Capítulo 56.

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Mariana.

-Meu Deus.-Soltei um grito agudo, sentindo o meu coração doer e a minha visão embaçou por conta das lágrimas.

Escondi o rosto na almofada, tentando suprimir o som do meu choro e o Lucca sentou por trás de mim na cama do hospital, me fazendo deitar a cabeça em seu peito.

Lucca: Tudo isso é minha culpa.-Falou baixo e senti sua lágrima molhar o meu ombro.

-Não é não, é minha.-Funguei.-Com certeza é castigo por ter cogitado abortar os meus filhos.

Lucca: É minha culpa, Mariana. Tudo isso aconteceu por causa dessa merda de vida que eu levo. Meus filhos ainda nem nasceram e já estão pagando pelos meus pecados.

-Eu não vou mais poder ser mãe.-Falei olhando pro nada.-Eu passei tanto tempo desejando isso, que acabou por acontecer.-Solucei sentindo uma dor fora do comum.-Tá doendo, amor.

Lucca: Pra ser mãe não precisa gerar, minha preta.-Falou massageando o meu couro cabeludo com a ponta dos dedos.-A gente pode adotar.

-Eu não quero perder os nossos bebês.-Passei a mão na barriga.-Não abandonem a mamãe, por favor.-Fechei os olhos e senti o gosto salgado das minhas lágrimas.

Lucca: Eles não vão.-Colocou a mão por cima da minha e acariciou a minha barriga.-Vocês três vão ficar bem, eu juro.

-Se alguma vez você tiver que escolher entre a minha vida e a del...

Lucca: Não Mariana.-Me interrompeu.-A gente não vai ter essa conversa.-Balançou a cabeça em negação e eu passei a mão no rosto dele, secando suas lágrimas.-Eu vou sair do crime e tu vai pros Estados Unidos passar o resto da gravidez longe de toda maldade dessa porra de lugar.

-Como tu vai sair?

Lucca: Isso eu vejo depois que tu estiver dentro de um avião.-Acariciou o meu rosto.-A prioridade é a tua segurança, tua e das nossas crias.

-Eu não vou conseguir ter elas sem você lá comigo, amor.-Chorei baixinho e ele pegou no meu rosto, olhando dentro dos meus olhos.

Lucca: Eu juro que vou estar com você no dia do parto. Jaé?-Assenti com os olhos fechados e ele deu um selinho demorado nos meus lábios.-Eu te amo.

-Eu te amo.-Deitei a cabeça no peito dele e uma enfermeira entrou com uma bandeja cheia de comida.

{...}

Uma semana depois.

Lucca parou o carro no estacionamento do aeroporto e eu suspirei, sentindo a minha mão suar.

Minha mãe e a dona Paula se despediram dele e desceram do carro, dizendo que a gente precisava aproveitar esses últimos minutos que restavam sozinhos.

Tirei o cinto de segurança e fui pro colo dele, ajeitando as minhas pernas de cada lado do seu quadril. Ele encostou a testa dele na minha e deu um beijo no canto da minha boca.

-Não demora pra ir encontrar a gente, e não morre até lá.-Falei passando a mão no cabelo dele.

Lucca: Tu acha mermo que eu vou te dar esse gostinho?-Negou com a cabeça.-Tenho mais é que ficar vivaço pra jogar na tua cara que embranqueci a tua família, pô.

-Vai sonhando.-Dei risada.-Eu que vou escurecer a tua.-Falei e beijei a ponta do nariz dele.

Quando ele ia responder um vapor bateu no vidro do carro e o Lucca abaixou.

-Daqui dez minutos o avião decola, chefe.-Avisou e eu fiz biquinho quando ele se afastou.

Lucca: Tá na hora minha preta.-Me abraçou apertado e eu já fiquei com lágrima nos olhos.

Antes eu já chorava por tudo, grávida então tá punk.

-Eu te amo, meu branquinho.-Dei três selinhos em seus lábios e ele enfiou a mão nos meus cabelos, me beijando lentamente.

Lucca: Eu te amo, minha preta.-Sorriu.-E amo vocês também.-Levantou a minha blusa e acariciou a minha barriga, ainda sem volume, com cuidado por conta do meu curativo.

Voltei pro banco do carona e ele beijou a minha mão, abri a porta e dei tchau pra ele depois de descer.

O vapor que tem a ficha limpa pegou nas malas que a gente trouxe e eu peguei na mão da dona Paula e da minha mãe, entrelacei os nossos dedos e fomos pra dentro do aeroporto.

Hoje mais cedo rolou um churras de despedida pra mim, eu amei e já tô com saudade de todo mundo.

Evelyn vai cuidar da clínica durante a minha ausência. Ela é um anjo, só gratidão por Deus ter colocado ela no meu caminho.

Nosso Reinício. ‐ Livro II Onde histórias criam vida. Descubra agora