Capítulo 53.

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Mariana.

Parei o carro quando o sinal fechou e bati as minhas unhas no volante, esperando impacientemente que o sinal abrisse logo.

É hoje que eu vou realizar o aborto.

Infelizmente o Lucca está em uma reunião muito importante da facção e não deu pra ele vir comigo. Ele até pediu pra eu esperar até amanhã quando ele estivesse livre, mas eu não quero esperar nem mais um dia.

Até pensei em chamar as meninas ou a minha mãe, mas aí eu ia ter que contar o que rolou comigo nos Estados Unidos. Isso tava fora de cogitação pra mim, quanto mais pessoas soubessem mais eu ia lembrar.

Avancei com o carro quando o sinal abriu e quando olhei pelo retrovisor tava um carro praticamente colado no meu. Mordi o meu lábio inferior em sinal de nervosismo e respirei fundo.

-Se acalma, Mariana. É coisa da tua cabeça.-Saí da estrada e entrei numa rua perto do consultório da doutora Jade, o mesmo carro continuava atrás de mim. É muita coincidência.

Peguei o meu celular, dividindo a atenção entre ele e a rua, e quando entrei no whatsapp fui na minha conversa com o Lucca.

Tirei uma foto da placa do carro, discretamente e mandei pra ele. Em seguida pressionei o dedo naquele negócio de gravar áudio antes de começar a falar.-Amor, eu acho que tô sendo segu...-Parei de falar e o meu celular caiu no chão quando um carro surgiu na frente do meu e bateu com tudo, fazendo eu bater a minha cabeça no volante.

Levantei a cabeça passando a mão na testa, que tava sangrando horrores, e olhei coisa de dois homens saindo do carro de frente e outros dois no de trás.

-Pensa, Mariana, pensa!-Meu celular da Samsung vibrou.-É isso.-Peguei ele e coloquei no modo silencioso depois de ativar a localização e partilhar com o Lucca.

Dobrei rapidamente o celular e abaixei, escondendo dentro do meu sutiã. Foi só o tempo de eu levantar que um deles apontou uma arma pra mim através do vidro e mandaram eu destravar as portas do carro.

Destravei e eles abriram as portas, me puxando tão forte que eu caí no chão e ralei as mãos.

Antes mesmo que eu pudesse me levantar um cheiro forte chegou às minhas narinas e meu corpo foi atingido por um cansaço repentino.

{...}

Acordei com uma mão acariciando o meu rosto. Abri os olhos e me afastei rapidamente, olhando pro cara agachado na minha frente.

-Onde que eu tô? Quem é você?-Olhei em volta.

Eu tava em um lugar totalmente escuro, com um cheiro horrível de mofo e deitada em um colchão que mais parecia pedra. O chão e as paredes cheias de grafites eram de concreto.

-Quê isso, Mariana.-Abriu um sorriso sinistro.-Tu não lembra de mim?

O que dá nesses caras pra fazerem perguntas tão estúpidas?

-Se eu perguntei, decerto não.-Revirei os olhos.

-Espero que eu tenha mudado pra melhor então.-Piscou pra mim.-Jp, pô.

Arregalei o olho.

-O que eu tô fazendo aqui?-Engoli em seco.

Jp: Pra ser sincero eu queria usar tu pra atrair o LC até aqui, aí eu ia te matar na frente dele e depois jogar truco com o Júlio, quem vencesse ia matar ele.-Falou por fim.

-Fãs encubados.-Suspirei frustrada.-Entra na fila dos que querem matar ele.

Jp: Eu tinha me esquecido do quão gostosa tu era, na moral mermo.-Passou a mão no pau por cima da calça e eu me segurei pra não vomitar.-Mudei de ideia, agora eu vou te usar pra matar o LC e ficar contigo.-Concluiu e veio se aproximando de mim.

Fui me afastando e as minhas costas bateram na parede.-NÃO ENCOSTA EM MIM.-Gritei e ele pegou na minha perna e me puxou pra baixo, deitando em cima de mim logo em seguida.

Virei o rosto quando ele tentou me beijar e ele soltou uma risada que ecoou no lugar.

Jp: Eu gosto é das mais difíceis como tu mermo.-Apertou o meu rosto e me beijou à força.

Mordi o lábio dele com toda minha força, fazendo sair sangue e os olhos dele ficaram totalmente escuros antes dele levantar a mão e virar um tapão no meu rosto.

Senti o meu rosto arder e passei a mão, deixando algumas lágrimas escaparem dos meus olhos.

Jp: Perdeu a marra?-Falou perto do meu ouvido e eu funguei.-Gostosona, pô.-Foi subindo a minha blusa e eu fechei os olhos, pedindo a Deus pra me ajudar.

Quando ele fez menção de tocar nos meus peitos, a porta do foi aberta e o cara que entrou veio puxando o Jp e jogou ele no chão.

Abaixei a blusa rapidamente e sequei as minhas lágrimas, me encolhendo em um canto.

-Tá doido, caralho?-Bufou alto.-Era pra tu ter me avisado que essa daí já tinha sido pega.

Jp: Calma lá Alves júnior.-Debochou se levantando.-Agora tu sabe pô.-Foi até à porta e piscou pra mim antes de sair.

O cara olhou pra mim e abriu um sorriso orgulhoso, ele me lembrava alguém. Era loiro e tinha olhos verdes, só não consigo lembrar quem.

-Desculpa a minha má educação, sou o Júlio.-Se abaixou na minha frente.-Júlio Alves.-Falou e eu engoli em seco.

Minha mão foi automaticamente pra minha barriga, eu só quis proteger o meu bebé de tudo aquilo.

-Você é filho do...

Júlio: Sim.-Me interrompeu.-Era né.-Deu de ombros.-Fiquei sabendo que o teu namoradinho matou ele.

-É marido.-Corrigi.

Ele levantou e virou um chute no meu rosto, fazendo eu bater a cabeça na parede.

Júlio: Manda um beijo pro meu pai, filha da puta.-Tirou um revólver do quadril e apontou pra mim, destravando.-Você deseja que eu mande algum recado pro LC?-Perguntou e a porta do lugar foi aberta.

Uma lágrima de alívio desceu no canto do meu olho ao ver o Lucca, ele fez sinal pra eu ficar em silêncio e apontou o cano da glock na nuca do Júlio, que travou com o dedo no gatilho.

Lucca: Na tua próxima vida quando tu for matar alguém, não perde muito tempo falando pra caralho.-Finalizou e os dois puxaram o gatilho ao mesmo tempo.

Júlio caiu pro lado sem vida quado a bala saiu por sua garganta e quando eu ia abrir a boca pra falar, tudo que saia era sangue. Olhei pra baixo, sentido uma ardência na minha barriga e a minha blusa branca ficou completamente vermelha.

Lucca: NÃO!-Gritou e veio correndo na minha direção.

Nosso Reinício. ‐ Livro II Onde histórias criam vida. Descubra agora