Capítulo 47.

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Mariana.

Mordi o meu lábio inferior em sinal de nervosismo, já se passaram mais de trinta minutos e o Lucca ainda não voltou.

Desci do carro e dei uma olhada no mato pra ver se conseguia ver algo, não vi porra nenhuma.

-Deus, não tira ele de mim por favor.-Juntei as mãos e pedi baixinho ao me sentar do lado de uma árvore, sentindo os meus olhos se encherem de lágrimas.

Fiquei uns dez minutos aqui fora do carro, na esperança de ver ele vindo e NADA. Na minha cabeça já passou todos os nossos momentos juntos como se fosse um filme.

Arrumei forças da puta que pariu pra conseguir me levantar, e comecei a caminhar em direção ao carro com a visão completamente embaçada pelas lágrimas.

-Tu é teimosa pra caralho, papo reto.-Escutei a voz dele e parei de andar.-Eu falei pra tu meter o pé depois de vinte minutos e mermo assim tu ficou?

Me virei, e já corri na direção dele rindo à beça. Me joguei em seus braços, fazendo a gente cair naquela chão imundo e ele soltou um grito.

Lucca: Meu ombro, preta.-Me afastei rapidamente e olhei a camiseta dele cheia de sangue, e com um furo.-Fica sussa, pô.-Falou ao ver o meu olhar preocupado.-A maioria do sangue é do maldito do Alves.

-Ele tá...

Lucca: Morto?-Assenti.-Infelizmente né, já tava imaginando altas torturas pra ele, só matei porque chegou um momento em que era eu ou ele.

-Eu fiquei com tanto medo de te perder.-Juntei as nossas testas, fazendo o meu nariz tocar no dele.

Lucca: Eu tô aqui agora, pô.-Passou a mão no meu rosto, limpando a lágrima que caiu.

-Eu te amo.-Falei olhando em seus olhos e ele sorriu.

Lucca: Eu te amo, minha preta.-Beijou a minha testa e eu ajudei ele a se levantar.

Ele entrelaçou os nossos dedos e fomos pro carro. Tive que dirigir porque ele tava com o ombro todo fudido.

Assim que chegamos na favela eu parei no postinho da primeira rua e enquanto ele tava sendo atendido eu já liguei pras meninas e pro Ht, que não demoraram pra chegar.

Drika: Eu fiquei tão assustada por ti.-Falou no meio do abraço e eu senti a lágrima dela caindo no meu ombro.

Ana: Graças a Deus você tá bem.-As duas me apertaram em seus braços e eu sorri mó feliz.

Pra mim lar não é o lugar onde eu moro, a minha concepção de lar é perto de todas as pessoas que eu amo.

Ht: Chega pra lá vocês duas.-Puxou a Ana e a Drika.-Que bom que tu tá bem, Marimari.-Me abraçou apertado e eu abracei ele na mesma intensidade.

Quando ele foi me soltar me deu uma tontura e eu quase caí antes dele me pegar e colocar sentada.

Drika: Cê tá bem, amiga?

-Eu tô, deve ser porque eu fiquei dois dias sem me alimentar.-Respondi e a enfermeira veio me chamar pra cuidar dos meus ferimentos.

Eu tava louca pra ver a minha mãe. Depois que saí do postinho falei pro Lucca que ia pra casa dele depois de ver como ela tava.

Bati no portão e a enfermeira que tá cuidando dela abriu, cumprimentei ela com dois beijos no rosto e em seguida ela deu passagem pra eu entrar.

Lúcia: Até que enfim a bonita apareceu, por que cê não atendia as minhas ligações?-Tava puta e com razão, mas se ela soubesse o que rolou...

-Desculpa mãe, eu tava muito ocupada com a clínica e acabava esquecendo de ligar de volta.-Menti, achava desnecessário preocupar ela por algo que já passou.

Lúcia: E o que é tudo isso?-Apontou pros curativos nos meus pés e nos meus pulsos.

-Escorreguei nas escadas do meu apartamento, tava com os pés molhados.-Falei a primeira coisa que veio na minha mente.

Lúcia: Aí não né, filha?-Negou com a cabeça.-Eu sempre falo pra você não andar descalça quando tá com...

-Os pés molhados.-Completei fazendo ela rir.-Eu sei, foi um descuido mesmo.-Finalizei antes de abraçar ela fortemente, abraço de mãe é coisa de outro mundo.

Fiquei mais um tempinho com ela e depois fui pra casa do Lucca.

Ele cuidou de mim mesmo com o ombro todo fudido, me deu banho, lavou meu cabelo, escovou meus dentes, me secou, me vestiu e até comida na minha boca ele queria dar.

-Eu consigo comer sozinha, amor.-Tomei a quentinha da mão dele e comecei a comer a feijoada.

Lucca pegou na minha mão livre e beijou ela, depois de arrumar uma posição confortável pra deitar do meu lado.

Terminei de comer e levei a embalagem marmitex lá pra baixo, antes de voltar a subir pro quarto.

Apaguei as luzes e liguei o ar condicionado, em seguida deitei do lado dele, que me puxou pros seus braços e subiu a coberta até os meus ombros.

Nosso Reinício. ‐ Livro II Onde histórias criam vida. Descubra agora