrico que comprei pro mesmo.

Khalil: Valeu, tio.-Colocou no chão.-E quando vai ser aquela glock?

-Não vem com esse papo de novo não, carai.-Bufei.-Já falei que tu tem que estudar e pá, esquece isso nego.

Tem uma lojinha de brinquedo na entrada da favela, ele quer porque quer que eu compre uma glock que vendem lá pra ele, a Ana se recusou e ele apelou pra mim, não aceitei legal também.

Mesmo que seja de brinquedo, é assim que os pivete começam a pegar gosto pelo bagulho. Sem contar que ele já me mandou um papo cabreiro uma pá de vezes, falando que quando for adolescente vai querer entrar pro movimento.

Isso porque ele tem seis anos, quase fazendo sete só. O quanto eu puder tá fazendo pra impedir isso, eu vou.

Khalil: E eu já falei que é chato, tio.-Bateu o pé no chão.

Quando eu ia responder a Ana voltou com um pratão de omelete e olhou pra gente com a sobrancelha franzida.

Ana: Tá tudo bem por aqui?

-Tá, pô.-Ela olhou pro Khalil que tava com a cara emburrada, ele pegou o carro dele e foi pro quarto.

Bati um rango maneirão e depois de ajudar a ruiva com a louça, me despedi deles e meti o pé pra boca.

Ih, tava rolando mó burburinho entre os marmanjo que faziam a contenção daquela área, desci da moto e cheguei mais perto, fazendo eles pararem de falar.

-Qual foi, pô? Quê que tá pegando?-Encarei eles.

Y2: A gente tá falando daquela pretinha, pô.-Apontou com o queixo e eu vi a Mariana lá na lanchonete da dona Duda, tava com um short jeans que deixava o bundão dela mó grande e um cropped, visão foda.-Se a gente pegar faz estrago hein.-Esfregou as mãos.

-Eu que vou fazer estrago em vocês se não voltarem pros vossos postos, agora caralho.-Falei e eles se afastaram em dois tempos.

Entrei na boca e fui me sentar na minha cadeira, uma piveta saiu da sala onde vendem as drogas e eu mandei ela parar.

-Tu tem que idade?-Perguntei vendo ela tentar esconder o pacote de cocaína.

-Dezesseis.-Respondeu e eu olhei nos olhos dela, esperando ela mandar a real.-Doze, mas eu juro que não roubei.

-Jaé, quanto você pagou?

-Cem reais.-Falou e eu peguei uma nota do mesmo valor e coloquei na mesa.

-Coloca o pacote aqui e não volta aqui até ser de maior, morô?-Ela fez que sim com a cabeça e colocou o pacote na minha mesa antes de pegar o dinheiro sair correndo.

Levantei e abri a porta da sala de vendas no puro ódio, a porta chega bateu na parede e causou um puta estrondo, fazendo o Wendel saltar de susto na cadeira onde tava.

-Engraçado que vender droga pra criança não te assusta, mas uma porta batendo na parede sim...-Falei me encostando na parede com os braços cruzados na altura do peito.

Wendel: Quem falou isso, chefe?-Negou com a cabeça freneticamente, atitude que só os mentirosos têm.-Mentira pô, eu...

-PARA.-Gritei, fazendo ele calar.-Não adianta procurar desculpa.-Me fala um bagulho rapidão, você lembra da segunda regra que eu estabeleci?

Wendel: Sim, não vender droga menor de idade.-Engoliu em seco.-Me perdoa chefe, juro que...

-Que Deus ou diabo te receba de braços abertos, Wendel.

Wendel: O que isso signifi...-Tirei a glock da cintura e mirei na garganta dele, disparando duas vezes.

Tirei a minha blusa da Calvin Klein boladão mermo, custou o olho da cara e agora tá cheia de sangue. Puta que pariu.

Nosso Reinício. ‐ Livro II Onde histórias criam vida. Descubra agora